11º Diário Contemporâneo oferece três prêmios de residência artística

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alexaaleEm 2020, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia se abriu ainda mais para as possibilidades das experiências compartilhadas e trouxe todos os seus três prêmios deste ano no formato de residências artísticas. Elas e as mostras estão previstas para serem realizadas entre os meses de outubro e novembro deste ano. As inscrições para esta 11ª edição seguem abertas até 25 de maio, sendo realizas somente pelo site do projeto www.diariocontemporaneo.com.br.

Em 2018, o paraense Ionaldo Rodrigues ganhou no Diário Contemporâneo o então Prêmio Residência Artística São Paulo. Na capital paulistana ele foi acolhido por sua tutora, Lívia Aquino, parceira do projeto e que este ano volta como coordenadora da Residência Artística Farol, uma premiação coletiva com atividades a serem realizadas na Ilha de Mosqueiro. Esta foi a segunda experiência de Ionaldo que anos antes, em 2013, participou de outra vinculada a um edital da FUNARTE.

Baquirivu, de Ionaldo Rodrigues

“Passado algum tempo da realização dessas duas residências, acredito que o momento atual pede que a gente reflita sobre a possibilidade do formato de residência artística, mais do que favorecer a pesquisa e a experimentação, talvez sombreie dificuldades estruturais que enfrentamos na formação do artista e na crítica de arte. Considerando os ataques políticos e a mercantilização das universidades, assim como a precarização de instituições públicas que atuam no acesso à educação pelo sensível e na formação dos artistas, o espaço da residência artística pode ser um formato que mesmo valorizando o processo de trocas, acabe pondo na conta do “em processo” a grave crise que enfrentamos na base educacional e na consolidação da arte como instância relevante pra vida”, observou o artista.

Como observado por Ionaldo, não só a arte vem sofrendo grandes ataques, mas também o artista e todo aquele que busque as provocações e reflexões que a arte traz. Em tempos de coronavírus e isolamento social, o consumo de livros, filmes, músicas e outras produções culturais aumentou, mas isso não significa que os problemas foram superados. Muitas destas obras estão dentro de grandes plataformas de mídia e há pouca ou nenhuma intenção destas de promoverem debates sobre as obras. A lógica toda é baseada no consumo.

“Na prática, o que quero dizer é que o formato de residência artística pode facilmente se ajustar ao funcionamento da agenda de projetos, mesmo que esses projetos cada vez mais se fragilizem com o definhamento das instituições e dos artistas. O perigo é concentrar na agitação cultural um processo mais amplo e que deve ter cada elemento respeitado em sua natureza e temporalidade”, acrescentou Ionaldo mostrando que é preciso fortalecer o campo artístico com estratégias que incluem o pensar, o fazer e o debate não só do que é produzido, mas em que contexto que está inserido.

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ISOLAMENTO E INTROSPECÇÃO

Neste momento, estamos todos distantes uns dos outros visando a saúde da população. Alguns artistas estão produzindo muito, outros não conseguem produzir nada. Cada um tem um tempo, um processo e uma forma de reagir a tudo isso que está acontecendo. É possível pensar que residência artística pode ser potencializada mais ainda como um momento de encontros e trocas depois de tanto tempo de distanciamento e introspecção?

“Vejo no momento atual uma grande concentração de indefinições. A possibilidade colocada pela pergunta é uma visão esperançosa. Nela, depois do isolamento, o residente tem no deslocamento uma possibilidade de se distanciar ainda mais. Eu quero me juntar a essa visão otimista esperando que a gente, depois de tudo isso, ainda encontre uma forma de escutar melhor o que esse artista tenha para narrar”, finalizou.

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AS RESIDÊNCIAS

PRÊMIO RESIDÊNCIA ARTÍSTICA BELÉM – Destinado a um artista domiciliado fora do Pará. O premiado receberá uma bolsa para residir e produzir na cidade, sob a orientação do artista e pesquisador Alexandre Sequeira, por meio de seu projeto de pesquisa “Residência São Jerônimo”.

PRÊMIO RESIDÊNCIA ARTÍSTICA RECIFE – Destinado a um artista paraense atuante e/ou domiciliado no Pará por pelo menos três anos. O premiado receberá uma bolsa para residir e produzir na cidade de Recife/PE, sob a orientação da artista visual Ana Lira.

PRÊMIO RESIDÊNCIA ARTÍSTICA FAROL – Destinado a cinco artistas, dois paraenses e/ou residentes no Pará por pelo menos três anos e três de outros estados. Os premiados receberão uma bolsa para residirem e produzirem na Ilha fluvial de Mosqueiro/PA. Eles terão como atelier e local para hospedagem uma residência na Praia do Farol, além da orientação da artista Lívia Aquino.

SERVIÇO:  11º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia recebe inscrições até 25 de maio. Contatos: (91)98367-2468 e diariocontemporaneodfotografia@gmail.com. Edital e inscrições no site:  www.diariocontemporaneo.com.br. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática e patrocínio da Alubar.

RETROSPECTIVA – 2018: Realidades e representações

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O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia realizou em 2018 a sua 9ª edição. “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, temática escolhida, teve como objetivo selecionar e premiar obras que propusessem uma reflexão ampla sobre a prática social por meio da arte e o fazer artístico como expressão histórica.

Toda produção artística está ligada ao seu tempo e aos seus autores, sendo assim uma expressão histórica desde já. Por mais que a fotografia tenha alcançado o patamar de arte, abraçando a ficção, ela nunca deixou de ter relação com o mundo real. O que mudou foi a forma de se relacionar. O que antes tinha a obrigação de ser a cópia fiel da realidade, hoje se apresenta como um recorte dela, um olhar, uma possibilidade sensível que convida para ao diálogo.

Os artistas narram o mundo em que vivem. Ao acolher as diversas ideias, grupos e debates, o projeto reforçou a potência da arte em resistir e de se fazer presente no que estar por vir.

Terrane, de Ana Lira, artista selecionada

O JÚRI

Rosely Nakagawa, arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP/SP, integrou a comissão de seleção. Ela tem especialização em Museologia (USP) e em Semiótica da Comunicação (PUC/SP), além de atuar como curadora independente. Rosely inaugurou a programação da 9ª edição do com a conversa “Trajetória da curadoria de fotografia brasileira”, na qual falou sobre seu trabalho com os artistas da fotografia e sobre a valorização da atividade curatorial como um campo de reflexão sobre arte.  Ela ainda realizou o workshop “O livro como território de criação”.

Walda Marques também fez a seleção dos trabalhos. Ela iniciou na fotografia em 1989, nas oficinas de Miguel Chikaoka, trabalhou com maquiagem para teatro e televisão e, em 1992, fundou o estúdio W.O. Fotografia, em parceria com Octavio Cardoso. Walda foi a artista convidada da 4ª edição do projeto.

A mestre e doutora em Artes Visuais pelo PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS, com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web, Flavya Mutran, finalizou a banca.

ARTISTA CONVIDADA

Flavya Mutran, que atualmente é professora do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre (RS), onde vive desde 2009, foi a artista convidada da 9ª edição.

Redes, tecnologia, globalização. A internet se tornou uma grande enciclopédia virtual e a artista mergulhou nela em pesquisas que tem como foco desde a figura humana até o “apagamento” desta. Flavya apresentou trabalhos conhecidos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use reunidos na mostra “Lapso”.  Além disso, o público pôde conhecer mais sobre os seus processos em uma conversar realizada no Museu da UFPA.

Dá série DELETE.use. Foto: Flavya Mutran

PREMIADOS E SELECIONADOS

Pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apostou na residência artística. Dois dos seus três prêmios foram concedidos neste formato.

