Oficina “Fotografia Documental”: confira a lista de selecionados

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Foram divulgados hoje (18) os nomes dos selecionados para a Oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. O curso objetiva a realização de um projeto temático de média e longa duração, desde a sua concepção, passando por fases como a pesquisa, a realização, a exibição e a pós-produção. O autor terá como exemplo-base o projeto  “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, desenvolvido pelo fotógrafo entre 2002 e 2010.

No projeto, o artista documentou nada menos que 118 grupos religiosos de caráter secretos, nas cinco regiões do país. O ensaio foi exposto recentemente na 29ª Bienal Internacional de São Paulo/2010. Também serão abordados temas como técnicas de abordagem, ética fotográfica, mercado de fotografia autoral e apresentação de projetos para galerias e museus.

Confira abaixo a lista de selecionados:

1. Analú Morais

2. Alexandre Silva

3. Carlos Pará

4. Érika de Fátima de Miranda Nunes

5.Elaine Andrade Arruda

6. Evina Mara Moura Gutierrez

7. Everaldo Pereira do Nascimento

8. Eline Ribeiro do Nascimento

9. Fátima do Rosário Pacheco Soares

10. Irislane Pereira de Moraes

11. Karol Khaled Conceição

12. Josinaldo Vales Ferreira

13. Jorge Leal Eiró da Silva

14. Julio Cesar da Silva Chagas

15. Marcos Joel Cunha dos Reis

16. Marcio Wariss Monteiro

17. Mara Rodrigues Tavares

18. Marise Maués Gomes

19. Maria Olinda Silva de Sousa Pimentel

20. Paulo Sérgio das Neves Souza

21. Polyane de Castro Amaral Feio

22. Shamara Cristian Alves Fragoso da Silva

23. Tarso Glaidson Sarrafo Rodrigues

24. Véronique Isabelle

25. Wagner Yoshihiko Okasaki

26. Wisfredo Guimarães Gama

27. Daniel Hudson Carvalho Vieira

28. Eliane Cristina Souza da Costa

29. Teonila Bezerra Lima

30. Maria das Graças Ferreira Dias

31. Sandro Destro Lima

32. Douglas Augusto da Silva Caleja

33. Daísa Catarina dos Passos Silva

35. Vivian Maria Pereira Santa Brígida

34. Hernani Ferreira da Silva

Aos não selecionados, exclusivamente, haverá uma palestra com o resumo da Oficina no dia 29/03 (terça-feira), às 19h, em local a definir. Os mesmos serão notificados por e-mail.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Circuito de exposições será aberto no dia 15

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> Imagem de Ney Marcondes (PA), que integra a mostra “Diários da Cidade”

Mostra “Crônicas Urbanas” será aberta na próxima terça-feira (15) no Museu da UFPA, que recebe também a exposição “Solitude”, com imagens inéditas de Luiz Braga, fotógrafo homenageado

Será lançada nesta terça (15), às 19h, no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), a II Mostra Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas. Depois de se debruçar sobre a diversidade cultural brasileira em sua primeira edição, desta vez o projeto tomou como ponto de partida a cidade como lugar privilegiado de ação da cultura. E propôs ao artista um exercício sobre o universo urbano, seu cotidiano, suas imagens e representações.

Participam da mostra 21 artistas (veja aqui a lista completa), selecionados entre 254 inscritos provenientes de várias regiões brasileiras. Destes, três foram premiados: Silas José de Paula (CE), na categoria Crônicas Urbanas; Leonardo Sette (PE), na categoria Diário Contemporâneo; e Roberta Carvalho (PA), na categoria Diário do Pará. Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados.

> Imagem de Francilins Castilho (MG), que integra a mostra “Crônicas Urbanas”

A comissão julgadora do concurso – formada pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou um total de 254 trabalhos. Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP) e Manaus (AM).

