RETROSPECTIVA – 2016: A Coleção de Fotografias

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A edição de 2016 do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia teve como destaque a constituição oficial da Coleção de Fotografias do projeto. Não houve edital de seleção e toda a atenção foi especialmente dedicada à Coleção que veio sendo formada desde 2010.

Desde o início da sua atuação, o Diário Contemporâneo sempre buscou ser mais que um prêmio. Assim, Belém recebeu por meio da ação do projeto, uma coleção de fotografia contemporânea que está sob a guarda das duas instituições públicas parceiras: o Espaço Cultural Casa das 11 Janelas e o Museu da UFPA.

Arquitetura do Esquecimento, de Daniela de Moraes

Integram o acervo trabalhos em fotografia, vídeo, instalação e outras linguagens produzidos por 44 artistas de todas as regiões do país. São eles: Carlos Dadoorian (SP), Luiz Braga (PA), Coletivo Garapa (SP), Ilana Lichtenstein (SP), Lívia Aquino (SP), Lucas Gouvêa (PA), Daniela Alves e Rafael Adorjan (DF e RJ), Emídio Contente (PA), Wagner Almeida (PA), Marcio Marques (SP), Renan Teles (SP), Ricardo Hantzschel (SP), Alex Oliveira (BA), Diego Bresani (DF), Yukie Hori (SP), Francilins Castilho Leal (MG), Ivan Padovani (SP), Ionaldo Rodrigues (PA), Rafael D’Alò (RJ), Randolpho Lamonier (MG), Pedro Clash (SP), Daniela de Moraes (SP), Dirceu Maués (PA), Felipe Ferreira (RJ), Guy Veloso (PA), Júlia Milward (RJ), Marco A. F. (RS), Marise Maués (PA), Marcílio Costa (PA), Pedro Cunha (CE), Tom Lisboa (PR), Tuca Vieira (SP), Véronique Isabelle (Canadá), Alberto Bitar (PA), Ana Mokarzel (PA), Janduari Simões (BA), Jorane Castro (PA), Miguel Chikaoka (SP), Octavio Cardoso (PA), Roberta Carvalho (PA), Walda Marques (PA), José Diniz (RJ), Mateus Sá (PE) e Péricles Mendes (BA).

MOSTRA ESPECIAL

A mostra especial “Belém: Ressaca, Heranças” teve a cidade e seu espaço urbano como objeto de reflexão em um momento histórico, pois 2016 foi o ano em que Belém completou seus 400 anos. A proposta da curadoria aos artistas participantes foi pensar a cidade criticamente tendo como referência a estrutura física e simbólica de alguns de seus patrimônios arquitetônicos em processo de transformação. Trabalhos de Alexandre Sequeira, Ana Mokarzel, Coletivo CêsBixo, Luiz Braga, Martin Perez, Paula Sampaio, Walda Marques e Wagner Almeida integraram a exposição.

Belém, Pará, Brasil. Cidade. Palacete Faciola, Martín Pérez, UY e Cecilia Moreno, RN. Artista convidado da 7ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. 10/03/2016. Foto: Martín Pérez.
Palacete Faciola. Foto: Martín Pérez.

BIBLIOTECA

A parceria entre o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o Museu da UFPA e Tenda de Livros, projeto da artista Fernanda Grigolin resultou no lançamento da biblioteca da Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia.

Constituída por 50 livros de quase 40 autores, ela tem como algumas das características a diversidade de produções e origens, equidade entre os gêneros, publicações independentes, livros de fotógrafos iniciantes e consagrados, além de resultados de pesquisas dentro das universidades.

Fernanda teve a oportunidade de realizar um bate-papo com o público de Belém sobre isso, na ocasião também houve o lançamento do livro Recôncavo e a distribuição do Jornal de Borda.

A artista curitibana que vive entre Campinas e São Paulo também realizou a oficina “A fotografia no livro em três ações: produzir, editar e circular”, de acompanhamento de projetos de livros com ênfase em fotografia.