O paraense Ionaldo Rodrigues conquistou o Prêmio Residência Artística São Paulo com a sua pesquisa “C Nova Feira”. Ele propôs uma instalação com fotografias que registram uma feira na Cidade Nova fotografada por alguém a serviço da Companhia de Habitação do Estado (COHAB). Memória, patrimônio, esquecimento e política foram trabalhadas em suas poéticas.

O paulista Ricardo Ribeiro levou o Prêmio Residência Artística Belém. Seu trabalho vencedor, “Puxirum”, é um projeto iniciado em 2016 e tem lugar em São Pedro, uma comunidade de 120 famílias nas margens do rio Arapiuns, oeste do Pará. Suas imagens proporcionaram uma sensação de vida em suspensão, por acontecer. Uma exploração deste tempo e espaço tão frequentemente habitados pelo ribeirinho e tão fugaz para a maioria dos demais.

O artista plástico paulista Edu Marin Kessedjian teve a sua instalação áudio-fotográfica “Abrigo” contemplada com o Prêmio Diário Contemporâneo. O trabalho faz referência à vida que acontece nos hotéis de alta rotatividade do ‘centro novo’ de São Paulo. São espaços baratos, no geral ocupados apenas por algumas horas, pelos motivos mais variados.

Foram selecionados ainda Ana Lira (PE), André Penteado (SP), Camila Falcão (SP), Élcio Miazaki (SP), Emídio Contente (PA), Fernando Schmitt (RS), Fernando de Tacca (SP), Gabriela Lima (RJ), Ivan Padovani (SP), João Castilho (MG), João Paulo Racy (RJ), José Diniz (RJ), Marcelo Kalif (PA), Marcílio Caldas Costa (PA), Marco Antonio Filho (RS), Maurício Igor (PA), Natasha Ganme (SP), Paulo Baraldi (SP), Pedro Clash (SP), Roberto Setton (SP), Sérgio Carvalho (PI), Thiéle Elissa (RS) e Tiago Coelho (RS). A convite da curadoria do projeto os artistas Armando Sobral (PA), Brenda Brito (PA), Lívia Aquino (CE) e Renata Aguiar (AM) também exibiram seus trabalhos no museu.

Na abertura da exposição também foi lançado o catálogo da coleção de fotografias do projeto.

VIDEOARTE

A novidade da edição foi a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto da artista e professora Elaine Tedesco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dentro da exposição ainda houve a sessão “Ao lado dela, do lado de lá”, trazendo vídeos contemporâneos de mulheres artistas. A oportunidade de circulação trazida pelo Diário Contemporâneo permitiu a difusão das obras dos artistas e favoreceu o ambiente de reflexão sobre o vídeo.

Elaine também participou de uma conversa com o público de Belém. Em “Audiovisual Sem Destino – um projeto de vídeo no Brasil” ela falou sobre a estruturação do edital nacional que busca mapear o que se está pensando e produzindo em videoarte no país.

A saga do Herói (2016), de Lívia Pasqualli, que integra a mostra AVSD

 

AÇÕES

Intitulada “Tempo para duvidar: por uma formação de espíritos livres”, a ação educativa da 9ª edição teve a coordenação de Rodrigo Correia. Ele convidou a fotógrafa e pesquisadora, Cinthya Marques, para realizar a curadoria educativa do projeto e o minicurso de formação de mediadores.

Em parceria com a Associação Fotoativa e o Projeto Aparelho, o projeto realizou a oficina “Um convite para [o] olhar”, com as crianças do Porto. Pelas ruas do entorno elas foram fotografando o que mais gostavam no lugar onde vivem. Duas saídas fotográficas foram realizadas, além de uma exibição particular do que foi produzido. O resultado foi compartilhado com o público em uma exposição dentro do mercado integrando o Projeto Circular Campina Cidade-Velha

Os artistas premiados na edição com as residências artísticas, Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, além de Lívia Aquino e Marisa Mokarzel, suas respectivas tutoras, participaram de uma conversa com o público de Belém sobre todo o processo.

A fotógrafa e artista visual pernambucana, Ana Lira, foi uma das selecionadas e, a convite do projeto, ministrou uma oficina para o público de Belém. “Entre-frestas” promoveu uma reflexão sobre os circuitos de criação, pensando no cotidiano como espaço de construção permanente. Ana também realizou a roda de conversa “Narrativas em presentificação: um diálogo com o projeto Terrane”, na qual contou sobre seu trabalho e história de vida, situando o público em seus percursos artísticos e pessoais que são constantemente entrelaçados.

A fotografia é uma ferramenta para evidenciar situações sociais e trazer questionamentos sobre a complexidade do contexto vivido. Foi com esse pensamento que o projeto convidou o professor Leandro Lage para debater “Imagem, Política e a Sobrevivência do Desejo”.

INSPIRAÇÃO

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inspirou pelo segundo ano consecutivo os estudantes da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia, a contarem suas próprias histórias através da fotografia.

A 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco” contou com a participação de 70 estudantes do 1º ano do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental, dos quais 30 foram selecionados para expor no Teatro Estação Gasômetro. A iniciativa veio a partir de uma proposição do professor de artes José Carlos Silveira depois das visitas às exposições do Diário Contemporâneo.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETROSPECTIVA – 2016: A Coleção de Fotografias

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A edição de 2016 do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia teve como destaque a constituição oficial da Coleção de Fotografias do projeto. Não houve edital de seleção e toda a atenção foi especialmente dedicada à Coleção que veio sendo formada desde 2010.

Desde o início da sua atuação, o Diário Contemporâneo sempre buscou ser mais que um prêmio. Assim, Belém recebeu por meio da ação do projeto, uma coleção de fotografia contemporânea que está sob a guarda das duas instituições públicas parceiras: o Espaço Cultural Casa das 11 Janelas e o Museu da UFPA.

Arquitetura do Esquecimento, de Daniela de Moraes

Integram o acervo trabalhos em fotografia, vídeo, instalação e outras linguagens produzidos por 44 artistas de todas as regiões do país. São eles: Carlos Dadoorian (SP), Luiz Braga (PA), Coletivo Garapa (SP), Ilana Lichtenstein (SP), Lívia Aquino (SP), Lucas Gouvêa (PA), Daniela Alves e Rafael Adorjan (DF e RJ), Emídio Contente (PA), Wagner Almeida (PA), Marcio Marques (SP), Renan Teles (SP), Ricardo Hantzschel (SP), Alex Oliveira (BA), Diego Bresani (DF), Yukie Hori (SP), Francilins Castilho Leal (MG), Ivan Padovani (SP), Ionaldo Rodrigues (PA), Rafael D’Alò (RJ), Randolpho Lamonier (MG), Pedro Clash (SP), Daniela de Moraes (SP), Dirceu Maués (PA), Felipe Ferreira (RJ), Guy Veloso (PA), Júlia Milward (RJ), Marco A. F. (RS), Marise Maués (PA), Marcílio Costa (PA), Pedro Cunha (CE), Tom Lisboa (PR), Tuca Vieira (SP), Véronique Isabelle (Canadá), Alberto Bitar (PA), Ana Mokarzel (PA), Janduari Simões (BA), Jorane Castro (PA), Miguel Chikaoka (SP), Octavio Cardoso (PA), Roberta Carvalho (PA), Walda Marques (PA), José Diniz (RJ), Mateus Sá (PE) e Péricles Mendes (BA).

MOSTRA ESPECIAL

A mostra especial “Belém: Ressaca, Heranças” teve a cidade e seu espaço urbano como objeto de reflexão em um momento histórico, pois 2016 foi o ano em que Belém completou seus 400 anos. A proposta da curadoria aos artistas participantes foi pensar a cidade criticamente tendo como referência a estrutura física e simbólica de alguns de seus patrimônios arquitetônicos em processo de transformação. Trabalhos de Alexandre Sequeira, Ana Mokarzel, Coletivo CêsBixo, Luiz Braga, Martin Perez, Paula Sampaio, Walda Marques e Wagner Almeida integraram a exposição.