Solitude

Na ocasião, também será aberta à visitação a mostra “Solitude”, com trabalhos inéditos de Luiz Braga, fotógrafo homenageado desta edição. A longa trajetória imagética do fotógrafo, marcada pela forte presença humana, aqui se faz inversa. É por meio das ausências que emergem as lembranças da infância, dos vizinhos que se foram, das trocas afetivas.

A mostra retrata momentos importantes da vida de Luiz, com situações fotografadas em casas distintas, como a do escritor paraense Bruno de Menezes, na Cidade Velha. Ainda como parte da programação do II Prêmio Diário Contemporâneo, Luiz fará um bate-papo com o público no dia 6 de abril, no IAP.

> Imagem de Luiz Braga, que integra a mostra “Solitude”

Diários da Cidade

Uma das novidades desta edição, a mostra “Diários da Cidade” reunirá imagens produzidas por fotógrafos do Diário do Pará, com curadoria de Alberto Bitar, Octavio Cardoso – editores de fotografia do Diário – e Mariano Klautau Filho – curador geral do projeto. Dezoito artistas integram a exposição, que será aberta nesta quarta-feira (16), às 19h, na Sala Gratuliano Bibas, no Museu Casa das Onze Janelas.

No Laboratório das Artes, Luiz Braga exibirá o vídeo inédito “Do Outro Lado da Rua”, em que apresenta cerca de 70 fotografias de uma novena feita em uma casa da travessa Tirandentes, no bairro do Reduto, em frente de onde hoje está situado o seu estúdio fotográfico.

PARTICIPE

Mostras “Crõnicas Urbanas” e “Solitude”

Abertura: 15 de março, às 19h, no Museu da UFPA (Av. José Malcher, esquina com Generalíssimo Deodoro, Nazaré).

Visitação: até o dia 15 de maio.

Entrada franca.

Mostras “Diários da Cidade” e “Do Outro Lado da Rua”

Abertura: 16 de março, às 19, no Museu Casa das Onze Janelas (Praça Frei Caetano Brandão, Cidade Velha).

Visitação: até o dia 17 de abril.

Entrada franca.

Novidades também pelo Twitter: www.twitter.com/premiodiario

Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340 / contato@diariocontemporaneo.com.br

Luzes inimigas

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Conheça o trabalho de Leonardo Sette, vencedor na categoria “Diário Contemporâneo”

O pernambucano Leonardo Sette é dono de uma trajetória reconhecida no cinema. Graduado em Historia do Cinema pela Université Paris, ele produziu e montou dois longas e mais de 20 curtas, além de ter ministrado oficinas de vídeo para jovens indígenas em várias partes da Amazônia. Como crítico, colabora desde 2006 com a revista Cinética, publicação eletrônica focada na reflexão crítica e ensaística sobre o cinema e o audiovisual – também conhecida pelos textos ácidos. Seus curtas “Ocidente” e “Confessionário” colecionam prêmios em festivais pelo Brasil e ele se prepara para iniciar as filmagens de “Leme”, filme contemplado pelo Programa Petrobras Cultural.

Só que há pouco menos de um ano, Leonardo se descobriu fotógrafo. E nada mais natural que tanta familiaridade com o universo das imagens em movimento também impregnasse sua fotografia estática. O artista celebra Paris como palco político e berço esplêndido da imagem em “As Luzes inimigas”, instalação vencedora do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas, na categoria “Diário Contemporâneo”.

Composta por 16 fotos acompanhadas pela exibição contínua de um vídeo de sete minutos, o trabalho – produzido entre 2005 e 2008 na Cidade-Luz – levanta questões sobre formatos, vídeo, cinema, cinefilia e a própria fotografia. “’As Luzes Inimigas’ é quase um roteiro de cinema, fragmentado e visual e com apuro técnico impecável”, elogia o curador geral do projeto, Mariano Klautau Filho. “Conversam na mesma medida o rigor da fotografia urbana em preto e branco e a fluidez do vídeo, a serviço de uma narrativa extremamente pessoal”, destaca.

