Os Lugares do Retrato e Os Românticos de Cuba

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Fazendo alusão à letra de um bolero composto por Rita Lee e Roberto de Carvalho, nos anos 1980, “Românticos de Cuba” foi aberta na última quarta-feira, 27 de março, no Museu da UFPA. A exposição é de Walda Marques, fotógrafa convidada especial da 4ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que nesta terça-feira, 2 de abril, participa de um bate papo, a partir das 19h, lá mesmo no MUFPA. Entrada franca.

Em 2014 ela vai completar 25 anos de carreira e vai conversar com o público sobre as motivações que a levaram para o campo da fotografia, seu trabalho de estúdio e seu envolvimento especial com a poética do retrato. Na oportunidade falará também sobre a série inédita e exclusiva em cartaz até dia 26 de maio.

“Walda Marques foi a Cuba e fotografou lugares e pessoas que podiam estar juntos de nós. Uma mercearia com senhores conversando poderia estar no Bairro da Campina. Uma moça vendendo pastel estaria também em São Braz nos arredores da rodoviária. Os vestidos de noiva certamente estiveram em alguma esquina da 28 de Setembro dos anos 70”, escreve o curador Mariano Klautau Filho, apresentando a exposição.

“Eu sempre tive vontade de ir a Havana, não pela questão política, mas para conhecer de perto cultura do lugar. Fiquei encantada com a música e todas as outras vertentes culturais do país, com as quais já tinha muita identificação. Quando cheguei lá, me senti em casa”, diz Walda.

A exposição reúne 15 fotografias. São ambientes residências e comerciais onde, ora podemos imaginar seus moradores, ora os vemos intrínsecos a eles. Há ainda algumas vitrines, carros antigos.

“A artista transforma o ambiente em retrato e o retrato na dimensão espacial do lugar. Temos a mesma energia para a paixão e uma história cultural muito próxima. Em Belém temos um Brasil caribenho que, a duras penas, mantém seus vestígios”, complementa Mariano.

“É tudo muito parecido comigo, com a minha casa”, compara Walda, que mora em uma casa antiga, decorada com inúmeros móveis e objetos que bem poderiam pertencer a uma residência cubana. Cuba nos traz fortes influências culturais. Fui como turista e aproveitei a oportunidade para andar pela cidade e fotografar. Bati na porta da casa das pessoas e pedi pra entrar”, lembra Walda.

“A passagem breve de Walda por Havana e outras cidades de Cuba nos trouxe a suavidade dos gestos e das expressões e uma sensação de já ter estado naqueles lugares ou reconhecido aquelas pessoas em nossos tios, amigos ou vizinhos. Na elegância discreta de um movimento rápido do olho que só a fotografia pode nos dar”, finaliza o curador.

Walda Marques iniciou na fotografia em 1989, participando de oficina do fotógrafo Miguel Chikaoka na FotoAtiva. Em 1993 participou do Salão Paraense de Arte Contemporânea e no mesmo ano das coletivas “Fotografia construída”, no Museu Lasar Segal e “Fotografia Brasileira Contemporânea”, no SESC – Pompéia, SP.

Em 1994 realizou sua primeira exposição individual “Maria tira a máscara que eu quero te ver”. Em 1998, ganhou o prêmio CCBEU com “A estória de Bernadeth” e com o “O Homem do Hotel Central” ganhou prêmio ABRA-Coca-Cola, SP. Participa, desde 1992, de várias edições do Salão Arte Pará como artista selecionada, premiada e convidada especialmente nas edições de 2006 e 2009.

Em 2005, fez parte do Panorama de Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo. Publica as fotonovelas “O Homem do Central Hotel” em 1998 e “A Iludida” em 2004 e o livro “Lembranças” em 2009.

A fotógrafa também possui trabalhos em acervos como “Fotografia Contemporânea Paraense – Casa das Onze Janelas” em Belém e “Coleção Pirelli/MASP de Fotografia” em São Paulo.

Serviço

“Os Lugares do Retrato – Uma conversa com Walda Marques”. Nesta terça-feira, dia 02 de abril, às 19h, no Museu da UFPA, com entrada franca – Av. Generalíssimo Deodoro, esquina da Gov. José Malcher.

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