RETROSPECTIVA – 2018: Realidades e representações

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O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia realizou em 2018 a sua 9ª edição. “Realidades da Imagem, Histórias da Representação”, temática escolhida, teve como objetivo selecionar e premiar obras que propusessem uma reflexão ampla sobre a prática social por meio da arte e o fazer artístico como expressão histórica.

Toda produção artística está ligada ao seu tempo e aos seus autores, sendo assim uma expressão histórica desde já. Por mais que a fotografia tenha alcançado o patamar de arte, abraçando a ficção, ela nunca deixou de ter relação com o mundo real. O que mudou foi a forma de se relacionar. O que antes tinha a obrigação de ser a cópia fiel da realidade, hoje se apresenta como um recorte dela, um olhar, uma possibilidade sensível que convida para ao diálogo.

Os artistas narram o mundo em que vivem. Ao acolher as diversas ideias, grupos e debates, o projeto reforçou a potência da arte em resistir e de se fazer presente no que estar por vir.

Terrane, de Ana Lira, artista selecionada

O JÚRI

Rosely Nakagawa, arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP/SP, integrou a comissão de seleção. Ela tem especialização em Museologia (USP) e em Semiótica da Comunicação (PUC/SP), além de atuar como curadora independente. Rosely inaugurou a programação da 9ª edição do com a conversa “Trajetória da curadoria de fotografia brasileira”, na qual falou sobre seu trabalho com os artistas da fotografia e sobre a valorização da atividade curatorial como um campo de reflexão sobre arte.  Ela ainda realizou o workshop “O livro como território de criação”.

Walda Marques também fez a seleção dos trabalhos. Ela iniciou na fotografia em 1989, nas oficinas de Miguel Chikaoka, trabalhou com maquiagem para teatro e televisão e, em 1992, fundou o estúdio W.O. Fotografia, em parceria com Octavio Cardoso. Walda foi a artista convidada da 4ª edição do projeto.

A mestre e doutora em Artes Visuais pelo PPGAVI do Instituto de Artes da UFRGS, com pesquisas sobre arquivos fotográficos e compartilhamentos de imagens via web, Flavya Mutran, finalizou a banca.

ARTISTA CONVIDADA

Flavya Mutran, que atualmente é professora do Departamento de Design e Expressão Gráfica na Escola de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre (RS), onde vive desde 2009, foi a artista convidada da 9ª edição.

Redes, tecnologia, globalização. A internet se tornou uma grande enciclopédia virtual e a artista mergulhou nela em pesquisas que tem como foco desde a figura humana até o “apagamento” desta. Flavya apresentou trabalhos conhecidos como EGOSHOT, BIOSHOT e DELETE.use reunidos na mostra “Lapso”.  Além disso, o público pôde conhecer mais sobre os seus processos em uma conversar realizada no Museu da UFPA.

Dá série DELETE.use. Foto: Flavya Mutran

PREMIADOS E SELECIONADOS

Pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apostou na residência artística. Dois dos seus três prêmios foram concedidos neste formato.

O paraense Ionaldo Rodrigues conquistou o Prêmio Residência Artística São Paulo com a sua pesquisa “C Nova Feira”. Ele propôs uma instalação com fotografias que registram uma feira na Cidade Nova fotografada por alguém a serviço da Companhia de Habitação do Estado (COHAB). Memória, patrimônio, esquecimento e política foram trabalhadas em suas poéticas.

O paulista Ricardo Ribeiro levou o Prêmio Residência Artística Belém. Seu trabalho vencedor, “Puxirum”, é um projeto iniciado em 2016 e tem lugar em São Pedro, uma comunidade de 120 famílias nas margens do rio Arapiuns, oeste do Pará. Suas imagens proporcionaram uma sensação de vida em suspensão, por acontecer. Uma exploração deste tempo e espaço tão frequentemente habitados pelo ribeirinho e tão fugaz para a maioria dos demais.

O artista plástico paulista Edu Marin Kessedjian teve a sua instalação áudio-fotográfica “Abrigo” contemplada com o Prêmio Diário Contemporâneo. O trabalho faz referência à vida que acontece nos hotéis de alta rotatividade do ‘centro novo’ de São Paulo. São espaços baratos, no geral ocupados apenas por algumas horas, pelos motivos mais variados.

