Rubem Fonseca: a despedida daquele que inspira

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-> Inscrições prorrogadas até 25/05. Saiba mais AQUI.

Em 2020, no ano de sua 11ª edição, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia buscou inspiração na literatura, mais especificamente na literatura de Rubem Fonseca. “Vastas emoções e pensamentos imperfeitos”, título de um dos seus romances, tornou-se a proposição feita pelo projeto aos artistas. Na última quarta-feira (15), faleceu o escritor que é um dos maiores nomes da literatura nacional. O Diário Contemporâneo, que segue com inscrições abertas até 30/04 pelo site www.diariocontemporaneo.com.br, busca manter a inquietação do autor sempre presente.

Romancista, contista, ensaísta e roteirista, Rubem Fonseca nasceu em Minas Gerais, mas foi no Rio de Janeiro que construiu sua carreira. “Feliz ano novo”, “A Coleira do Cão”, “O caso Morel”, “Lucia McCartney”, “O Buraco na Parede” e “Agosto” são algumas das suas obras mais famosas e que tornaram-se clássicos da literatura nacional, principalmente as de viés policial.

“É com profundo pesar que o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia recebeu a notícia do falecimento do escritor Rubem Fonseca. Aos 94 anos, ele parte deixando um legado gigantesco como um dos maiores autores do país”, disse a nota oficial do Diário Contemporâneo.

A obra “’Vastas emoções e pensamentos imperfeitos’ fala essencialmente das fronteiras da ficção, em que a narrativa é constantemente atravessada pela presença do cinema na vida mental do protagonista e, portanto, tornando-se uma ferramenta de deslocamento poético para a vida real. Fica aqui a homenagem do projeto e as condolências aos amigos e familiares”, finaliza o texto.

Em 2020, ano marcado por tantas incertezas e tão vastas emoções, as palavras de Rubem servem de pontos de partida para reflexões sobre sociabilidade e dinâmicas de vida contemporâneas. Existência, solidão, vivência e tensão também estão presentes na obra que traz como protagonista um cineasta-narrador-flâneur que em seu anonimato conduz o leitor para dentro da multidão.

“Estava sozinha em casa quando sentira, no meio da noite, uma vontade irrefreável de ver gente. Entrou no primeiro lugar que viu aberto”, em tempos de introspecção e distanciamento social, a passagem da personagem Ellen é o desejo de todos.

A inquietação do habitante urbano presente em “Vastas emoções e pensamentos imperfeitos”, de Rubem Fonseca é, mais do que nunca, viva na atualidade.

SERVIÇO:  O 11º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia segue com inscrições abertas. Contatos: (91)98367-2468 e diariocontemporaneodfotografia@gmail.com. Edital e inscrições no site:  www.diariocontemporaneo.com.br. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar.

Experiências mais compartilhadas: Entrevista com Mariano Klautau Filho

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-> Inscrições prorrogadas até 25/05. Saiba mais AQUI.

Três prêmios de residência artística e uma mostra coletiva com a curadoria convidada de Rosely Nakagawa. É assim que o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inicia a convocatória para a sua 11ª edição. Depois de completada uma década de atuação, o projeto decidiu propor experiências do pensar e do fazer artístico mais compartilhadas. As inscrições estão na reta final e seguem abertas só até o dia 29 de março, realizadas pelo site http://www.diariocontemporaneo.com.br/inscricoes/.

O tema deste ano vem buscar a provocação para o artista na literatura. “Vastas emoções e pensamentos imperfeitos” é uma referência direta ao título do romance de Rubem Fonseca.

Belém, Pará, Brasil. Cultura. Mariano Klautau Filho (Curador e coordenador Geral do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia). 27/02/2020. Foto: Irene Almeida.
Mariano Klautau Filho, curador e coordenador geral do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Foto: Irene Almeida

Um livro que, nas palavras de Mariano Klautau Filho, curador do projeto, “fala essencialmente das fronteiras da ficção, em que a narrativa é constantemente atravessada pela presença do cinema na vida mental do protagonista e, portanto, tornando-se uma ferramenta de deslocamento poético para a vida real”.