DIÁRIO CONTEMPORÂNEO NAS ESCOLAS

A oficina “Experiência do Olhar”, realizada por Irene Almeida com assistência de Rodrigo José, foi realizada nas escolas da rede pública. Os alunos conheceram a Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia e a proposta da edição, compartilharam suas ideias a partir do que viram e construíram câmera obscuras em ações que trabalharam a fotografia como fator de descoberta. As ações formativas foram realizadas na Escola Municipal Rotary, Escola E. de E. Fundamental e Médio Professor José Alves Maia e na Unidade Pedagógica São José, localizada na Ilha Grande, na parte insular do Município de Belém.

Belem, Pará, Brasil. Belém. Pincel de Luz, oficina sobre fundamentos da fotografia para crianças do ensino fundamental na Escola Rotary Foto: Janduari Simões/Diario do Pará. 14.03.2016
Foto: Janduari Simões

AÇÕES

Cinthya Marques, coordenou a ação educativa da 7ª edição. Ela realizou o minicurso “Trajetórias educativas: por um olhar em expansão” no qual norteou questões essenciais para a formação do debate sobre o tema, além da proposição de percursos educativos para as visitas em prol da sensibilização do olhar a partir das obras do acervo.

“Horizonte Reverso” foi a oficina realizada por Dirceu Maués. Nela, os integrantes tiveram acesso ao processo de criação do fotógrafo, discutindo a relação com os dispositivos tecnológicos e participando da construção das câmaras obscuras.

Um convite para investigar a si mesmo. Assim foi o workshop “Na direção do Medo”, com o artista mineiro Gui Mohallem que instigou os participantes a darem um mergulho interior em busca de suas dificuldades e medos e, por meio de uma produção imagética, se aprofundarem em direção às suas questões mais internas. Os trabalhos mais recentes de Gui também foram tema de uma conversa informal do artista com o público.

Shenyang, China. Foto: Eugênio Sávio

Na era da imagem digital, a oficina “Fotojornalismo em tempos de transformação”, com o fotógrafo mineiro Eugênio Sávio, veio debater os novos dilemas da profissão. Além disso, Eugênio realizou um bate-papo no qual falou sobre seu trabalho como fotojornalista, produtor cultural do projeto Foto em Pauta e curador do Festival de Fotografia de Tiradentes.

A última oficina ficou a cargo da fotógrafa paraense Walda Marques. “Self-me” trabalhou o autorretrato como forma de autoconhecimento e construção de narrativas sobre si.

Palestras sobre os museus e rodas de conversas com Guy Veloso, Janduari Simões, Jorane Castro, Miguel Chikaoka, Alexandre Sequeira, Veronique Isabelle, Ana Mokarzel, Walda Marques, Octavio Cardoso, Pedro Cunha, Rosangela Britto, Marisa Mokarzel, Mariano Klautau Filho, Ionaldo Rodrigues, Wagner Almeida, Jorge Eiró e Geraldo Teixeira encerraram a edição. O lançamento da publicação “Fotografia Contemporânea Amazônica – Seminário 3×3”, de Sávio Stoco, artista e pesquisador de Manaus e a palestra “Velho ou antigo?”, de Jussara Derenji, diretora do Museu da UFPA, foram destaques da programação.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETROSPECTIVA – 2013: A humana natureza

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Pensar a natureza como algo vinculado ao homem foi o que o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia fez em 2013. O tema “Homem Cultura Natureza” norteou a quarta edição do projeto a partir da ideia de natureza como linguagem e cultura.

Retrato e paisagem, dois estilos fotográficos, dois jeitos de atuar no espaço-tempo. Ao colocar a cultura no meio dos fluxos de diálogo, o projeto convidou os artistas a pensarem a imagem desde a ideia mais clássica de natureza até a presença instável do homem no mundo cultural. “Ao atuar sobre o mundo natural, interferir no seu ambiente e construir sentido, o homem produz cultura”, observou à época Mariano Klautau Filho, curador do projeto.

Welcome home, de Gui Mohallem, selecionado em 2013

O JURI

A comissão do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia foi formada pelo fotógrafo Luiz Braga, autodidata que começou a fotografar aos 11 anos. Formado em Arquitetura pela UFPA ele; que tem atenção especial em seus ensaios à cultura visual, a população e a paisagem amazônica; foi o artista convidado da segunda edição do projeto.

