Cianotipia encanta alunos

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> Imagem obtida por meio da Cianotipia: azul intenso

Depois de realizados os procedimentos necessários para a impressão da imagem por meio da técnica da cianotipia, a espera. Por vezes são necessários até dois dias para se obter o resultado desejado da sedutora imagem azul. Durante a oficina “Processos da Cianotipia”, ministrada por Eduardo Kalif, os alunos aprenderam a lidar com o tempo, e também a refletir sobre o tempo. A maneira de obtenção e reprodução de imagens tem pelo menos dois objetivos – se pensado qual o sentido de ensinar um método artesanal do século XIX, já que existe um sem-número de tecnologias digitais disponíveis: aprofundar a reflexão acerca da produção desenfreada de imagens e criar propostas contemporâneas para o uso da técnica secular de impressão negativo-positivo.

O ministrante destacou que “a tecnologia permite pouca reflexão, já que facilita a produção, já a artesania favorece o tempo de construção da imagem em várias etapas”. Kalif também realçou o caráter plástico da técnica  e o diálogo com a arte contemporânea. “Aprender todas as etapas é diferente de apertar um botão. O artesanal tem o encantamento, a magia. A imagem pode nem estar boa, mas o processo é prazeroso”, disse.

Para um público diversificado, Kalif achou prudente iniciar a oficina por meio de uma breve explanação sobre os primeiros processos fotográficos. Inventada por John Herschel, na Inglaterra, em 1840, a Cianotipia funciona com de sais de ferro como substâncias fotossensíveis. Afinal, o laboratório fotográfico é também um laboratório de química. Os produtos utilizados são: água destilada, citrato de ferro amoniacal verde, ferricianeto de potássio e gelatina sem sabor. Em duas soluções, as substâncias misturadas servem para sensibilizar as matrizes como papel e tecido, que ficam com uma cor amarelada. Logo após, a imagem do negativo é colada entre uma chapa de vidro e a o suporte escolhido para impressão.

O próximo passo é a exposição à luz do sol. Com as manhãs nubladas em Belém neste periodo, foi preciso esperar um pouco mais para a revelação das imagens em água corrente. Assim, remove-se os produtos químicos que não foram sensibilizados pela luz, gerando a imagem. Diante da expectativa dos alunos, Kalif minuciosamente avaliava tempo, cor, contraste.

Para a estudante Adriana Cardoso, a obtenção do cianótipo, por ser tão diferente de outras formas fotográficas, é uma maneira de exaltar a imagem. “Acho que a cianotipia valoriza a fotografia e achei isso interessante. Procurei a oficina para ampliar meus conhecimentos e já participei de outras como fotografia P&B, Fotojornalismo e Pin Hole”, disse a estudante.

Para Durval Soeiro, estudante do curso de Biblioteconomia, o interesse por processos artesanais foi o que o levou a inscrever-se na oficina. Ele destaca que a técnica do cianótipo ajuda a desvendar novas possibilidades fotográficas. “Você pode utilizar uma imagem já existente que vai se transformar em outra ou mesmo construir a imagem”, disse. Além disso, Durval destaca que diante das câmeras digitais é importante saber mais sobre a história da fotografia, sobre os processos que originaram tanta tecnologia de produção e reprodução de imagens. “A gente começa a entender como tudo evoluiu. Isso nos dá outro olhar em relação à imagem, nos faz trabalhar melhor com o tempo, que tem que que ser nosso aliado – e não ao contrário”, opina.

Hugo Gomes, estudante de artes visuais, não sabia muito bem o que a era Cianotipia. Tinha vagas informações sobre o processo que origina a imagem anil. Ele acredita que o conhecimento da técnica foi fundamental para a sua formação, já que trabalha também com design e arte gráfica. “Faz parte do desenvolvimento da linguagem. Me descolei um pouco do digital e agora estou fazendo essa  volta às origens, que proporciona praticar a experimentação”, disse.

Participe
II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia oferece ainda a oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. As inscrições podem ser feitas presencialmente, a partir do dia 15/02, no Museu da Ufpa (Av. José Malcher,1192, Nazaré). Período da oficina: 22 a 26/03. Inscrição gratuita. Informações: 3224-0871.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

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