Belém, Pará, Brasil. Cidade. Palacete Faciola, Martín Pérez, UY e Cecilia Moreno, RN. Artista convidado da 7ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. 10/03/2016. Foto: Martín Pérez.
Palacete Faciola. Foto: Martín Pérez.

BIBLIOTECA

A parceria entre o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o Museu da UFPA e Tenda de Livros, projeto da artista Fernanda Grigolin resultou no lançamento da biblioteca da Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia.

Constituída por 50 livros de quase 40 autores, ela tem como algumas das características a diversidade de produções e origens, equidade entre os gêneros, publicações independentes, livros de fotógrafos iniciantes e consagrados, além de resultados de pesquisas dentro das universidades.

Fernanda teve a oportunidade de realizar um bate-papo com o público de Belém sobre isso, na ocasião também houve o lançamento do livro Recôncavo e a distribuição do Jornal de Borda.

A artista curitibana que vive entre Campinas e São Paulo também realizou a oficina “A fotografia no livro em três ações: produzir, editar e circular”, de acompanhamento de projetos de livros com ênfase em fotografia.

DIÁRIO CONTEMPORÂNEO NAS ESCOLAS

A oficina “Experiência do Olhar”, realizada por Irene Almeida com assistência de Rodrigo José, foi realizada nas escolas da rede pública. Os alunos conheceram a Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia e a proposta da edição, compartilharam suas ideias a partir do que viram e construíram câmera obscuras em ações que trabalharam a fotografia como fator de descoberta. As ações formativas foram realizadas na Escola Municipal Rotary, Escola E. de E. Fundamental e Médio Professor José Alves Maia e na Unidade Pedagógica São José, localizada na Ilha Grande, na parte insular do Município de Belém.

Belem, Pará, Brasil. Belém. Pincel de Luz, oficina sobre fundamentos da fotografia para crianças do ensino fundamental na Escola Rotary Foto: Janduari Simões/Diario do Pará. 14.03.2016
Foto: Janduari Simões

AÇÕES

Cinthya Marques, coordenou a ação educativa da 7ª edição. Ela realizou o minicurso “Trajetórias educativas: por um olhar em expansão” no qual norteou questões essenciais para a formação do debate sobre o tema, além da proposição de percursos educativos para as visitas em prol da sensibilização do olhar a partir das obras do acervo.

“Horizonte Reverso” foi a oficina realizada por Dirceu Maués. Nela, os integrantes tiveram acesso ao processo de criação do fotógrafo, discutindo a relação com os dispositivos tecnológicos e participando da construção das câmaras obscuras.

Um convite para investigar a si mesmo. Assim foi o workshop “Na direção do Medo”, com o artista mineiro Gui Mohallem que instigou os participantes a darem um mergulho interior em busca de suas dificuldades e medos e, por meio de uma produção imagética, se aprofundarem em direção às suas questões mais internas. Os trabalhos mais recentes de Gui também foram tema de uma conversa informal do artista com o público.

Shenyang, China. Foto: Eugênio Sávio

Na era da imagem digital, a oficina “Fotojornalismo em tempos de transformação”, com o fotógrafo mineiro Eugênio Sávio, veio debater os novos dilemas da profissão. Além disso, Eugênio realizou um bate-papo no qual falou sobre seu trabalho como fotojornalista, produtor cultural do projeto Foto em Pauta e curador do Festival de Fotografia de Tiradentes.

A última oficina ficou a cargo da fotógrafa paraense Walda Marques. “Self-me” trabalhou o autorretrato como forma de autoconhecimento e construção de narrativas sobre si.

Palestras sobre os museus e rodas de conversas com Guy Veloso, Janduari Simões, Jorane Castro, Miguel Chikaoka, Alexandre Sequeira, Veronique Isabelle, Ana Mokarzel, Walda Marques, Octavio Cardoso, Pedro Cunha, Rosangela Britto, Marisa Mokarzel, Mariano Klautau Filho, Ionaldo Rodrigues, Wagner Almeida, Jorge Eiró e Geraldo Teixeira encerraram a edição. O lançamento da publicação “Fotografia Contemporânea Amazônica – Seminário 3×3”, de Sávio Stoco, artista e pesquisador de Manaus e a palestra “Velho ou antigo?”, de Jussara Derenji, diretora do Museu da UFPA, foram destaques da programação.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETROSPECTIVA – 2015: A imagem e o tempo

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Com o objetivo de encontrar obras que estabelecessem dinâmicas de mobilidade da imagem, a 6ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia trouxe o tema “Tempo Movimento”.

Desde que eram somente mídias analógicas, a fotografia e o cinema sempre foram referências conceituais mútuas. Porém, com explosão da tecnologia digital, uma convergência dessas mídias fez com que o processo se acentuasse e, assim, vemos hoje uma forte aproximação da linguagem fotográfica com a audiovisual.

That_crazy_feeling_in_America - Foto - Marco A.F.
That crazy feeling in America, de Marco A.F., premiado em 2015

A diferença entre as mídias, suas individualidades e suas identidades lhes empurraram para um sistema de parceria, no qual algo que uma linguagem não tenha em sua natureza, é facilmente absorvido da outra, se complementando. O que foi visto na sexta edição foi justamente isso, narrativas visuais mais fluidas, de caráter multimídia, principalmente com a elasticidade de uma imagem digital.

O JÚRI

A comissão de seleção foi formada pela fotógrafa e pesquisadora no campo da imagem, Lívia Aquino, doutora em Artes Visuais e mestre em Multimeios pela UNICAMP. Ela, que coordena e leciona na pós-graduação em Fotografia da FAAP-SP, realizou a primeira palestra da programação da 6ª edição. “Enunciados de um mundo-imagem [ou o que poderia ser um selfie de todos nós]”, trouxe uma reflexão que evidenciou um amplo sentido para o fotográfico no modo de vida contemporâneo, apontando um hibridismo tanto entre os sujeitos dessa história como pelos meios utilizados para se fazer o que ainda pode ser nomeado como fotografia.

Marisa Mokarzel, curadora, crítica e pesquisadora em Artes também integrou o júri. Ela é doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela UFRJ, além de professora e pesquisadora do mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e professora de História da Arte, ambos da UNAMA.

Val Sampaio, artista visual, produtora e curadora independente, foi a terceira integrante da comissão. Ela é professora do Instituto de Ciências da Arte da UFPA, na faculdade e no mestrado de Artes Visuais. É mestre e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e também tem pós-doutorado em Poéticas Digitais pela ECA-USP.

 

ARTISTA CONVIDADA

“Diante das cidades, sob o signo do tempo”, foi o nome da mostra de Jorane Castro, artista convidada da edição. Ter uma cineasta como homenageada reforçou o objetivo do Diário Contemporâneo em aumentar o diálogo da fotografia com as outras linguagens e ultrapassar as fronteiras entre elas, tendo como resultado uma produção artística mais hibrida.

Jorane é diretora, roteirista, produtora e professora do curso de Cinema e Audiovisual da UFPA. Ela coordena a Cabocla Produções e desenvolve pesquisas na área da linguagem audiovisual, privilegiando a Amazônia.

O que foi visto na exposição foram trabalhos inéditos da artista, desde fotos em preto e branco, uma fotografia urbana e muito sombria, na qual a artista transformava as pessoas em personagens das suas sequencias fotográficas; além experimentações atuais com a câmera do celular. Algumas micronarrativas ganharam um movimento muito interessante no suporte do vídeo.

