O suporte para a vivência artística na Conversa com os Residentes

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Os residentes Ricardo Ribeiro e Ionaldo Rodrigues, na companhia de Marisa Mokarzel e Lívia Aquino, suas respectivas tutoras, compartilharam com o público as experiências das residências artísticas realizadas em São Paulo e Belém. A conversa ocorreu na ultima quinta-feira (21), no Museu do Estado do Pará, com mediação de Mariano Klautau Filho, curador do projeto.

Os residentes, suas tutoras e o curador do projeto. Fotos: Irene Almeida.

Antes disso, Lívia Aquino apresentou o seu trabalho “Viva Maria”, que integra a mostra da nona edição como participação especial. Ele é uma citação direta a obra homônima de Waldemar Cordeiro, exposta na Bienal de Artes da Bahia de 1966, período da ditadura militar e que foi retirada pelo então governador Antônio Carlos Magalhães. “O contexto no qual o trabalho do Waldemar foi feito fez todo o sentido para mim, esse contexto me interessava muito. Eu fiquei olhando essa palavra e, no momento atual, tirar ela do singular e trazer para o plural era muito pertinente”, explicou.

Lívia Aquino falou sobre “Viva Maria”.

Lívia buscava não uma ideia de ponte entre dois momentos históricos, mas sim, de continuidade. “Passam os anos e nós ainda estamos nos mesmo problemas”, acentuou. “Viva Maria” é uma forma de resistência, um trabalho que acontece continuamente, inclusive, nos momentos de diálogo, onde as costuras e tessituras pessoais que são realizadas.

Na sequência, o curador do projeto explicou como se deu o processo da residência artística nessa edição. Mariano Klautau Filho enfatizou que “não há a obrigação de proporcionar um resultado e sim uma experimentação, pois cada um parte da sua própria dinâmica”. Isso dá aos artistas o suporte necessário para se dedicar à vivencia.

Público observa os processos dos artistas.

Foi o que aconteceu com Ricardo Ribeiro, que atuou em Belém com o acompanhamento de Marisa Mokarzel. Ele estava há dois anos trabalhando em “Puxirum”, premiado nesta edição do projeto, e aproveitou o período da residência para se debruçar sobre o que foi produzido. “Aqui em Belém eu consegui focar no projeto com a ajuda de muita gente que estava disposta a participar e a colaborar”, contou o artista. “O Ricardo tem pouco tempo na fotografia e esse pouco tempo já é muito marcante. Ele faz da fotografia um projeto de vida”, observou Marisa.

Sobre a residência de Ionaldo Rodrigues, da qual foi tutora em São Paulo, Lívia Aquino disse que colocou o artista em contato com uma rede de pessoas que pudessem colaborar com as reflexões que ele trazia. O paraense iniciou um trabalho a partir do arquivo/biblioteca da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A – EMPLASA, fonte de pesquisa e referência a qual chegou ainda durante a produção de “C Nova Feira”, premiado nesta edição. “Esse não é só um trabalho de arquivo, há uma inteligência poética por parte do Ionaldo que merece ser olhada com todo cuidado”, frisou Lívia.

Os residentes conversam sobre seus trabalhos e as experiências vividas.

“Eu nunca tinha tido a experiência de passar um mês, deslocado de tudo, pensando em um trabalho”, observou Ionaldo, ressaltando o papel fundamental do Diário Contemporâneo como incentivador na formação artística. Tanto “C Nova Feira” quanto a pesquisa realizada no acervo da EMPLASA trazem reflexões do fotógrafo sobre expansão urbana, memória, técnica e política.

Ao trabalhar com a macrofotografia em um relatório, o paraense tornava as palavras, imagens; escavava e destacava de seu contexto, criando novos significados e narrativas visuais. Tudo isso para atentar sobre a urbanização das zonas periféricas. “É uma infraestrutura que vem muito mais para viabilizar um fluxo econômico do que social. É para olhar quantas decisões técnicas e de engenharia são tomadas com interesses econômicos, quantos desequilíbrios ambientais são frutos de interesses econômicos e políticos”, finalizou.

Detalhe da pesquisa realizada por Ricardo Ribeiro.

VISITAÇÃO

A exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da 9ª edição do Diário Contemporâneo. As obras ficam no Museu do Estado do Pará – MEP. Além disso, o Museu da UFPA recebe a mostra individual “Lapso”, com trabalhos de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto de Elaine Tedesco. A visitação segue até dia 15 de julho.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.