A comissão contou ainda com Maria Helena Bernardes, formada em Artes Plásticas pela UFRGS e especialista em Expressão Gráfica pela mesma instituição.  Professora de História e Teoria da Arte, a artista ainda realizou o minicurso “Participação da Narrativa e da imagem na arte contemporânea”, no qual apresentou um panorama da arte contemporânea com foco em artistas que “contam histórias” através de imagens. Ela também encontrou o público na palestra “Projeto Areal”, na qual compartilhou a pesquisa desenvolvida com André Severo.

O artista visual Armando Queiroz foi o terceiro integrante do júri. Ele atua como curador independente em exposições e projetos no Brasil. Sua produção artística aborda conceitualmente questões sociais, políticas e patrimoniais.

ARTISTA CONVIDADA

A viagem de Walda Marques a Cuba foi o recorte escolhido para a mostra no Museu da UFPA. O país, suas pessoas, cores e rotinas foram para a parede DO MUFPA e aquela que tinha sido uma viagem de lazer e turismo se mostrou como um convite para que o público adentrasse também naqueles lares acolhedores.

Nascida em Belém, Walda iniciou na fotografia em 1989, nas oficinas de Miguel Chikaoka, artista convidado na 3ª edição do Prêmio.  Ela trabalhou com maquiagem para teatro e televisão e, em 1992, fundou o estúdio W.O. Fotografia, em parceria com Octavio Cardoso, premiado na primeira edição do projeto.

“Românticos de Cuba” trouxe fotografias que mostravam as casas de uma Havana que a artista sentiu como sua. Arquitetura, objetos e memórias de um lugar que vive um tempo próprio.

“Os Lugares do Retrato – Uma conversa com Walda Marques” foi a oportunidade que o público teve de conversar com a artista sobre a sua trajetória e experimentações, com atenção especial à temática do retrato. Na ocasião, ela falou também sobre a série inédita escolhida para o Diário Contemporâneo.

Românticos de Cuba. Foto: Walda Marques

PREMIADOS E SELECIONADOS

Na quarta edição, entre os 310 inscritos, foram premiados os trabalhos de Wagner Almeida (PA), Daniela Alves e Rafael Adorjan (DF e RJ) e Emídio Contente (PA).

A série “Livrai-nos de todo o mal”, de Wagner Almeida, fotojornalista do Diário do Pará, levou o Prêmio Homem Cultura Natureza. Dentro da realidade violenta da cobertura policial o fotógrafo conseguiu extrair uma poética sensível. A delicadeza com que as imagens dos corpos foram apresentadas trouxe a denúncia e a solidariedade às vítimas. O olhar humano de Wagner, naquele que é um momento difícil e de muita dor, mostrou a fragilidade da vida e do ser.

Outro paraense foi premiado mas dessa vez a experimentação foi o forte. “Cobogó”, de Emídio Contente, recebeu o Prêmio Diário do Pará. O artista transformou um tijolo em uma câmera artesanal pinhole. Seis furos e seis imagens diferentes, ainda que do mesmo objeto. Uma fotografia em preto e branco, construída com diversas perspectivas e tempos. Horas compartilhadas de um universo particular.

Partindo para uma outra proposta poética, “Derrelição”, de Daniela Alves e Rafael Adorjan levou o Prêmio Diário Contemporâneo. A performance que apresentou a figura feminina em rosa suave dialogando com um espaço arquitetônico em ruinas causou estranhamento e curiosidade. Com qualidades técnicas e cênicas impecáveis, as imagens refletiam muito bem sobre a temática escolhida para a edição.