O bate-papo “Fotografia, cinema e o tempo” foi um relato das experiências da cineasta, que desde muito nova esteve envolvida com o fazer fotográfico, reconhecendo que sua referência estética passa muito pela conexão com a fotografia de Belém.

Foto: Victor Saverio

PREMIADOS E SELECIONADOS

Os selecionados e premiados refletiram os questionamentos mais diversos a respeito do tempo, sua inconstância e força na vida. 400 trabalhos foram enviados, um número que cresceu em relação às quatro edições anteriores com tema.

“Prêmio Tempo Movimento” foi para “That Crazy Feeling In America”, do gaúcho Marco A. F., uma instalação composta de doze fotos e um vídeo. A série apresentou paisagens e situações comuns ao imaginário dos EUA. Imagens e textos foram extraídos de filmes hollywoodianos problematizando as possibilidades de reconfiguração do movimento fílmico em imagens e textos que, deslocados de seu contexto original, adquirem temporalidades e significações distintas.

Já o “Prêmio Diário Contemporâneo” foi para a obra “Loess”, da paraense Marise Maués. A performance foi produzida em 2015, na Ilha ribeirinha de Maracapucu Miri, município de Abaetetuba, de onde ela é egressa. Nela a artista se propôs a ficar por sete horas ininterruptas no leito de um igarapé. Relações com outras linguagens e novas sintaxes na representação fotográfica foram vistas neste trabalho.

Por último, o “Prêmio Diário do Pará” foi para a instalação “Horizonte Reverso”, do paraense Dirceu Maués, que desde 2003 desenvolve trabalho autoral nas áreas da fotografia, cinema e vídeo, os quais têm como base pesquisas com a construção de câmeras artesanais e utilização de aparelhos precários. O trabalho premiado foi uma parede de câmeras escuras empilhadas que apontavam para o mesmo lugar, em uma experiência na qual a imagem perfez um caminho de volta, em direção à imaterialidade.

Além dos premiados, estiveram presentes na exposição, as obras dos selecionados Andrea D’Amato (SP), Carolina Krieger (SP), Daniela de Moraes (SP), Edu Monteiro (RJ), Elaine Pessoa (SP), Felipe Ferreira (RJ), Pio Figueiroa (SP), Gui Mohallem (SP), Guy Veloso (PA), Isis Gasparini (SP), José Diniz (RJ), Solon Ribeiro (CE), Júlia Milward (RJ), Karina Zen (SC), Lara Ovídio (RN), Marcelo Costa (SP), Marcílio Costa (PA), Pedro Cunha (PA), Pedro Veneroso (MG), Sergio Carvalho de Santana (CE), Tiago Coelho – Régis Duarte (RS), Tom Lisboa (PR), Tuca Vieira (SP) e Victor Saverio (RJ).

Ramon Reis, Véronique Isabelle e Rafael Bandeira foram as três participações especiais que também integraram a mostra.

Experimentações na oficina de Ionaldo Rodrigues. Foto: Iza Rodriguez

AÇÕES

“Escavar, recordar: narrativas fotográficas a partir de reapropriações e laboratório de Cianotipia” foi o workshop realizado por Ionaldo Rodrigues. Nele, o artista propôs discussões a partir de leituras de imagens e experimentações dos participantes com a Cianotipia, processo de impressão fotográfica desenvolvido no século XIX. A ideia foi se aproximar do passado e experimentar novas possibilidades com a imagem fotográfica.

Philippe Dubois, um dos principais pesquisadores no campo da estética da imagem, esteve presente em Belém para ministrar a palestra “De Etienne-Jules Marey a David Claerbout, ou como o tempo fotográfico jamais deixou de ser assombrado pelo trabalho do movimento da imagem”. Ele debateu sobre essa visão dominante que estruturou diversas oposições entre as linguagens. Em sua palestra ele observou que nos anos 70, as coisas pareciam bem entrincheiradas entre a fotografia e o cinema.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETROSPECTIVA – 2014: A liberdade da poética

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A cada edição, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia propunha temáticas, levantando questões especificas. Em 2014 isso mudou. A temática livre ou o não-tema foi a escolha. A abertura para que o artista levantasse suas reflexões e interrogações com a liberdade poética levou a um salto no número de inscrições: 518.

A fotografia veio então como um espaço de livre experimentação do artista no amplo território da fotografia, iniciando um novo ciclo do projeto.

Forca de Auschwitz. Foto: Michel Pinho, participante da Mostra Especial

O JÚRI

A comissão de seleção e premiação da 5ª edição foi composta por Rubens Fernandes Junior, pesquisador, curador e crítico de fotografia. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, ele é professor e diretor da Faculdade de Comunicação da FAAP-SP.

Alexandre Santos, historiador, crítico de arte e curador independente também integrou a mesa. Ele é mestre e doutor em Artes Visuais pela UFRGS e professor associado no Departamento de Artes Visuais da mesma instituição.

O terceiro integrante foi Mariano Klautau Filho, fotógrafo e pesquisador em arte e curador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Ele é doutor em Artes Visuais pela ECA-USP e professor do curso de Artes Visuais da UNAMA.

Os três ainda abriram a programação de palestras do projeto realizando, em parceria com a Associação Fotoativa, o Café Fotográfico “Fotografia: campos de expansão”. Na ocasião Alexandre Santos fez a fala “Fotografia e espreita: a noite nas imagens de Brassaï e Kohei Yoshiyuki” e Rubens Fernandes Junior, com “Ver e olhar. Olhar e imaginar”, refletiu que o ato de ver uma imagem não se encerra no contato com a fotografia. Mariano fez a mediação do encontro.

Alexandre Santos, Rubens Fernandes Junior e Mariano Klautau Filho no Café Fotográfico. Foto: Irene Almeida

ARTISTA CONVIDADO

Janduari Simões nasceu no interior da Bahia, mas seu acervo se constitui, em grande parte, com imagens sobre a cultura e o homem da Amazônia, sobretudo do Pará. Em “Cidade Invisível”, ele apresentou um questionamento sobre história, memória e patrimônio. Numa parte da exposição, em cores se viu um recorte pontual de sua sensibilidade sobre o espaço urbano e as mutações que ocorrem na arquitetura, com um olhar atento para a estrutura formal das moradias, e as semelhanças que anulam o limite entre centro e periferia.

Do outro lado, um trabalho tocante, que foi realizado final dos 70, época em que a quadra que abrigava a Fábrica Palmeira estava sendo destruída, e marcando, então, o nascimento de uma das maiores cicatrizes urbanas que Belém já produziu: o “Buraco da Palmeira”. O artista também teve a oportunidade de realizar um bate-papo com o público dentro do espaço da exposição e compartilhou mais do seu olhar sobre as mutações que ocorrem na cidade.

PREMIADOS E SELECIONADOS

Alberto Bitar (PA), Diego Bresani (DF) e Yukie Hori (SP) levaram os prêmios da edição.

Assim como Wagner Almeida, premiado na edição anterior, o paraense Alberto Bitar também tem a vivência do fotojornalismo e foi do olhar atento às rua que veio “Bank Blocks”, seu trabalho que levou o Prêmio Diário do Pará. Fachadas de bancos revestidas de tapumes como forma de se proteger dos protestos realizados nas ruas. Um questionamento sobre o vale ser protegido no capitalismo.

Vencedor do Prêmio Diário de Fotografia, Diego Bresani é fotógrafo e diretor de teatro. “Ao Lado”, sua série premiada, foi realizada nas fronteiras entre a fotografia e a encenação. Com apuro estético e de direção o artista registrou reencenações de flagrantes da vida cotidiana e de momentos na vida de pessoas desconhecidas, feitos pela janela do carro ao se deslocar pela cidade.