Literatura e cinema atravessam a fotografia e a levam para as possibilidades do contemporâneo em uma fluidez de linguagens e significações.

Confira a entrevista com o curador:

P: O livro de Rubem Fonseca é mencionado por muitos leitores como uma história frenética. Como você vê isso relacionado com a contemporaneidade, a arte e a comunicação imediatista dos dias atuais?

R: O livro e, especialmente o seu título, é uma provocação ao artista. Não é preciso ler o romance ou investigar profundamente seus significados. Se o artista puder fazer isso, ótimo. Se não, ele poderá ficar com o efeito imaginativo e plástico que o título pode evocar, pois ele é bastante intenso.

O romance tem uma narrativa de certa forma veloz, mas não é isso que importa muito e sim, o fato de que o protagonista é um cineasta que está o tempo todo vivendo imaginativamente no limite entre imagem e texto, roteiro cinematográfico e realidade, ou seja, alguém imerso na experiência da ficção.

P: O que seriam estas vastas emoções?

R: Prefiro que o artista reflita sobre e faça do seu trabalho uma experiência emocional intensa. Não sei o que significa exatamente “Vastas Emoções” mas a expressão me sugere intensidade, paixão ou até uma certa grandeza do sentimento humano.

Cada artista pode interpretar do seu jeito, assim como a ideia de um pensamento imperfeito é muito sedutora no sentido de que faz parte da humanidade pensar, refletir, errar, acertar, pensar, debater, refletir infinitamente como um exercício contínuo.

P: O protagonista sonha sem imagens. Hoje o nosso mundo é extremamente visual. Seria essa uma forma de neutralizar o que está ao redor e se concentrar nas imagens que estão dentro de nós apenas esperando para se materializar?

R: Essa é uma boa ideia. Pensar um mundo sem imagens, mas como pensá-lo sendo um artista visual? Por outro lado, o personagem imagina muitas coisas e foge de uma série de eventos em que a realidade se mistura com suas imaginações. Enfim, a provocação é bem aberta, é uma experiência com o caráter visual da palavra e das expressões.

P: Ano passado, o projeto completou uma década de atuação. Foram realizadas diversas experiências e formatos ao longo destes 10 anos. O que traz, então, este novo ciclo?

R: Traz basicamente uma curadoria convidada (Rosely Nakagawa) que irá assumir a construção e a narrativa da grande mostra. Traz também os prêmios dedicados exclusivamente às residências artísticas porque queremos centrar o foco na formação do artista sem precisar exigir dele um resultado, mas propor um processo.

E mais: uma comissão científica para pensar de modo organizado o conceito da programação de palestras, oficinas e encontros com pesquisadores, levantando alguns temas da arte em diálogo com outros campos.

P: O projeto está propondo experiências mais compartilhadas. Fale um pouco sobre as residências neste sentido.

R: Como falei anteriormente, é o sentido processual e de formação que nos interessa quando propomos as residências.

A conversa que os artistas residentes terão com o público ou todo o tipo de trabalho em processo que poderá ser gerado nos coloca em contato com a arte como pesquisa e conhecimento. É isso que queremos estimular no artista, que pense em seu processo, que pense sobre o que quer dizer no seu trabalho, que não só limite sua participação à exibição de trabalhos.

SERVIÇO:  O 11º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inscreve só até o dia 29 de março. Informações: Rua Gaspar Viana, 773 – Reduto. Contatos: (91) 3184-9310, 98367-2468 e diariocontemporaneodfotografia@gmail.com. Edital e inscrições no site:  www.diariocontemporaneo.com.br. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar.

O papel da fotografia e a temática da nona edição

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A temática da nona edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, “Realidades da imagem, histórias da representação”, propõe pensar na relação entre a arte e o seu contexto social. Qual seria o papel da fotografia diante da nossa realidade tão complexa? O projeto selecionará e premiará obras que proponham uma reflexão ampla sobre a prática social por meio da arte e o fazer artístico como expressão histórica. As inscrições seguem abertas até 13 de março. O edital com a ficha de inscrição está disponível no site www.diariocontemporaneo.com.br.