Além deles, mais 22 selecionados integraram a mostra. Foram Ana Mokarzel (PA), Adrio Denner Santos de Sousa (PA), Amanda Amaral (SP), Carol de Goés (RS), Danielle Fonseca (PA), Fabio Cançado (MG), Gui Mohallem (MG), Heber Bezerra (MG), Ismael Agliardi Monticelli (RS), José Diniz (RJ), Leo Bitar (PA), Leticia Ranzani (SP), Lucio Flávio Santos Adeodato (BA), Larissa Pinho Alves Ribeiro (RJ), Mariana Mifano Galender (SP), Maura Castanheira Grimaldi (SP), Mateus Moura (PA), Marcio Marques de Carvalho (SP), Betânia Barbosa (PA), Pedro Cunha (PA), Renan Teles (SP) e Ricardo Hantzschel (SP).

Fotografia de Valério Silveira, na mostra “Cenário e Personagem”

MOSTRA ESPECIAL

Com o objetivo de valorizar a produção atual da fotografia paraense, o Diário Contemporâneo realizou a mostra especial “Cenário e Personagem”, que reuniu obras de oito artistas convidados. Ana Mokarzel, Marcelo Lelis, Rogério Uchôa, Danielle Fonseca, Bruno Leite, Mateus Moura, Luiza Cavalcante e Valério Silveira apresentaram trabalhos de gerações, técnicas e poéticas diferentes. Eles olhavam a fotografia como espaço de experimentação e reflexão, um ponto de partida para desenvolver narrativas e ficções sobre o cotidiano.

Ana Mokarzel, Mateus Moura e Danielle Fonseca, também estavam entre os selecionados da mostra principal.

AÇÕES

Formado por Marise Maués, Carol Lisboa, Bruno Leite e Pedro Rodrigues, o Coletivo Cêsbixo, que foi selecionado na terceira edição do Prêmio, realizou a oficina “Experimentos com a imagem que se move – Laboratório de Vídeo”. A ação formativa foi voltada ao pensar fotográfico de forma expandida e abrangeu a fotografia em múltiplos suportes e meios, além de refletir com os participantes sobre a questão autoral.

“Arte, natureza e contexto social – O projeto “Adote um urubu”, fruto da tese de mestrado de Andrea Feijó, foi o tema escolhido para a sua palestra. A partir da figura do pássaro a artista trouxe a reflexão sobre o acumulo de lixo em uma pesquisa que foi realizada na Ilha de Algodoal, no Pará.

Val Sampaio realizou a palestra “Arte, natureza e tecnologia – O projeto Água” e a oficina “Arte locativa: mobilidade e sentido”. As duas trouxeram os temas de tecnologia e geoespacialidade como possibilidades para novas criações artísticas e vetores de transformações sociais e de poder.

A programação foi encerrada com Aldrin Figueiredo, que em sua palestra “Entre o rosto da cidade e o rosto do povo: história e fotografia em Belém do Pará no século XIX” analisou as imagens da Belém antiga e a sua representação. Narrativa e história social da arte foram alguns dos tópicos abordados.

AÇÃO EDUCATIVA

Desde a sua primeira edição, o Diário Contemporâneo já havia percebido a importância da mediação artística e sempre formou uma equipe para receber todos os públicos nos museus. Em 2014, este cuidado foi ampliado com uma capacitação especifica para os mediadores e o tabloide, tradicional ferramenta de divulgação da do projeto, cresceu com a inclusão de uma parte da proposta da ação educativa. Nas mãos dos alunos e professores, o material desenvolvido por Heldilene Reale (que este ano integra a comissão de seleção) se tornou uma ferramenta pedagógica. As atividades foram entremeadas por jogos e brincadeiras que utilizaram as obras como ponto de partida. A ideia deu tão certo que vem sendo atualizada a cada edição desde então.

PALESTRA

Aproveitando a presença de Isabel Gouvêa, que integra a comissão de seleção deste ano, o Diário Contemporâneo abrirá com ela a sua programação de palestras da 10ª edição. “Lutas criativas no campo da arte: As experiências da Bahia no Prêmio Pierre Verger e no Programa Kabum! de Arte e Tecnologia” ocorrerá no dia 24 de junho, às 19h, no Museu da UFPA. A entrada será franca.