Yukie Hori ganhou na categoria Prêmio Diário Contemporâneo com “Dedicatórias”, uma série de cinco crônicas de três ou duas imagens, tomadas entre 2008  2013 em viagens ao Japão.

Da série “As Paisagens” de Felipe Bertarelli, selecionado em 2014

Além dos premiados, estiveram presentes na exposição as obras dos artistas selecionados Alex Oliveira (BA), Amanda Copstein (RS), Carol de Góes (RS), Daniel Moreira (MG), Fábio Del Re (RS), Felipe Bertarelli (SP), Francilins (MG),  Tom Lisboa (PR), Ionaldo Rodrigues (PA), Isabel Santana Terron (SP), Ivan Padovani (SP), Juliana Kase (SP), Juliano Menegaes Ventura (RS), Keyla Sobral (PA), Letícia Lampert (RS), Marcelo Martins de Figueiredo (MG), Marco A. F. e Eduardo Veras (RS), Marilsa Urban (PR), Marlos Bakker (SP), Nelton Pellenz (RS), Paula Huven (MG), Pedro Clash (SP), Péricles Mendes (BA), Rafael D’alò (RJ), Randolpho Lamonier (MG) e Victor Galvão (MG).

MOSTRA ESPECIAL

Pelo segundo ano, além da individual do artista convidado, o Museu da UFPA recebeu, também, uma coletiva que trouxe um recorte do que de novo está se produzindo na fotografia paraense. Veteranos e jovens fotógrafos apresentaram ao público seus mais recentes trabalhos. A mostra “Pequenas cartografias (e duas performances)” acentuou mais ainda a intenção do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia de valorizar e fomentar a cultura paraense. Participaram da exposição Marise Maués, Michel Pinho, Rodrigo José, Cinthya Marques, Marco Santos e Luciana Magno.

O workshop de Ana Mokarzel teve como público-alvo professores e educadores. Foto: Irene Almeida

AÇÕES

A fotógrafa paraense Ana Mokarzel, selecionada em 2013, abriu a programação formativa do projeto. No curso “Do visível ao invisível” ela compartilhou com os participantes noções básicas da fotografia em debates e saída fotográfica orientada.

O fotógrafo e professor de fotografia Fernando Schmitt realizou o workshop “A Fotografia no Limite do Tempo”, no qual visou a pesquisa e a prática experimental da fotografia com o objetivo de explorar suas relações com o tempo.

Adriele Silva realizou o minicurso “Olhar Vagabundo”, como parte da formação e seleção da equipe de mediadores culturais e a oficina “Olhar de Brinquedo”, com foco nos professores e educadores de diferentes disciplinas que atuam na educação básica. Além disso, o seminário “Olhos de Assombro” promoveu um debate entre o público e os mediadores sobre os assuntos apresentados nos resumos de ação destes, compartilhando o processo de trabalho da ação educativa da 5ª edição.

PALESTRA

Hoje (24), Isabel Gouvêa, que integra a comissão de seleção deste ano, realizará a palestra “Lutas criativas no campo da arte: As experiências da Bahia no Prêmio Pierre Verger e no Programa Kabum! de Arte e Tecnologia”. A programação será às 19h, no Museu da UFPA, com entrada será franca.

O PROJETO

Em 2019 o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETROSPECTIVA – 2011: A dinâmica do urbano

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A edição de número dois do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia ocorreu em 2011 com a temática de “Crônicas Urbanas” e, após refletir sobre as identidades brasileiras no ano anterior, o projeto trouxe o questionamento acerca da cidade como lugar de ação da cultura.

Da série “Ainda queria falar de flores”, de Anita Lima, selecionada em 2011.

Com o desenvolvimento da imagem fotográfica, o registro das cidades, pessoas e seus modos de vida foi crescendo junto. O cotidiano, seus desafios e representações foram, então, colocados como lugares de provocação para os artistas. Questões urbanas, ambientais, sociais e artísticas se sobrepõem nas cidades do século XXI e o contemporâneo é um tempo desafiador e crítico.

A cidade foi elemento fundamental para as narrativas fotográficas apresentadas. O tema de 2011 colocou o artista como parte importante do espaço urbano. Nele, o fotógrafo não é mero espectador atento para capturar o que salta ao seu olhar, mas sim um ator que vive suas próprias representações e expressões de identidade.

COMISSÃO DE SELEÇÃO

Os trabalhos foram julgados por uma comissão formada por Alexandre Sequeira, artista plástico e fotógrafo, mestre em Arte e Tecnologia pela UFMG, doutorando em Arte pela mesma instituição, professor do ICA/UFPA e que desenvolve trabalhos que estabelecem relações entre fotografia e alteridade social; Tadeu Chiarelli, curador e crítico de arte, professor titular no curso de Artes Visuais da USP, ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo e do Museu de Arte Contemporânea da USP e que já atuou como curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo; e Marisa Mokarzel, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela UFRJ, professora e pesquisadora do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura e professora de História da Arte do curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem, ambos da UNAMA.

Os três membros do júri também tiveram a oportunidade de encontrar e conversar com o público de Belém. Tadeu Chiarelli realizou o bate-papo “A Fotografia e o Museu Contemporâneo: curadoria e pesquisa” no qual debateu assuntos como a inserção cada vez mais forte da fotografia na arte contemporânea e o papel cultural que exerce o museu de arte hoje. Na ocasião, o crítico apresentou obras que fazem parte do acervo do MAC-USP e analisou como este acervo estava sendo repensado.

Marisa Mokarzel ministrou a palestra “Imagens e Afetos” na qual refletiu sobre o acumulo de imagens e a falta de afeto tendo como apoio “A arte da desaparição”, de Jean Baudrillard. Ela discutiu a arte no mundo contemporâneo observando os trabalhos de Luiz Braga, artista convidado da edição.

Já Alexandre Sequeira realizou a oficina “Diálogos Fotográficos”, na qual proporcionou diálogos entre as duplas formadas por participantes. Autores como Nelson Brissac Peixoto, filósofo e professor da PUC/SP e Ítalo Calvino, escritor italiano foram debatidos. As duplas também puderam sair para fotografar e pensar juntas, construindo narrativas através do diálogo e da poética do encontro.

Sabonete de bolinha, 1998. Foto: Luiz Braga

ARTISTA CONVIDADO

Luiz Braga foi o artista convidado da segunda edição. A mostra “Solitude”, apresentava fotografias coloridas e em preto e branco que indicavam a memória daquele que não está. O artista, que registrou boa parte das recentes transformações da cidade de Belém, sempre teve como marca forte a figura humana, mas nessas imagens somente o seu rastro está presente. Por meio das lembranças que se misturam, o público pôde passear por diversas casas, desde uma residência sua antiga até a do escritor paraense Bruno de Menezes, na Cidade Velha.

O convite para adentrar no ambiente do lar também pôde ser visto no vídeo “Do outro lado da rua” formado por cerca de 70 fotografias de uma novena feita na casa de Dona Zuleide, vizinha que morava em uma casa em frente ao seu estúdio fotográfico. Entre os cantos e ladainhas, a fé e a acolhida estão evidentes em uma pequena memória de quem foi aquela mulher e de como foi esta cidade.

Luiz Braga também realizou um bate-papo com o público. A ideia era aproximá-lo de sua trajetória e das motivações criativas que levaram o artista a produzir trabalhos que vão desde a fotografia clássica até a narrativa fragmentada em vídeo, como os que foram apresentados na edição de 2011 do projeto.

PREMIADOS E SELECIONADOS

A comissão analisou 287 obras e premiou os trabalhos de Silas José de Paula (CE), Leonardo Sette (PE) e Roberta Carvalho (PA).

