A fotografia e o circuito da arte em conversa com Isabel Amado

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A forte chuva não impediu os interessados em discutir a fotografia de participarem de uma conversa com a curadora e especialista em conservação, Isabel Amado, que é membro da comissão de seleção desta 8ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A varanda do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas recebeu na noite de quarta-feira (22), a fala “Fotografia e o Circuito da Arte: entre o museu e a galeria”.

O curador do Projeto, Mariano Klautau Filho, iniciou apresentado Isabel que “é uma pessoa que atua na área da fotografia desde os anos 80”. Ela comentou sobre as mudanças que a fotografia passou e que muitas delas são bem recentes. “A fotografia mudou profundamente de 30 anos para cá. Estamos em um estágio de maturidade que considero impressionante e louvável. Fico feliz em ver isso”, disse a curadora.

Foto: Lana Machado

Quando surgiu, a fotografia não era considerada uma manifestação artística.  Isabel, que tem grande formação empírica, contou que foi um trabalho exaustivo fazer com que a fotografia saísse do lugar apenas do registro documental e colocá-la no universo da arte.

Da fotografia feita no Brasil, ela destacou o trabalho importante do Foto Cine Clube Bandeirante, um dos mais antigos e importantes fotoclubes brasileiros, “um lugar para estudar, ver e falar sobre fotografia”. O ambiente de experimentação tinha fortes influências da fotografia americana e européia.

Isabel mostrou imagens de fotógrafos como Ademar Manarini, Georges Radó, Gertrudes Altchulz, José Yalenti, Marcel Giró, Paulo Pires, Thomaz Farkas e Geraldo de Barros. Ela também destacou a importância do livro “A fotografia moderna no Brasil”, de Helouise Costa e Renato Rodrigues da Silva. “Esse livro é determinante para entender a fotografia no nosso país”, afirmou.

Ao falar sobre o mercado, ela apresentou os critérios para a legitimação da fotografia e a sua entrada em um museu ou coleção, esses critérios são utilizado por coleções como a do MoMA NY e MAC USP. São eles: a figura do curador como especialista, a valorização do vintage, a fotografia de autor enquanto alguém com uma linguagem particular e a afirmação da autonomia.

Durante a sua fala, Isabel destacou os momentos essenciais da entrada e da afirmação da fotografia no mercado da arte. “A apresentação que eu fiz foi para mostrar para vocês o quanto a fotografia se ampliou nos seus espectros, conceitos e espaços”, acentuou.

O incentivo ao colecionismo é fundamental para fazer a fotografia circular e ter seu valor sempre compreendido.  Para finalizar, a curadora destacou o próprio Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, que ano passado apresentou ao público a coleção de fotografia contemporânea que veio construindo desde o seu primeiro ano de atuação. Uma coleção que se forma bem próximo do momento de produção da obra, sendo assim um registro da produção artística da época em que vivemos.