O olhar para os processos na oficina de Ana Lira

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Encerrando a programação formativa da 9ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, a fotógrafa e artista visual pernambucana, Ana Lira, ministrou a oficina “Entre-frestas”.

Foto: Irene Almeida

Ana ensinou a manufatura de cadernos que os participantes usaram como diários de trabalho. A diversidade cromática dos cadernos evidenciava o relacionamento com seus projetos. Tons claros, escuros, quentes, frios. Projetos parados, abandonados e por vir. “A ideia é tentar conectar sua temperatura de cor com os projetos que está desenvolvendo. A cor, a gramatura, o tamanho, tudo isso dialoga com a dinâmica que você está atualmente vivendo no seu trabalho. Tudo aqui é uma escolha sua, eu só sou o dispositivo”, explicou a facilitadora.

Entre costuras e tramas, textos de auxílio foram compartilhados. Ana apresentou o trabalho de Dan Eldon, fotógrafo de guerra que desde muito jovem usava o caderno como recurso de memória e comunicação. “Às vezes, é nessa revisão de cadernos que existe o start para um novo projeto ou para voltar a trabalhar em algo que foi abandonado e não desenvolvido”, disse.

Ela reforçou a importância de criar autonomia nos processos criativos para além das demandas do circuito artístico. Na ocasião, cada participante contou um pouco de si e de como lida com seus projetos, compartilhado anotações, desenhos, críticas e personagens.

Foto: Irene Almeida

No decorrer da oficina, Ana ainda propôs o exercício de mapas mentais para que cada participante pudesse investigar a origem dos seus processos e o que eles têm em comum, o que falam e as questões que trazem. “Nós precisamos observar em nossos trabalhos qual a temática de fundo que atravessa todos eles”, acrescentou.

Os últimos dias foram marcados pelo vídeo “O Evento Racial”, uma proposição da socióloga Denise Ferreira da Silva, assistido com os participantes e que ajudou a debater o circuito da arte, a produção de conhecimento, além das desigualdades sociais. “Cada experiencia está relacionada a uma dinâmica de mundo”, afirmou Ana.

Para pensar em como construímos nossas narrativas e nossas histórias ela sentou individualmente com cada participante, observando seus trabalhos e anotações. O que parecia uma leitura de portfólio tradicional, se mostrou uma conversa franca na qual novas reflexões foram trazidas e cada um teve novas perspectivas e questionamentos acerca do que vem desenvolvendo.

VISITAÇÃO

A exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da 9ª edição do Diário Contemporâneo. As obras ficam no Museu do Estado do Pará – MEP. Além disso, o Museu da UFPA recebe a mostra individual “Lapso”, com trabalhos de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto de Elaine Tedesco. A visitação segue até dia 15 de julho.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.