O júri, formado pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou 254 trabalhos vindos de todas as regiões do Brasil. Cada um dos três vencedores (veja quadro) receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados. Os trabalhos serão reunidos em uma mostra aberta no dia 15 deste mês no Museu da UFPA.

TEOR POLÍTICO

Em “As Luzes Inimigas”, protestos de rua parecem aprisionados como inofensivas imagens de arquivo, graças a um cenário antiquado – e ao preto e branco documental escolhido pelo fotógrafo. “O excesso de luz contorna a dureza de uma rica e velha sociedade, num país hoje governado com grave teor de extremismo”, destaca o artista no texto de apresentação do projeto.

Na imagem intitulada “Sarkozy-Le Pen”, vemos uma Paris às vésperas das eleições, repleta de cartazes mostrando o rosto do então candidato à presidência Nicolas Sarkozy com o nome do líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen. O ano era 2007. “O flerte desinibido com ideias da extrema direita foi parte importante da eficiente estratégia que levou Sarkozy ao poder”, pontua Leonardo.

Em “Gás”, vemos fotógrafos atingidos por gás lacrimogêneo durante repressão às manifestações estudantis em 2006. Já o díptico horizontal “Pedras” é o registro de um ataque à barreira policial que fecha o caminho ao escritório do primeiro-ministro em uma época em que a França tinha até então o mais alto índice de desemprego entre jovens da Europa.

A beleza do caos

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Conheça o trabalho de Silas de Paula, vencedor na categoria “Crônicas Urbanas”

Seduzido pelo caos que é característica fundamental dos grandes centros, com toda a velocidade dos atos e toda a complexidade da vida que há nesses espaços, o fotógrafo capixaba Silas de Paula descobriu um novo sentido para a sua fotografia. Habituado ao preto e branco documental, clássico, e com vários trabalhos autorais na bagagem, ele se viu sufocado, entrou em crise.

Começou a achar suas imagens duras, angustiadas demais. O documental limitava, não dava conta do que ele queria fazer e mostrar. O ano era 1984. “Fechei o estúdio, vendi meu equipamento, fiz um concurso para a universidade e resolvi estudar”, relembra. Foi morar na Inglaterra, fez doutorado, tornou-se professor. E permaneceu 20 anos sem fotografar. Foi quando a vida acabou lhe surpreendendo: a filha havia se tornado fotógrafa.

Com ela, Silas aprendeu a pensar no que hoje chama de “ficcionalização do cotidiano”. E buscou na movimentação apressada do ambiente urbano a poética da dissolução do tempo, das formas, até onde já não seja possível distinguir realidade e ficção. “Andar no centro, durante alguns anos, perceber como é caótico e como a maioria das pessoas que não vivem aquele dia-a-dia reclamam da desorganização, me fez pensar em fazer algo”, relembra.

Dessa inquietude nasceu “Gente no Centro”, série vencedora do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia na categoria “Crônicas Urbanas”. São cinco imagens multicoloridas, quadradas, não-nítidas, mergulhadas em uma atmosfera de sonho, imaginação. Das cenas ordinárias, vemos irromper a figura humana, sem rosto, anônima – absorvida pela pressa da rotina. Não lhe basta a paisagem: “Eu fotografo gente”, acentua.

VIÉS SOCIAL

A experiência como professor na Universidade Federal do Ceará, na convivência com os alunos e seus questionamentos, também aguçou o olhar do artista. Em uma das várias manhãs de exercícios fotográficos no Mercado São Sebastião, em Fortaleza, Fotos: Silas de Paula/ Divulgação um personagem em especial lhe chamou a atenção: o vendedor ambulante. “A mídia pauta estes vendedores como uma praga. Mas eles, com suas cores, dão vida ao centro”, defende.