Pra Sempre, de Mirian Guimarães, artista selecionada em 2017

As múltiplas possibilidades que a fotografia abarca permitem não só uma experiência estética como também o desafio de representação do cotidiano e da sociedade. Mariano Klautau Filho, curador do projeto conta que o tema “surgiu da própria fotografia enquanto linguagem de embate e empatia com a realidade. A fotografia sempre foi tomada como um meio de aproximação com o mundo real no sentido social, mas essa questão é sempre mais ampla do que aparenta”, afirma.

As condições da sociedade brasileira, os problemas de cunho político, racial e de renda estão manifestos em muitas construções artísticas contemporâneas. Realistas ou não, essas produções tem o caráter de registro deste momento para uma memória.

Em seu artigo “A arte brasileira e a crise de representação”, o crítico de arte Moacir dos Anjos explica que, “é preciso lembrar que qualquer produção artística está sempre ligada, com menor ou maior evidência ou consciência, aos lugares e aos tempos vividos por seus autores. Aquilo que é inventado pelos artistas, ou mediado por suas subjetividades, sempre deixa transparecer, como sintoma ou como análise, a situação e o contexto específicos que lhe serve de chão e calha”.

A fala do especialista reforça a questão de que por mais universal que seja a mensagem do artista, ela sempre está ligada ao contexto que ele está inserido. “A resposta é perceber como o artista pensa isso por meio de sua posição no mundo e a gramática que ele escolhe para construir suas imagens do mundo”, explica Mariano.

Da série Balaclava de Randolpho Lamonier, selecionada na 5ª edição do projeto.

REPRESENTAÇÃO DO INIVISIVEL

Sujeitos presentes, sujeitos ausentes. Grupos invisíveis encontram na arte o seu lugar de fala. Moacir atenta, “ao se falar de crise de representação, fala-se, portanto, de uma situação em que os danos que uma dada partilha do sensível provoca ou condensa são finalmente explicitados. Situação em que se evidenciam, por vários meios, as desigualdades que moldam e que definem certo contexto social, fazendo que a alguns seja dado o poder de terem rosto e de terem fala, enquanto a outros são negados o direito à própria imagem e o de narrar suas histórias. E é diante desse entendimento amplo do que é representação e de como a arte potencialmente atua para questionar uma dada configuração hegemônica do que pode ou não pode ser figurado em um dado lugar e momento, que se pode pensar a ideia de uma arte que resiste. De uma arte que recusa a naturalização da invisibilidade social de determinadas questões, grupos sociais e entendimentos sobre o mundo. De uma arte que resiste à ideia de que as representações dominantes não podem ser questionadas e alteradas. Resistência que é entendida, assim, não como gesto passivo frente a uma força que acua, mas, paradoxalmente, como postura ativa de transformação”.

A fotografia é, então, o recorte de uma realidade complexa. Ainda assim, o olhar do artista traz um destaque, um realce daquilo que ele busca uma correspondência com a vida individual daquele que observa a sua imagem. Cada um responderá ao seu modo aos questionamentos trazidos pela temática da 9ª edição. “A fotografia é uma possibilidade de resistência assim como a arte. Aqui estamos falando também da imagem como modo de representação e posicionamento diante da história aqui e agora. O aqui e agora também inclui o fotógrafo em seu fazer artístico”, finalizou Mariano.

 O PRÊMIO

Além da fotografia Diário Contemporâneo abre espaço para propostas em vídeo, instalações, projeções e trabalhos que misturam suportes. Serão concedidos três prêmios no valor de R$10.000,00 cada, sendo dois deles na forma de bolsa para residência artística nas cidades de São Paulo e Belém. O artista poderá inscrever-se livremente e concorrer a qualquer um dos prêmios de acordo com a sua linha de trabalho. Serão selecionados no máximo vinte artistas, incluindo os três premiados.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é um projeto nacional realizado pelo jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu do Estado do Pará – MEP, do Sistema Integrado de Museus/Secult-PA e do Museu da UFPA.

SERVIÇO:  O IX Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inscreve até 13 de março. Informações: Rua Gaspar Vianna, 773 – Reduto. Contatos: (91) 3184-9310; 98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.