Palestra aborda história e fotografia em Belém

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Como parte da programação do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, o professor e historiador Aldrin Figueredo discute nesta terça-feira, 21 de maio, às 19h, no Instituto de Artes do Pará, a memória e a imagem de Belém.

A palestra “Entre o rosto da cidade e o rosto do povo: história e fotografia em Belém do Pará no século XIX” propõe uma análise das imagens e representação da cidade e de seus moradores na fotografia do século XIX, assim como os debates em torno da narrativa visual do texto imagético e das possibilidades interpretativas no campo da história social da arte desse corpus documental e artístico.

Aldrin Figueiredo é graduado em História (UFPA, 1989), especialista em Antropologia Social (UFPA, 1993) e mestre e doutor em História (UNICAMP, 1996, 2001). Desde 1991 é professor da Faculdade de História da UFPA. Em sua área de interesse procura conexões entre a história cultural, as artes visuais e o ensaio crítico. Ele já realizou curadorias e consultorias em diversos projetos com instituições brasileiras e estrangeiras.

Atualmente vem se dedicando ao estudo das artes plásticas e literárias na Amazônia nos séculos XIX e XX, Patrimônio histórico, memória e acervos da imigração estrangeira na Amazônia, diáspora cultural africana na Amazônia e a história social da intelectualidade amazônica (séculos XVIII-XX). Aldrin também coordena o Grupo de Pesquisa em História Social da Arte (UFPA/CNPq) e atualmente é professor dos programas de pós-graduação em História Social da Amazônia e de Arquitetura Urbanismo da Universidade Federal do Pará.

Na reta final da quarta edição, o prêmio desempenha um papel fundamental dentro do cenário artístico paraense, abrindo diálogo com a produção brasileira. Reúne obras nos mais variados suportes e modos de representação em suas exposições, além de propor reflexão e troca de experiência, por meio de visitas mediadas, palestras, minicursos e oficinas.

O Diário Contemporâneo segue em cartaz com suas três mostras, palestras e oficinas. Na Casa das Onze janelas, o público pode conferir os trabalhos que foram premiados e selecionados na edição deste ano. E no Museu da UFPA, duas exposições estão abertas ao público até o próximo dia 26: “Cenário e personagem”, que reúne obras da mais recente produção paraense, e “Românticos de Cuba”, com fotografias inéditas de Walda Marques.

Prêmio Diário disponibiliza News Letter

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Foto: Irene Almeida

Você quer ficar mais por dentro do que está acontecendo na programação do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia? Então assine a News Letter disponibilizada pelo projeto, bastando fazer seu cadastro no site www.diariocontemporaneo.com.br.

Dedicado à imagem em suas mais diversas manifestações no campo da arte, o Diário Contemporâneo segue em cartaz com suas três mostras, palestras e oficinas. Na Casa das Onze janelas, veja os trabalhos que foram premiados e selecionados nesta edição. E no Museu da UFPA, duas exposições estão abertas ao público até dia 26 de maio. “Cenário e personagem” que reúne obras da mais recente produção paraense e “Românticos de Cuba”, com fotografias inéditas de Walda Marques.

Nesta segunda-feira, 13, a artista Val Sampaio vai ministrar a palestra “Arte, natureza e tecnologia – O projeto “Água”, que abrirá, oficialmente, o minicurso  “Arte locativa: mobilidade e sentido”, que ela vai ministrar até dia 17. As inscrições ainda podem ser feitas, pelo site do prêmio, e no dia da palestra, às 19h, no IAP – Instituto de Artes do Pará.

A ideia do curso é trabalhar conceitos iniciais do campo da arte e tecnologia e suas relaçaões com as mídias locativa. Na palestra, a artista vai discutir como é se cria sentidos a partir da relação de se mover no espaço, utilizando uma arte locativa.

“Quero trazer um pouco dessa imersão que fiz em São Paulo. Será a oportunidade de dividir isso. Vou falar sobre a tecnologia de localização, a vigilância, e o uso de controle dessa tecnologia de rastrear o percurso das pessoas pelo celular, e estabelecer a relação com a imagem”, diz.

Ainda este mês, no dia 21 de maio, o professor e historiador Aldrin Figueredo vai fazer mais uma palestra. “Entre o rosto da cidade e o rosto do povo: história e fotografia em Belém do Pará no século XIX” será uma análise das imagens e representação da cidade de Belém e de seus moradores na fotografia do século XIX, assim como os debates em torno da narrativa visual do texto imagético e das possibilidades interpretativas no campo da história social da arte desse corpus documental e artístico.

O Prêmio desempenha um papel fundamental dentro do cenário artístico paraense, abrindo diálogo com a produção brasileira, reunindo obras nos mais variados suportes e modos de representação em suas exposições, além de propor reflexão e troca de experiência, por meio de visitas mediadas, palestras, minicursos e oficinas.

Em sua quarta edição, o prêmio reafirma a fotografia feita por artistas que nascem ou vivem no Pará e conquista espaço relevante no circuito fotográfico do país. Com três premiações no valor de R$ 10 mil cada, o projeto recebeu 310 propostas de diversos lugares do Brasil.