É claro que não é fácil fotografá- los. Camelôs não costumam simpatizar com fotógrafos. “Eles acham que vamos fazer uma denúncia nos jornais para expulsá-los do centro”, diz Silas. “Converso com eles e explico que quero mostrar um outro lado. Mesmo desconfiados, muitos me deixam fotografá-los mas, às vezes, eu os fotografo sem que saibam”, conta. O “outro lado” a que o artista se refere é a defesa desses personagens como elementos fundamentais para a vitalidade desses espaços.

“As maiores cidades do mundo têm vendedores pelas ruas e são aceitos e, muitas vezes, elogiados pelos turistas. Não acho que eles têm que ser expulsos e sim encontrar um jeito de uma convivência pacífica. É uma questão cultural e de sobrevivência”, define. “Com as fotos percebi, mais ainda, que o que queremos expulsar é algo que dá vida ao centro, que é bonito e muitas vezes divertido. Lógico que existe uma complexidade maior que precisa ser discutida, alguns problemas sérios. Mas pode ser um ponto de partida para uma discussão sobre o assunto”.

Árvores que pulsam

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Conheça o trabalho de Roberta Carvalho, vencedora na categoria “Diário do Pará”

Fugir de obviedades e de temas clichês para integrar arte e natureza é um desafio. A artista Roberta Carvalho tem isso em mente. O desejo de trabalhar instigada pela relação homem / natureza sempre foi um desejo antigo. Na verdade, ela busca essa integração para compreender algo primário: que o homem é natureza. É tudo orgânico, biológico. Não à toa o termo que define essa relação, “simbiose”, dá título a um de seus trabalhos em que a ideia primeira está imbricada com a construção de um discurso artístico em que homem e natureza são elementos centrais.

“A idéia do ‘Symbiosis’ é restaurar essa identidade e fazer com que literalmente nos vejamos nessa natureza da qual nos separamos e vice-versa”, explica. Simbiose é a palavra usada para descrever a relação entre dois ou mais organismos de espécies diferentes, em que não há perdas para nenhum deles e acontece de forma mutuamente vantajosa.

Projeto Symbiosis – vencedor na categoria Diário do Pará, do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – foi sendo desenvolvido ao longo dos anos, por meio de experimentação artística com imagem e vídeo e pesquisas sobre linguagem audiovisual. E quase sempre com um desejo de aliar o projeto às questões da natureza, com uma proposta não usual., na tentativa de descobrir possíveis espaços de projeção, não óbvios.

EXPERIMENTAÇÃO

A artista foi convidada pela Associação Fotoativa para realizar projeções durante o Colóquio de Fotografia, há dois anos, quando teve o insight de que deveria integrar uma imagem à copa de um dos jambeiros da Casa das Onze Janelas. “Fui olhar o espaço para planejar a ação, que era no piso superior, e procurei, procurei… Pensei em várias coisas e fui pra casa. Dormi pensando na proposta e acordei com a imagem exata e o local a ser projetado: a árvore”, relembra a artista, acrescentando que o resultado foi a conjunção de diversas experiências precedentes.

Pronto. Estava feito o primeiro “Symbiosis”, que deu vida ao desejo íntimo de Roberta de falar de natureza por meioda da arte e também de levar a arte para um espaço mais acessível, de fácil entendimento. “Para mim, a arte deve apontar para a vida e não para arte”, explica-se. Agora consolidado como projeto de projeção de fotografia e vídeo, o “Symbiosis” tem uma metodologia própria e um dos processos de pesquisa é fazer um estudo formal das copas das árvores para selecionar a figura humana a ser projetada.

O critério básico da escolha do corpo a ser projetado relaciona-se bastante com sua questão formal. Já houve casos, no entanto, em que a relação conceitual falou mais alto na opção pela imagem. Em uma das exibições do projeto, por exemplo, o rosto de uma criança foi projetado em uma árvore “jovem”, no meio de diversas árvores muito maiores. As imagens em geral são de rostos de homens, crianças, e da própria artista, mas não há um rigor para a escolha de quem estará nas projeções. Segundo Roberta, a base do trabalho é a experimentação e a expressividade das formas. “A ‘symbiosi’ é realmente uma busca deste projeto e ela se dá quando há uma perfeita adequação do corpo (do ser humano ou da arte) com a natureza. E isso, só experimentando ver para sentir”.