Silas foi o vencedor na categoria “Crônicas Urbanas” com a série “Gente no Centro” na qual suas imagens quadradas registram um pouco da agitação urbana e de suas pessoas. Onde muitos enxergam caos e desordem, Silas viu o multicolorido das barracas e daquelas figuras humanas sem rosto que se misturam apressadas à paisagem da cidade.

Já Leonardo Sette, vencedor na categoria “Diário Contemporâneo” com sua instalação “As Luzes Inimigas”, apresentou sua técnica impecável alinhada com uma narrativa multimídia. As fotografias em preto e branco registram de um jeito documental clássico protestos de cunho político ocorridos na França. Já o vídeo com imagens registradas em um trem mostra seus passageiros transportados com pressa até seu destino, ao mesmo tempo em que leem com tranquilidade o jornal. Agitação e naturalidade na Cidade-Luz sob o olhar crítico do artista.

Sarkozy-Le Pen, Paris, 2007. Foto: Leonardo Sette

No Diário Contemporâneo a fotografia é o ponto de partida para as reflexões e isso pôde ser confirmado com a premiação de Roberta Carvalho na categoria “Diário do Pará” com o trabalho “Symbiosis”. Nele as árvores interagem com a cidade, pulsam e olham aqueles que passam pela rua. Projetadas nas copas das arvores, as imagens de rostos humanos tornam mais efetiva a relação entre homem e natureza. Experimentação e expressividade que falam daquilo que é orgânico e que liga todos os seres vivos.

Além disso, foram selecionados os trabalhos de 18 artistas, são eles Anita Lima (SP), Carlos Dadoorian (RJ), Coletivo Cia De Foto (SP), Everaldo Nascimento (PA), Fabio Okamoto (SP), Felipe Baenninger (SP), Fernanda Antoun (RJ), Fernanda Grigolin (PR), Francilins (MG), Haroldo Saboia (CE), Ionaldo Rodrigues (PA), José Diniz (RJ), Keyla Sobral (PA), Marina Borck (BA), Pedro David (MG), Péricles Mendes (BA), Ricardo Macêdo (PA) e Viviane Gueller (RS).

FOTOJORNALISMO NO MUSEU

Dentre as novidades da segunda edição estava “Diários da Cidade”, uma mostra especial com trabalhos de 18 fotógrafos do Jornal Diário do Pará. Adauto Rodrigues, Alex Ribeiro, Amaury Silveira, Anderson Coelho, Antônio Melo, Celso Rodrigues, Cezar Magalhães, Everaldo Nascimento, Keylon Feio, Marcelo Lelis, Marcos Santos, Mário Quadros, Mauro Ângelo, Ney Marcondes, Rogério Uchôa, Tarso Sarraf, Thiago Araújo e Wagner Almeida integraram a coletiva. A curadoria desta mostra foi de Mariano Klautau Filho, Alberto Bitar e Octávio Cardoso.

Os fotojornalistas são profissionais que vivenciam diretamente a dinâmica das cidades. Os trabalhos dos fotógrafos do Jornal Diário do Pará saíram, então, do acervo do jornal para as paredes do museu. Além disso, um bate-papo foi realizado com os fotojornalistas e o público. O encontro também contou com a presença de Octávio Cardoso, editor de fotografia do Diário do Pará e a mediação da jornalista Dominik Giusti.

AÇÕES

Além da ação formativa com Alexandre Sequeira, foram oferecidas mais duas oficinas. “Processos da Cianotipia”, com Eduardo Kalif, deu a oportunidade dos participantes se debruçarem sobre um dos primeiros processos de impressão fotográfica em papel.

Já em “Fotografia Documental”, Guy Veloso usou a sua pesquisa para o projeto “Penitentes” como ponto de partida para compartilhar com os participantes como elaborar um projeto de pesquisa e realização de um ensaio documental. Planejamento, mapeamento, técnicas de abordagem, exibição, redes de contatos e informações foram alguns dos temas abordados.

Ernani Chaves realizou o bate-papo “Fotografia, cidade e o retorno do flâneur”, no qual, a partir de Walter Benjamin e Franz Hessel, mostrou a possibilidade do flâneur na fotografia, esta como uma leitura da cidade e o fotografo como um narrador. O encontro teve a mediação de Ionaldo Rodrigues.

E Mariano Klautau Filho, curador do projeto, na palestra “Mutações do Fotográfico” analisou ideias como deslocamento, poética, narrativa e ação nas temáticas e trabalhos das duas edições então realizadas do Diário Contemporâneo.

O PROJETO

O Diário Contemporâneo contribuiu para a descentralização das questões sobre arte no país, pois há uma década vem lançando proposições e chamando os artistas para o debate, consolidando o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

INSCRIÇÕES ABERTAS

Em 2019 o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia comemora 10 anos de atuação. As inscrições da edição especial de aniversário já estão abertas e seguem até dia 13 de junho sendo realizadas somente pelo site www.diariocontemporaneo.com.br

Uma década dedicada à fotografia

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Em 2019 o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia comemora uma década de atuação. O edital já foi lançado e as inscrições seguem abertas até 13 de junho sendo realizadas somente pelo site www.diariocontemporaneo.com.br.

Em 2010, na sua estreia, o projeto propôs o tema Brasil, Brasis a partir das diversas identidades contemporâneas que constituem o país. Já em 2014 a temática foi livre e agora, neste ano, o Diário Contemporâneo quer fazer um encontro renovado entre estas edições e propor a livre experimentação artística ao se pensar sobre as transformações que exprimem o país de hoje.

C Nova Feira, de Ionaldo Rodrigues, premiado com a residência artística em 2018.

Em 10 anos de atuação o Prêmio acompanhou diversas transformações na nossa sociedade. Segundo Mariano Klautau Filho, curador do projeto, os trabalhos exibidos “de um modo geral refletem o que ocorre no país, mas sempre a partir das questões propostas em cada edição no sentido de estimular o artista a pensar inicialmente em seus procedimentos e como eles irão traduzir as circunstâncias daquele momento. Esta décima edição toca especialmente em assuntos relacionados às identidades do país propondo um retorno à temática que inaugurou o projeto em 2010. Vamos ver como os artistas reagem a esse contexto”.

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FORMAÇÃO

O Projeto sempre quis ser mais que um edital, assim o Diário Contemporâneo se esforçou ao longo das edições em proporcionar ações como workshops e oficinas para o público, encontros com os artistas, formação de mediadores culturais e acolhida de turmas escolares nos espaços dos museus. Todo ano, milhares de alunos de nível fundamental e médio passam pelas mostras do Prêmio e são recepcionados por estudantes de Artes Visuais que passaram por um treinamento específico em cima da temática da edição, trabalhos selecionados e formação pedagógica de público crítico.

Um dos maiores exemplos do alcance do projeto é a Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco”, realizada há dois anos pelos alunos da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia que, inspirados pelo que viram nas exposições, retornam à sala de aula e contam suas próprias histórias através da fotografia.

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ACERVO

Um dos legados do Diário Contemporâneo é também a sua Coleção de Fotografia Contemporânea que foi formalizada em 2016, após um intenso trabalho de organização sistemática dos trabalhos que o Projeto vinha reunindo desde a sua primeira edição. São fotografias, vídeos, instalações e outras linguagens produzidos por mais de 40 artistas de todas as regiões do país. Uma coleção de fotografia contemporânea que está sob a guarda das duas instituições públicas parceiras do projeto: o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e o Museu da UFPA.

“A coleção criada associa o Prêmio a um projeto mais duradouro e estabelece uma consciência museológica para a produção contemporânea na medida em que o Prêmio só existe na sua relação com os museus e a preservação do patrimônio público. E creio que deve ser uma poucas coleções de fotografia contemporânea brasileira com esse perfil, ainda que seja embrionária”, observou Mariano.