Foram selecionados ainda Ana Lira (PE), André Penteado (SP), Camila Falcão (SP), Élcio Miazaki (SP), Emídio Contente (PA), Fernando Schmitt (RS), Fernando de Tacca (SP), Gabriela Lima (RJ), Ivan Padovani (SP), João Castilho (MG), João Paulo Racy (RJ), José Diniz (RJ), Marcelo Kalif (PA), Marcílio Caldas Costa (PA), Marco Antonio Filho (RS), Maurício Igor (PA), Natasha Ganme (SP), Paulo Baraldi (SP), Pedro Clash (SP), Roberto Setton (SP), Sérgio Carvalho (PI), Thiéle Elissa (RS) e Tiago Coelho (RS). A convite da curadoria do projeto os artistas Armando Sobral (PA), Brenda Brito (PA), Lívia Aquino (CE) e Renata Aguiar (AM) também exibiram seus trabalhos no museu.

Na abertura da exposição também foi lançado o catálogo da coleção de fotografias do projeto.

VIDEOARTE

A novidade da edição foi a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto da artista e professora Elaine Tedesco, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dentro da exposição ainda houve a sessão “Ao lado dela, do lado de lá”, trazendo vídeos contemporâneos de mulheres artistas. A oportunidade de circulação trazida pelo Diário Contemporâneo permitiu a difusão das obras dos artistas e favoreceu o ambiente de reflexão sobre o vídeo.

Elaine também participou de uma conversa com o público de Belém. Em “Audiovisual Sem Destino – um projeto de vídeo no Brasil” ela falou sobre a estruturação do edital nacional que busca mapear o que se está pensando e produzindo em videoarte no país.

A saga do Herói (2016), de Lívia Pasqualli, que integra a mostra AVSD

 

AÇÕES

Intitulada “Tempo para duvidar: por uma formação de espíritos livres”, a ação educativa da 9ª edição teve a coordenação de Rodrigo Correia. Ele convidou a fotógrafa e pesquisadora, Cinthya Marques, para realizar a curadoria educativa do projeto e o minicurso de formação de mediadores.

Em parceria com a Associação Fotoativa e o Projeto Aparelho, o projeto realizou a oficina “Um convite para [o] olhar”, com as crianças do Porto. Pelas ruas do entorno elas foram fotografando o que mais gostavam no lugar onde vivem. Duas saídas fotográficas foram realizadas, além de uma exibição particular do que foi produzido. O resultado foi compartilhado com o público em uma exposição dentro do mercado integrando o Projeto Circular Campina Cidade-Velha

Os artistas premiados na edição com as residências artísticas, Ionaldo Rodrigues e Ricardo Ribeiro, além de Lívia Aquino e Marisa Mokarzel, suas respectivas tutoras, participaram de uma conversa com o público de Belém sobre todo o processo.

A fotógrafa e artista visual pernambucana, Ana Lira, foi uma das selecionadas e, a convite do projeto, ministrou uma oficina para o público de Belém. “Entre-frestas” promoveu uma reflexão sobre os circuitos de criação, pensando no cotidiano como espaço de construção permanente. Ana também realizou a roda de conversa “Narrativas em presentificação: um diálogo com o projeto Terrane”, na qual contou sobre seu trabalho e história de vida, situando o público em seus percursos artísticos e pessoais que são constantemente entrelaçados.

A fotografia é uma ferramenta para evidenciar situações sociais e trazer questionamentos sobre a complexidade do contexto vivido. Foi com esse pensamento que o projeto convidou o professor Leandro Lage para debater “Imagem, Política e a Sobrevivência do Desejo”.

INSPIRAÇÃO

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inspirou pelo segundo ano consecutivo os estudantes da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, do bairro da Marambaia, a contarem suas próprias histórias através da fotografia.

A 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco” contou com a participação de 70 estudantes do 1º ano do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental, dos quais 30 foram selecionados para expor no Teatro Estação Gasômetro. A iniciativa veio a partir de uma proposição do professor de artes José Carlos Silveira depois das visitas às exposições do Diário Contemporâneo.

O PROJETO

Em 2019, o Diário Contemporâneo comemora uma década de atuação. Ele se tornou um dos grandes editais de competição do país, além de consolidar o Pará como um espaço de criação e reflexão em artes.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, parceria da Alubar e patrocínio da Vale.