Pela qualidade plástica, aliada ao forte apelo conceitual, Roberta Carvalho foi a grande vencedora da categoria Diário do Pará. Quem analisa é Alexandre Sequeira, que integrou a comissão de seleção do Prêmio. “O projeto apresenta projeções em suportes não convencionais, fazendo conexão curiosa com outras linguagens. E conceitualmente humaniza a obra. A poética não demanda conhecimento especifico na área. A pessoa é seduzida, é encantada facilmente, sem contar a elegância plástica”, diz o artista e professor.

Em imagens, o mistério da fé

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> Fotografia da série “Penitentes”, de Guy Veloso

Para compor a série “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, o fotógrafo Guy Veloso foi até comunidades distantes do interior do país e lá passou vários períodos, como Semana Santa e Dia de Finados, em busca de grupos que ainda hoje realizam rituais de penitência.

Foram oito anos para fotografar 118 grupos em todas as cinco regiões do Brasil. Mas até chegar à completude, Guy construiu uma rede de informações e contatos necessários para planejar suas viagens e obter permissão para fotografar. O percurso deste projeto será o cerne da oficina “Fotografia Documental”, o segundo curso oferecido pelo II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas presencialmente no Museu da UFPA, até 11/03.

Saber como elaborar um projeto de pesquisa e de realização de um ensaio deste gênero é o primeiro passo para a consolidação de um trabalho, segundo o próprio ministrante. Com o recorte do projeto “Penitentes”, densa pesquisa iniciada em 2002, Guy foi convidado pelos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias para compor a mostra oficial da 29ª Bienal de São Paulo em 2010.

Para a oficina, o fotógrafo vai mostrar como se desenvolveram as pesquisas prévia e de campo. “Vou falar sobre como elaborar um projeto prático de fotografia documental e das fases que envolvem o planejamento, desde a escolha do tema, até a pré-produção, os contatos, a exibição, pós-produção, etc”, explica. Além disso, a oficina também prevê elementos que envolvem, por exemplo, técnicas de abordagem pessoal.

PESQUISA

Para fotografar os grupos de alimentadores das almas, como também são conhecidos os penitentes, Guy precisou contatar antes historiadores, sociólogos, antropólogos, e entidades como secretarias de cultura municipais, além de representantes dos próprios grupos. Antes de fotografar, sempre procura conversar com os fotografados, entender como se dá o ritual, imaginar qual a melhor localização para fotografar, qual fonte de luz aproveitar.

“Meu equipamento é discreto e o primeiro contato é sem a câmera. Já fiquei quatro anos para obter autorização e quando consegui o pneu do carro que eu estava furou”, conta. Isso aconteceu em Juazeiro, na Bahia. O nordeste foi a região onde tudo começou e onde se tem maior registro de penitentes. Mas em 2009 Guy começou a supor poderiam existir penitentes nas cinco regiões brasileiras.

Jamais pesquisador algum divulgou essa informação. Guy Veloso testemunhou os grupos religiosos de norte a sul. A pesquisa foi o suporte essencial para a realização do projeto, que no início era intuitivo. “Agora é tudo mais sistematizado. O estudo é fundamental. É importante sempre querer saber mais sobre o assunto, tanto historicamente quanto emocionalmente. O ensaio sai sempre melhor”, destaca o fotógrafo.

Exemplos do envolvimento emocional foram algumas intempéries no meio do projeto, como acidente de carro em Sergipe, furto de uma câmera filmadora em Aracajú, dengue em Oriximiná, depressão no Ceará em decorrência do tema e brigas por telefone com a então namorada. “Nunca pensei em desistir, mas uma vez já `dei um tempo’, saí de Juazeiro com raiva, estava ficando tenso demais com os cânticos tristes e evocações à morte. Fui para Recife, para a praia e fiquei apenas dois dias. Voltei correndo para lá, para o sertão, para o meu tema”.