O PROJETO

Há uma década o Diário Contemporâneo vem lançando proposições e chamando os artistas para o debate, consolidando o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETROSPECTIVA – 2012: A fotografia da memória

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Em 2012, o Prêmio Contemporâneo de Fotografia realizava sua terceira edição e se mostrava cada vez mais consolidado como um edital de grande competição do país, além de produzir impacto na formação e produção de conhecimento em Artes Visuais e no intercâmbio artístico. “Memórias da Imagem” foi o tema escolhido para propor uma reflexão sobre o caráter atemporal da imagem fotográfica.

A memória acontece a todo momento e na fotografia ela é constantemente reinventada a cada leitura que a imagem recebe, a cada olhar e interpretação crítica. Ela não é só o registro de algo que ocorreu diante da câmera mas sim, um diálogo com aquele que vê a imagem no tempo presente e futuro.

Da série “Uma e outra erupção”, de Ilana Lichtenstein, premiada em 2012.

O JURI

Buscando ter um olhar cada vez mais plural, a comissão de seleção do terceiro Prêmio Contemporâneo de Fotografia foi composta por um fotógrafo, uma pesquisadora e um professor.

Nascido em Registro, São Paulo, Miguel Chikaoka é formado em engenharia pela Universidade de Campinas e é idealizador da Associação Fotoativa, onde atua como arte-educador com metodologia própria em ações que estimulam o pensamento crítico e criativo sobre o fazer fotográfico. Miguel foi o artista convidado de 2012 e também realizou o bate-papo “Trajetórias do Fotográfico”, tendo a mediação de Mariano Klautau Filho, curador do projeto.

Pós-doutora junto ao Programa de Pós-graduação em Estética e História da Arte do MAC-USP, Heloisa Espada atua nas áreas de curadoria, pesquisa e crítica de arte e é curadora de Artes Visuais do Instituto Moreira Salles desde 2008. Além de integrar a comissão de seleção, ela abriu a programação de palestras do projeto com a apresentação “Sombras e arte: Brasília ‘onírica’ e ‘barroca’ – A fotografia de Marcel Gautherot”. A palestra trouxe o tema de um dos seus livros e de sua tese de doutorado, explorando a fotografia na arte moderna.

Jorge Eiró foi o terceiro integrante do júri da terceira edição. É arquiteto, escritor e artista plástico. Além de ser doutor e mestre em Educação pela UFPA, é professor nesta universidade e na UNAMA. Também é membro do conselho curador do CCBEU, tendo executado diversos trabalhos de curadoria em exposições de Artes Visuais em Belém.

ARTISTA CONVIDADO

No Museu da UFPA, Miguel Chikaoka exibiu “Para ter de onde se ir”. O título da mostra foi uma referência ao poema “A Cabana”, do paraense Max Martins. Chikaoka escolheu Belém como sua casa e ajudou a consolidar o cenário da fotografia do Pará que conhecemos hoje com ações em arte e educação que estimulam o olhar e o pensamento crítico.

Na exposição, foi priorizada a exibição de trabalhos ainda inéditos mas sem a obrigação de realizar uma retrospectiva da carreira do fotógrafo. Foram para a parede as errâncias e os caminhos tomados pelo artista, refletindo seus movimentos de vida a partir das imagens em técnicas e apresentações diversas como digital, analógico e pinhole. Coloridos e em preto e branco, foram compartilhados os percursos que o artista topou na sua trajetória poética de experimentações.

Da série “Pretéritos Imperfeitos”, de Gordana Manic, selecionada em 2012.

PREMIADOS E SELECIONADOS

A comissão escolheu, entre os 304 inscritos, os trabalhos do Coletivo Garapa (SP), Ilana Lichtenstein (SP) e Lucas Gouvêa (PA) como premiados.

Paulo Fehlauer, Leo Caobelli e Rodrigo Marcondes, integrantes do Garapa, levaram o Prêmio Memórias da Imagem com a obra “Morar”. O ensaio retratou a desaparição de edifícios emblemáticos demolidos em São Paulo e refletiu sobre memória, paisagem, progresso e a dinâmica ansiosa das grandes metrópoles.