Além disso, no mesmo ano e incorporada à Coleção, através de uma parceria entre o projeto, o Museu da UFPA e a Tenda de Livros, da artista curitibana Fernanda Grigolin, o Diário Contemporâneo constituiu uma biblioteca que reflete um mapeamento da produção artística nacional. São fotolivros de artistas iniciantes e consagrados, muitos deles resultados de pesquisas acadêmicas. A equipe da biblioteca do Museu da UFPA realizou, inclusive, um estudo para aprender como catalogar esse formato novo.

Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, premiados com a residência, conversam sobre seus trabalhos e as experiências vividas. Foto: Irene Almeida

INTERCÂMBIO ARTÍSTICO

Ao longo dos anos o Diário Contemporâneo descentralizou os debates. “O Projeto vem contribuindo bastante com a circulação de uma produção nacional quando reúne artistas e pesquisadores em torno de atividades das mais diversas desde workshops até conferências e cursos”, disse Mariano.

O fotógrafo paraense Ionaldo Rodrigues acompanhou de perto a trajetória do Prêmio e analisou que “sendo também um projeto de debate e estímulo à produção artística desenvolvido a partir da estrutura de um jornal, eu percebo um diálogo entre o Diário Contemporâneo e o Suplemento Literário publicado na Folha do Norte entre 1946 e 1951. A partir de um outro contexto, acho que o Diário Contemporâneo segue uma linha  de valorização da formação, do debate crítico e da produção estética que coloca Belém numa interação muito produtiva com a cena nacional e internacional. A atenção que o projeto dedica à documentação e à memória do que é produzido durante as edições e a formação de uma Coleção vai oferecer uma base pra no futuro a gente entender a contribuição do Diário na pesquisa e produção fotográfica do nosso tempo, sem localismos ou regionalismos”.

Ionaldo participou da história do Prêmio de diferentes formas, desde como público na primeira edição, até ano passado, quando foi premiado com a residência artística em São Paulo. “Eu estudei sociologia na UFPA e tive o meu primeiro contato com fotografia como forma de expressão na Fotoativa durante a graduação, desde esse momento o que mais me atraiu foi perceber que fotografia podia ser um dispositivo de pensamento e expressão, um laboratório de experimentos em trabalho manual e intelectual. Ter participado do Diário Contemporâneo como público nas oficinas, exposições e atividades formativas, ministrando oficina e como fotógrafo nas mostras foi, pra mim, uma chance de experimentar várias possibilidades do fotográfico e construir um percurso. A publicação de dois trabalhos nos catálogos do projeto com uma mediação crítica foram, também, muito importantes pra mim”, finalizou.

SERVIÇO

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

O suporte para a vivência artística na Conversa com os Residentes

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Os residentes Ricardo Ribeiro e Ionaldo Rodrigues, na companhia de Marisa Mokarzel e Lívia Aquino, suas respectivas tutoras, compartilharam com o público as experiências das residências artísticas realizadas em São Paulo e Belém. A conversa ocorreu na ultima quinta-feira (21), no Museu do Estado do Pará, com mediação de Mariano Klautau Filho, curador do projeto.

Os residentes, suas tutoras e o curador do projeto. Fotos: Irene Almeida.

Antes disso, Lívia Aquino apresentou o seu trabalho “Viva Maria”, que integra a mostra da nona edição como participação especial. Ele é uma citação direta a obra homônima de Waldemar Cordeiro, exposta na Bienal de Artes da Bahia de 1966, período da ditadura militar e que foi retirada pelo então governador Antônio Carlos Magalhães. “O contexto no qual o trabalho do Waldemar foi feito fez todo o sentido para mim, esse contexto me interessava muito. Eu fiquei olhando essa palavra e, no momento atual, tirar ela do singular e trazer para o plural era muito pertinente”, explicou.

Lívia Aquino falou sobre “Viva Maria”.

Lívia buscava não uma ideia de ponte entre dois momentos históricos, mas sim, de continuidade. “Passam os anos e nós ainda estamos nos mesmo problemas”, acentuou. “Viva Maria” é uma forma de resistência, um trabalho que acontece continuamente, inclusive, nos momentos de diálogo, onde as costuras e tessituras pessoais que são realizadas.

Na sequência, o curador do projeto explicou como se deu o processo da residência artística nessa edição. Mariano Klautau Filho enfatizou que “não há a obrigação de proporcionar um resultado e sim uma experimentação, pois cada um parte da sua própria dinâmica”. Isso dá aos artistas o suporte necessário para se dedicar à vivencia.

Público observa os processos dos artistas.

Foi o que aconteceu com Ricardo Ribeiro, que atuou em Belém com o acompanhamento de Marisa Mokarzel. Ele estava há dois anos trabalhando em “Puxirum”, premiado nesta edição do projeto, e aproveitou o período da residência para se debruçar sobre o que foi produzido. “Aqui em Belém eu consegui focar no projeto com a ajuda de muita gente que estava disposta a participar e a colaborar”, contou o artista. “O Ricardo tem pouco tempo na fotografia e esse pouco tempo já é muito marcante. Ele faz da fotografia um projeto de vida”, observou Marisa.

Sobre a residência de Ionaldo Rodrigues, da qual foi tutora em São Paulo, Lívia Aquino disse que colocou o artista em contato com uma rede de pessoas que pudessem colaborar com as reflexões que ele trazia. O paraense iniciou um trabalho a partir do arquivo/biblioteca da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A – EMPLASA, fonte de pesquisa e referência a qual chegou ainda durante a produção de “C Nova Feira”, premiado nesta edição. “Esse não é só um trabalho de arquivo, há uma inteligência poética por parte do Ionaldo que merece ser olhada com todo cuidado”, frisou Lívia.

Os residentes conversam sobre seus trabalhos e as experiências vividas.

“Eu nunca tinha tido a experiência de passar um mês, deslocado de tudo, pensando em um trabalho”, observou Ionaldo, ressaltando o papel fundamental do Diário Contemporâneo como incentivador na formação artística. Tanto “C Nova Feira” quanto a pesquisa realizada no acervo da EMPLASA trazem reflexões do fotógrafo sobre expansão urbana, memória, técnica e política.

Ao trabalhar com a macrofotografia em um relatório, o paraense tornava as palavras, imagens; escavava e destacava de seu contexto, criando novos significados e narrativas visuais. Tudo isso para atentar sobre a urbanização das zonas periféricas. “É uma infraestrutura que vem muito mais para viabilizar um fluxo econômico do que social. É para olhar quantas decisões técnicas e de engenharia são tomadas com interesses econômicos, quantos desequilíbrios ambientais são frutos de interesses econômicos e políticos”, finalizou.

Detalhe da pesquisa realizada por Ricardo Ribeiro.

VISITAÇÃO

A exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da 9ª edição do Diário Contemporâneo. As obras ficam no Museu do Estado do Pará – MEP. Além disso, o Museu da UFPA recebe a mostra individual “Lapso”, com trabalhos de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto de Elaine Tedesco. A visitação segue até dia 15 de julho.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.

Diário Contemporâneo promove Conversa com os Residentes

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Em 2017, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia concedeu dois dos seus prêmios no formato de residência artística. A aposta em uma experiência de formação e reflexão foi tão positiva que, em 2018, o conceito foi mantido. Os artistas premiados nesta edição, Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, além de Lívia Aquino e Marisa Mokarzel, suas respectivas tutoras, conversarão com o público de Belém sobre todo o processo. O encontro será no dia 21 de junho, às 19h, no Museu do Estado do Pará, com mediação de Mariano Klautau Filho. A entrada será franca.