PARTICIPE

Oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. Inscrições gratuitas no Museu da UFPA (Av. José Malcher,1192, Nazaré). Período da oficina: 22 a 26/03. Informações: 3224-0871.

SAIBA MAIS

Guy Veloso
www.fotografiadocumental.com.br

(Texto: Assessoria de Comunicação)

Olhares sobre a cidade

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> Imagem da série Projeto Symbiosis, de Roberta Carvalho (PA)

> Imagem da série Gente no Centro, de Silas José de Paula (CE)

> Imagem da série Luzes Inimigas, de Leonardo Sette (PE)

O alargamento das relações possíveis com a fotografia é a principal marca dos trabalhos selecionados ao II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Silas José de Paula (CE), Leonardo Sette (PE) e Roberta Carvalho (PA) foram escolhidos nas categorias “Crônicas Urbanas”, “Diário Contemporâneo” e “Diário do Pará”, respectivamente. Três olhares particulares sobre o espaço e o tempo da cidade, proposto pelo tema “Crônicas Urbanas”.

> Confira aqui a lista completa de participantes

“Além da diversidade dos trabalhos, nos chamou atenção o potencial na representação da imagem fotográfica aliada a outras esferas da imagem na tecnologia”, destaca o curador geral do prêmio, Mariano Klautau Filho. A comissão julgadora – formada pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou 254 trabalhos vindos de todas as regiões do Brasil. Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz  (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP) e Manaus (AM).

Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados. Os trabalhos serão reunidos em uma mostra aberta no dia 15 de março no MUFPA.

DIVERSIDADE

“É um conjunto de trabalhos que desmonta um entendimento mais conservador. Mais do que escolher os melhores, reunimos um grupo que aponta questões muito relevantes para a discussão da linguagem fotográfica hoje, da sua amplitude”, diz Alexandre Sequeira. “Premiados e selecionados circunscrevem um campo de discussão extenso, reflexões maduras, que precisam ser observadas”.

Marisa Mokarzel concorda. “O júri ficou atento para o fato de que não se trata de um salão, ou seja, a discussão vai muito além do caráter puramente competitivo. Temos, afinal, um grupo de 21 premiados, entre artistas iniciantes e experientes. São crônicas urbanas sob os mais variados pontos de vista, o exercício da fotografia em suas múltiplas possibilidades, sem distinções”, complementa.

Premiado na categoria “Crônicas Urbanas”, destinada a trabalhos de abordagem documental voltada ao cotidiano ou originados de um projeto autoral de documentação, o cearense Silas José de Paula conferiu uma atmosfera onírica a cenas aparentemente triviais na série “Gente no Centro”, em que registra o movimento diário no centro da cidade, com sua suas ruas movimentadas, seus camelôs e sua pressa característica.

O prêmio “Diário Contemporâneo”, destinado a trabalhos cujo conceito se relaciona com instalação, vídeo, objetos ou performances, foi conquistado pelo pernambucano Leonardo Sette, que impressionou o júri com a instalação “Luzes Inimigas”, em que articula o rigor da fotografia urbana em preto e branco e a fluidez do vídeo, em uma narrativa em tom confessional.

Roberta Carvalho venceu na categoria Diário do Pará, prêmio que abrange todas as poéticas e propostas conceituais, destinado somente a fotógrafos paraenses ou residentes atuantes no Pará. “Projeto Symbiosis”, desenvolvido pela artista desde 2009, constrói-se de projeções multimídia em copas de árvores, discutindo a interação entre homem e natureza.

Além da premiação e da mostra, a programação prevê ciclo de palestras, bate-papos, encontros com artistas, oficinas e atividades de arte-educação. Hoje o projeto abre inscrições para a oficina “Fotografia Documental”, que será ministrada por Guy Veloso, experiente foto-documentarista, que teve seu projeto mais recente, “Penitentes”, exposto na 29ª Bienal de São Paulo. Todas as atividades são gratuitas.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Abertas as inscrições para “Fotografia documental”

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> Imagem da série “Penitentes”, de Guy Veloso

Estão abertas as inscrições para a oficina “Fotografia Documental”, que será ministrada por Guy Veloso, experiente foto-documentarista.