Mas o relógio correu em outro ritmo nas imagens de “Uma e outra erupção”, da artista Ilana Lichtenstein, vencedora do Prêmio Diário Contemporâneo. Eram fotografias do imaginário, como que saídas de um sonho e que nos convidavam a observar as pessoas, paisagens e animais atravessados pelo tempo não de maneira cruel, mas silenciosa e simultaneamente.

Qual a duração da imagem? Talvez ela necessite do movimento e ficar fixa somente na fotografia não é mais o suficiente, assim “Spinario”, vídeo de Lucas Gouvêa, vencedor do Prêmio Diário do Pará, mostra é que é preciso abrir todas as possibilidades poéticas. Vídeo, fotografia e performance estão conectadas nas imagens do artista que retira os espinhos do pé e os usa para “furar os olhos” do espectador. A pinhole digital captou uma nova narrativa simultânea à medida que cada buraco foi aberto em uma reflexão sobre a imagem e a luz.

Foram selecionados também os trabalhos de Alberto Bitar (PA), Ana Emília Jung (PR), Coletivo Cêsbixo (PA), Érico Toscano Cavallete (SP), Fábio Messias Martins de Souza (SP), Fabio Okamoto (SP), Fernando Schmitt (SP), Gabriela Lissa Sakajiri (SP), Gordana Manic (SP), Isabel Santana Terron (SP), Lívia Aquino (SP), Marian Wolff Starosta (RJ), Patrícia Gouvêa e Isabel Löfgren (RJ), Pedro Augusto Machado Hurpia (SP), Renato Chalu Pacheco Huhn (PA), Roberta Dabdab (SP), Romy Pocztaruk (RS), Tuca Vieira (SP), Vanja von Sek (PA) e Wagner Okasaki (PA).

AÇÕES

Além das palestras e encontros com Heloisa Espada e Miguel Chikaoka, o projeto também realizou o bate-papo “Imagem, Realidade e Fabulação a reinvenção da memória na vila de lapinha da serra”, com Alexandre Sequeira. Esta foi a oportunidade na qual o artista, que integrou o júri da segunda edição, pôde conversar sobre a pesquisa realizada entre 2008 e 2010 e que foi o objeto da sua dissertação de mestrado, defendida na UFMG. Para Alexandre, a fotografia é o pretexto do encontro e do início das relações afetivas, seus trabalhos de caráter relacional são documentos e memórias construídas à muitas mãos.

As ações formativas também incluíram oficinas. “Retratos Híbridos”, com Valério Silveira, instigou os participantes a intervir sobre as imagens. Feitos com a dupla exposição direto na câmera ou com a aplicação de desenhos, texturas e padrões em softwares de edição, os resultados foram retratos compostos de uma combinação de significados.

O minicurso “Uma introdução à história do livro fotográfico”, foi realizado por Joaquim Marçal, pesquisador da Biblioteca Nacional e curador, pela BN, do portal Brasiliana Fotográfica, além de professor agregado da PUC-Rio. Nele, Joaquim abordou com os participantes as origens do livro fotográfico e temas como a utilização de originais fotográficos, “cópias fiéis” e reprodução fotomecânica.

Premiado na primeira edição do projeto, Octávio Cardoso realizou a oficina “Ensaio – Resumindo uma Ideia”, que abordou temas como a narrativa e a edição fotográfica. A partir de exemplos como a extinta revista Life Magazine, pioneira no uso de ensaios como forma de comunicação, o fotojornalista propôs aos participantes a realização de dois ensaios e o desenvolvimento da melhor escolha de como apresenta-los. Técnica, prática, teoria e poética puderam ser vistas juntas no resultado do curso.

O PROJETO

Há uma década o Diário Contemporâneo vem lançando proposições e chamando os artistas para o debate, consolidando o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

RETA FINAL DAS INSCRIÇÕES 

O prazo para a inscrição no 10ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia está acabando. Os interessados têm somente até o dia 13 de junho (quinta-feira) para submeter seus trabalhos ao edital da edição especial de aniversário. Serão oferecidos três prêmios no valor de R$10.000,00 cada e as inscrições são realizadas somente pelo site www.diariocontemporaneo.com.br