O paraense Ionaldo Rodrigues foi para São Paulo e teve a artista e pesquisadora, Lívia Aquino, como tutora. Ele conquistou o Prêmio Residência Artística São Paulo com a sua pesquisa “C Nova Feira”, na qual apresenta um material fotográfico que conta um pouco da história local.

Edição de imagens na residência artística em São Paulo. Foto: Ionaldo Rodrigues

Durante o seu período de residência ele, a partir do convite de Lívia, participou de atividades formativas como aulas, curso e encontros de grupos de acompanhamento de produção e pesquisa. “Nesses encontros eu pude falar e mostrar um pouco o ‘C Nova Feira’ e outros trabalhos meus. Tive uma mediação crítica muito produtiva sobre os trabalhos e também escuta e troca sobre a produção de outros artistas”, conta.

Paralelo a esses momentos, o artista iniciou um trabalho a partir do arquivo/biblioteca da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A – EMPLASA, fonte de pesquisa e referência a qual chegou ainda durante a produção de ‘C Nova Feira’. “No acervo físico da EMPLASA pude trabalhar com a reprodução fotográfica em macrofotografia de relatórios e planos diretores como fonte documental e espaço de investigação de sentidos entre palavra/imagem. A pesquisa desse material me levou a outro acervo, aos números da revista semanal Visão publicados durante a década de 1970, e disponibilizados pela biblioteca da ECA/USP. O acompanhamento desse trabalho e a edição em curso (nas fotos) está sendo feito com a participação da Lívia. A ideia que combinamos para conversa no Prêmio é o compartilhamento desse processo de produção/edição com as primeiras cópias de trabalho dispostas em uma mesa”, explica.

VIVÊNCIA EM BELÉM

Já o paulista Ricardo Ribeiro levou o Prêmio Residência Artística Belém e atuou na capital paraense tendo como tutora a curadora e pesquisadora, Marisa Mokarzel. Seu trabalho vencedor, “Puxirum”, tem lugar em São Pedro, uma comunidade de 120 famílias nas margens do rio Arapiuns, oeste do Pará.

Processos de reflexão na residência em Belém. Foto: Ricardo Ribeiro

“A residência foi excepcional e para mim veio num momento especial. Tendo concluído dois anos de trabalho de campo de ‘Puxirum’, eu precisava de tempo e foco para investigar o material produzido. Além disso, Belém se mostrou para mim uma cidade incrivelmente ativa do ponto de vista cultural. Vi e ouvi muita coisa boa e conheci pessoas incríveis, sempre dispostas a dar sua contribuição ao meu trabalho. Marisa Mokarzel, Paula Sampaio, Luiz Braga, Orlando Maneschy, José Viana e Marcone Moreira, meu ‘vizinho de residência’, são apenas algumas dessas pessoas que me ajudaram com o meu processo de criação. Isso sem falar, claro, no Mariano Klautau Filho, na Irene Almeida, no meu anfitrião, Milton Kanashiro, e todos na Fotoativa – eles verdadeiramente me conduziram pelas artes de Belém ao longo destes 40 dias”, comenta.

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A residência é uma forma de se apoiar e incentivar o desenvolvimento e a reflexão a partir das artes. “A troca entre artistas é fundamental. A arte não é uma ciência exata, não há certo e errado, nem verdades absolutas, é impossível aprender só pelos livros. A troca de experiências, percepções, conceitos e o ‘fazer’ são partes essenciais na formação de um artista e por isso a residência é tão importante – acredito muito nisso. Espero que o Diário Contemporâneo se fortaleça cada vez mais como um incentivador da formação de artistas comprometidos e que outras iniciativas semelhantes se espalhem pelo Brasil”, finaliza.

BANDEIRAS

Antes da conversa sobre a residência artística Lívia Aquino falará sobre “Viva Maria”, trabalho com o qual ela integra a exposição do MEP como convidada. Ele é uma citação direta à obra homônima de Waldemar Cordeiro, exposta na Bienal de Artes da Bahia de 1966, período da ditadura militar e que foi retirada pelo então governador Antônio Carlos Magalhães. “Cinquenta anos depois ela torna-se imagem frequente nas redes sociais associada a ‘canalhocracia’ escancarada no Brasil. O meu esforço é para mobilizar grupos distintos dispostos a costurar e conversar acerca de assuntos relevantes para os presentes, aquilo que pode ser de todos. Coser a palavra e ao mesmo tempo falar sobre quando somos feridos por ela – quando a canalhice é estrutural a ponto de respingar em todos nós”, explica a artista.

SERVIÇO: Diário Contemporâneo realiza Conversa com os Residentes. Data: 21 de junho de 2018, às 19h. Local: Museu do Estado do Pará. Endereço: Praça D. Pedro II, s/n. – Cidade Velha. Entrada franca. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática. Informações: (91) 3184-9310;98367-2468; diariocontemporaneodfotografia@gmail.com. Site: www.diariocontemporaneo.com.br.

Encontros na manhã de domingo encerram “Poéticas, fotografia e museus”

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Por: Debb Cabral

O domingo (12) foi o ultimo dia da programação “Poéticas, fotografia e museus”, promovida pelo Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A Sala Valdir Sarubi, do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas foi o local que recebeu os encontros.

Fotos: Irene Almeida
Fotos: Irene Almeida

Na roda de conversa Ionaldo Rodrigues falou sobre a sua produção artística que é voltada para o debate sobre a cidade, como uma fisionomia urbana. “Drenagem”, série que integra a coleção de fotografias do projeto, reúne diversas técnicas fotográficas e segundo o artista “tomou forma a partir da provocação do não-tema realizada na 5ª edição”. O Prêmio contribuiu, assim, para expandir a ideia do ensaio e de seus desdobramentos. Entre as múltiplas técnicas estão o daguerreotipo, pinhole e fotografia digital.

rodas de conversa - diario contemporaneo _ fotos _ Irene Almeida 6

Wagner Almeida trabalha com fotojornalismo há oito anos, desses, quatro foram no Caderno Polícia. Uma realidade de violência e pautas perigosas fazem parte da sua rotina. “O percurso que nós fazemos para chegar até esses locais é bem complicado, muitas vezes nós nos perdemos e na madrugada não tem ninguém para dar informação. No GPS muitos desses lugares não estão nem no mapa”, contou. A violência chama a atenção e dentro daquele contexto do espetáculo, Wagner tem realizado fotos que dão espaço para a intimidade, é assim a série “Livrai-nos de todo o mal”, premiada em 2013.

Imagens silenciosas realizadas no local caótico e estressante que é a cena de um crime. Uma história não direta, que se distancia do fato e se aproxima da construção pictórica.

PINTURA E A FOTOGRAFIA

Jorge Eiró e Geraldo Teixeira realizaram a palestra “Pintura e Fotografia na produção paraense”. Na ocasião, Geraldo falou sobre seus trabalhos recentes nos quais ele tem usado a fotografia como recurso no processo de pesquisa da pintura. “Eu não fotografo só pelo prazer da fotografia, eu fotografo porque já tenho uma segunda intenção”, explicou.

A ideia da documentação, tradicionalmente atribuída à imagem fotográfica, hoje em dia é bastante ampliada. Isso pode ser visto nos trabalhos dos fotógrafos paraenses que relacionam a luz e a cor de uma maneira muito própria. “Tenho, para mim, muitas referências fortes e afetivas com a fotografia paraense”, afirmou Eiró.

Ao final, o público e os convidados se reuniram ao ato que defendeu a permanecia do museu de arte contemporânea no prédio da Casa das Onze Janelas.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale, apoio institucional da Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus/ Secult-PA, Sol Informática e Museu da Universidade Federal do Pará (MUFPA).