O curso objetiva a realização de um projeto temático de média e longa duração, desde a sua concepção, passando por fases como a pesquisa, a realização, a exibição e a pós-produção. O autor terá como exemplo-base o projeto  “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, desenvolvido pelo fotógrafo entre 2002 e 2010.

No projeto, o artista documentou nada menos que 118 grupos religiosos de caráter secretos, nas cinco regiões do país. O ensaio foi exposto recentemente na 29ª Bienal Internacional de São Paulo/2010.

Também serão abordados temas como técnicas de abordagem, ética fotográfica, mercado de fotografia autoral e apresentação de projetos para galerias e museus.

Sobre o artista

Guy Veloso, é fotógrafo desde 1988. Seu trabalho enfoca a religiosidade brasileira. Possui obras nos acervos da University of Essex Collection of Latin American Art, Colchester-Inglaterra; Centro Português de Fotografia, Porto-Portugal; Coleção Joaquim Paiva, entre outros. Em 2005 integra o livro “História Visual – Fotografia no Brasil, Um olhar das Origens ao Contemporâneo”, de Ângela Magalhães e Nadja Peregrino. Entre 2005 e 2007 sua mais recente individual, “Entre a Fé e a Febre: Retratos”, itinerou pelo Brasil, Argentina, Chile e Alemanha.

PARTICIPE

Até o dia 11 de março, inscrições abertas para a oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. A atividade será realizada entre 22 e 26. Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340. Todas as atividades são gratuitas.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Projeto divulga selecionados e premiados

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> A comissão de seleção do projeto avalia os trabalhos

Silas José de Paula (CE), Leonardo Sette (PE) e Roberta Carvalho (PA) são os grandes vencedores do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas. A comissão de seleção (foto), composta por Tadeu Chiarelli, Marisa Mokarzel e Alexandre Sequeira, analisou 254 trabalhos vindos de todas as regiões do Brasil.

Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Espírito Santo (ES), Olinda/ Recife  (PE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz  (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP)  e Manaus (AM).

Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados. Os trabalhos serão reunidos em uma mostra aberta no dia 15 de março no MUFPA. Confira a seguir a lista completa:

PREMIADOS:

1. Silas José de Paula (CE) – Prêmio Crônicas Urbanas

2. Leonardo Sette (PE) – Prêmio Diário Contemporâneo

3. Roberta Carvalho (PA) – Prêmio Diário do Pará

SELECIONADOS:

4. Anita de Abreu e Lima (PA)

5. Everaldo Pereira do Nascimento (PA)

6. Ionaldo Rodrigues da Silva Filho (PA)

7. José Ricardo Carvalho de Macêdo (PA)

8. Keyla Cristina Tikka Sobral (PA)

9. Carlos Alexandre Dadoorian (SP)

10. Fabio Okamoto (SP)

11. Felipe de Aquino Ramos (SP)

12. Coletivo Cia de Foto (SP)

13. Fernanda Grigolin (SP)

14. Francilins Castilho Leal (MG)

15. Pedro David de Oliveira Castello Branco (MG)

16. Viviane Gueller (RS)

17. Marina Rieck Borck (SC)

18. Fernanda de Oliveira Antoun (RJ)

19. José Eduardo Nogueira Diniz (RJ)

20. Haroldo Bezerra Sabóia Filho (CE)

21. Péricles Mendes da Silva (BA)

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Cianotipia encanta alunos

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> Imagem obtida por meio da Cianotipia: azul intenso

Depois de realizados os procedimentos necessários para a impressão da imagem por meio da técnica da cianotipia, a espera. Por vezes são necessários até dois dias para se obter o resultado desejado da sedutora imagem azul. Durante a oficina “Processos da Cianotipia”, ministrada por Eduardo Kalif, os alunos aprenderam a lidar com o tempo, e também a refletir sobre o tempo. A maneira de obtenção e reprodução de imagens tem pelo menos dois objetivos – se pensado qual o sentido de ensinar um método artesanal do século XIX, já que existe um sem-número de tecnologias digitais disponíveis: aprofundar a reflexão acerca da produção desenfreada de imagens e criar propostas contemporâneas para o uso da técnica secular de impressão negativo-positivo.