Diário Contemporâneo aproxima crianças e adolescentes da fotografia

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Desde a sua primeira edição, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia tem o objetivo de estimular reflexões e debates a partir do contato com a arte. Os museus que recebem as mostras têm uma ação educativa totalmente pensada para as turmas escolares que as visitam. Além disso, o projeto tem expandindo a sua atuação para fora dos espaços expositivos.

No último dia 03, o Mercado do Porto do Sal recebeu a exposição “Um convite para [o] olhar” resultado de uma oficina homônima realizada por meio de uma parceria entre Diário Contemporâneo, Associação Fotoativa e Projeto Aparelho.

José Rosenildo foi um dos jovens que integrou o projeto no Porto do Sal e no último domingo exibia todo orgulhoso a foto que produziu. Foto: Irene Almeida

As crianças da comunidade produziram fotografias daquilo que mais achavam bonito no lugar onde vivem e tudo foi exposto em uma fotoinstatalação com câmaras obscuras que abrigavam histórias dentro e fora delas. “Eu gostei muito de ver a minha foto na caixa. Ficou muito legal e eu fiz umas fotos bacanas”, contou Talisson Tavares que em suas imagens mostrava desde uma garça voando no porto até um grafite de onça-pintada no muro.

Quinze crianças participaram da oficina e um mural com o retrato de cada uma delas foi feito. Era divertido se ver e reconhecer os amigos. Os próprios pequenos guiavam para apresentar suas fotos assim como fizeram com as facilitadoras durante a oficina. Dandara Ataíde nunca tinha tido a experiência de fotografar as ruas que vê diariamente. A câmara obscura também foi uma divertida novidade para ela. “Eu gostei muito de ver as fotos que fiz junto da caixa. Gostei da oficina, da experiência, de tudo”, disse.

A comunidade estava aberta à ação artística e se mostrou interessada em todo o processo. Parentes, amigos e outros moradores apareciam para ver o que estava acontecendo no Mercado e se surpreendiam com as produções das crianças.

“Foi uma das melhores coisas que já aconteceu aqui. Quando tem oficina todo mundo gosta. Eles aprendem e eu aprendo também”, comentou Dona Graça, dona de uma fruteira no box 2 do Mercado e que acompanhou de perto todo o trabalho realizado com as crianças.

Imagem feita durante a oficina feita pelo Diário Contemporâneo, Fotoativa e Coletivo Aparelho. Foto: José Roberto

DENTRO DOS MUSEUS

As exposições da 9ª edição seguem abertas e desde a sua inauguração os mediadores culturais atuam diariamente recebendo o público visitante. “Felicidade é trabalhar com o que se gosta”, afirmou Denise Sá que pelo segundo ano consecutivo repete a experiência de atuar na ação educativa do projeto.

“Tempo para duvidar: por uma formação de espíritos livres” é a proposta educativa desta edição e tem o compromisso com a formação de cidadãos de pensamento crítico e abertos ao diálogo entre arte e sociedade. A partir das obras, temáticas contemporâneas são debatidas com alunos e professores.

Os educadores que queiram levar as suas turmas podem solicitar o agendamento das visitas pelo site ou no telefone 4009-8695, no horário de 10 às 15h. As solicitações estão sujeitas à disponibilidade de agenda. Após o cadastramento de informações no site, todos os pedidos serão respondidos por email ou telefone.

VISITAÇÃO

A exposição “Realidades da Imagem, Histórias da Representação” exibe os trabalhos premiados, selecionados e participações especiais da 9ª edição do Diário Contemporâneo. As obras ficam no Museu do Estado do Pará – MEP. Além disso, o Museu da UFPA recebe a mostra individual “Lapso”, com trabalhos de Flavya Mutran, artista convidada e a mostra de videoarte “Audiovisual Sem Destino”, projeto de Elaine Tedesco. A visitação segue até dia 15 de julho.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará com apoio da Vale, apoio institucional do Museu da UFPA, Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus/SECULT-PA e colaboração da Sol Informática.

Conheça os locais de retirada do edital impresso

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O edital da 8ª edição está disponível no site http://www.diariocontemporaneo.com.br/ e na secretária do Projeto, que fica localizada na Aristides Lobo, 1055 (entre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa), no bairro do Reduto.

Além disso, é possível encontrar o edital impresso nos seguintes locais: Museu da UFPA, Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, Recepção do Jornal Diário do Pará, Belém Photos e Associação Fotoativa.

Retire o seu e inscreva-se até 15 de fevereiro!