O ministrante destacou que “a tecnologia permite pouca reflexão, já que facilita a produção, já a artesania favorece o tempo de construção da imagem em várias etapas”. Kalif também realçou o caráter plástico da técnica  e o diálogo com a arte contemporânea. “Aprender todas as etapas é diferente de apertar um botão. O artesanal tem o encantamento, a magia. A imagem pode nem estar boa, mas o processo é prazeroso”, disse.

Para um público diversificado, Kalif achou prudente iniciar a oficina por meio de uma breve explanação sobre os primeiros processos fotográficos. Inventada por John Herschel, na Inglaterra, em 1840, a Cianotipia funciona com de sais de ferro como substâncias fotossensíveis. Afinal, o laboratório fotográfico é também um laboratório de química. Os produtos utilizados são: água destilada, citrato de ferro amoniacal verde, ferricianeto de potássio e gelatina sem sabor. Em duas soluções, as substâncias misturadas servem para sensibilizar as matrizes como papel e tecido, que ficam com uma cor amarelada. Logo após, a imagem do negativo é colada entre uma chapa de vidro e a o suporte escolhido para impressão.

O próximo passo é a exposição à luz do sol. Com as manhãs nubladas em Belém neste periodo, foi preciso esperar um pouco mais para a revelação das imagens em água corrente. Assim, remove-se os produtos químicos que não foram sensibilizados pela luz, gerando a imagem. Diante da expectativa dos alunos, Kalif minuciosamente avaliava tempo, cor, contraste.

Para a estudante Adriana Cardoso, a obtenção do cianótipo, por ser tão diferente de outras formas fotográficas, é uma maneira de exaltar a imagem. “Acho que a cianotipia valoriza a fotografia e achei isso interessante. Procurei a oficina para ampliar meus conhecimentos e já participei de outras como fotografia P&B, Fotojornalismo e Pin Hole”, disse a estudante.

Para Durval Soeiro, estudante do curso de Biblioteconomia, o interesse por processos artesanais foi o que o levou a inscrever-se na oficina. Ele destaca que a técnica do cianótipo ajuda a desvendar novas possibilidades fotográficas. “Você pode utilizar uma imagem já existente que vai se transformar em outra ou mesmo construir a imagem”, disse. Além disso, Durval destaca que diante das câmeras digitais é importante saber mais sobre a história da fotografia, sobre os processos que originaram tanta tecnologia de produção e reprodução de imagens. “A gente começa a entender como tudo evoluiu. Isso nos dá outro olhar em relação à imagem, nos faz trabalhar melhor com o tempo, que tem que que ser nosso aliado – e não ao contrário”, opina.

Hugo Gomes, estudante de artes visuais, não sabia muito bem o que a era Cianotipia. Tinha vagas informações sobre o processo que origina a imagem anil. Ele acredita que o conhecimento da técnica foi fundamental para a sua formação, já que trabalha também com design e arte gráfica. “Faz parte do desenvolvimento da linguagem. Me descolei um pouco do digital e agora estou fazendo essa  volta às origens, que proporciona praticar a experimentação”, disse.

Participe
II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia oferece ainda a oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. As inscrições podem ser feitas presencialmente, a partir do dia 15/02, no Museu da Ufpa (Av. José Malcher,1192, Nazaré). Período da oficina: 22 a 26/03. Inscrição gratuita. Informações: 3224-0871.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)