Outro diferencial marcante nas edições tem sido a sua ação educativa que, mais do que nunca tem como desafio romper as fronteiras entre a arte contemporânea e a sala de aula. O Tabloide deste ano é uma ferramenta a mais neste processo, trazendo, de forma didática, os exercícios oferecidos nas visitas monitoradas. Levados para a escola pelos professores, ele será utilizado como meio de conhecimento e ao mesmo tempo de estímulo ao fazer artístico de crianças e adolescentes.

Além da arte que por si é transformadora, dois agentes ganham um lugar de destaque neste empreendimento do saber. O estudante de artes visuais, mediador que conduz as visitas monitoradas nos Museus Casa das Onze Janelas e da UFPA, e o educador, responsável em levar para o dia a dia da escola, a experiência dos jogos e exercícios praticados nas visitações.

A cada ano esta configuração vem avançando em estrutura de produção garantindo a ampliação destas atividades agora e nos próximos anos.  E todo o conteúdo necessário para cumprir esta meta está nas exposições que trazem em “Homem Cultura Natureza”, um panorama da fotografia brasileira atual; em “Românticos de Cuba”, uma fascinante viagem ao universo cotidiano dos moradores de Havana e em “Cenário e personagem”, um recorte da mais recente produção de fotografia realizada em Belém do Pará.

Num país que carece tanto de educação, não haveria sentido realizar um projeto que se limitasse a prêmios, pois não refletiria a visão expandida que o projeto possui. A  formação e a pesquisa provocadas com atividades que promovam o encontro do público e do estudante com a arte fotográfica é nossa maior meta.

Palestra e minicurso sobre arte, natureza e tecnologia

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O 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia apresenta, nesta segunda-feira, 13 de maio, às 19h, no IAP, a palestra “Arte, natureza e tecnologia – O projeto “Água”, com Val Sampaio. A ação também dá início ao minicurso  “Arte locativa: mobilidade e sentido”, que ela vai ministrar até dia 17. As inscrições ainda podem ser feitas, pelo site, e no dia da palestra. A ideia do curso é trabalhar conceitos iniciais do campo da arte e tecnologia e suas relaçaões com as mídias locativa.

“Estou trazendo para esta ação, meu trabalho de Pós Doutorado, que fiz recentemente na USP, onde estabeleci a relação entre arte, vídeo e natureza. Na palestra falarei desse trabalho que tem mostra esta relação com a arte locativa e depois iniciaremos uma oficina. A proposta é que o grupo discuta a produção de sentido pela mobilidade”, explica Val Sampaio. Artista visual, produtora e curadora independente, Val vem atuando na área de produção, pesquisa e crítica em Artes, com ênfase em arte contemporânea, design e novas mídias, e principalmente foca a cultura visual, o processo de criação, semiótica, novas mídias, poéticas e performances digitais, video e arte contemporânea.

“Nesta palestra e mini curso que quero discutir como é que eu crio sentidos a partir da relação de me mover nas coisas e faço uma arte locativa. Quero trazer um pouco dessa imersão que fiz em São Paulo. Será a oportunidade de dividir isso. Vou falar sobre a tecnologia de localização, a vigilância, e o uso de controle dessa tecnologia de rastrear o percurso das pessoas pelo celular, e estabelecer a relação com a imagem”, diz.

Atualmente ela desenvolve a pesquisa intitulada “Territórios Híbridos” sobre as relações de hibridação nos processos criativos contemporâneos. Coordena Grupo de Estudo “Territórios Híbridos”, que reúne estudos sobre “Zonas de Resistência na arte contemporânea” e estudos e desenvolvimento de poéticas digitais no “Laboratório de Experimentação Eletrônico Digital – LEED”.

Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica (PUC/SP) e Pós-Doutorado em Poéticas Digitais (ECA/USP), é professora adjunto da Universidade Federal do Pará, na Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA) e do Mestrado em Artes do ICA, além de Membro do Conselho Acadêmico e Editorial da Revista Eletrônica Art& (http://www.revista.art.br) e da Revista Concinnitas (http://www.concinnitas.uerj.br/).

Casa da Atriz é tema da oficina do Cêsbixo

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Yéyé Porto em cena, na Casa da Atriz - Foto: Marcelo Lélis

O coletivo Cesbixo postou esta semana o vídeo resultado da oficina “Experimentos com a imagem que se move – Laboratório de Vídeo”, ministrada entre os dias 1º a 12 de abril, no Instituto de Artes do Pará, dentro da programação do do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia .

Voltado ao pensar fotográfico de forma expandida, a oficina abordou a fotografia em múltiplos suportes e meios, somados à questão autoral e á construção coletiva. Tendo como ator principal o vídeo, a ideia foi discutir também outras linguagens e desdobramentos técnicos e estéticos.

“A oficina foi muito boa. A turma estava em grande parte focada em conseguir um resultado legal e estava disposta a trocar experiências e conhecimento. Cada um exerceu uma função distinta, mas todos se auxiliaram para conseguir executar seus objetivos”, diz Pedro Rodrigues, do Coletivo.

O tema escolhido para o vídeo foi a criação da Casa da Atriz, um projeto da família Porto, que utiliza a própria residência como espaço cênico. A iniciativa do casal Yeyé e Paulo Porto e suas filhas, ela atriz, ele produtor, e uma verdadeira prova de amor e dedicação ao teatro.

“A ideia inicial para o vídeo veio a partir de uma conversa com os participantes da oficina. Eles deram várias ideias e temas que foram sendo crivados a partir de fatores como disponibilidade dos envolvidos, disponibilidade de material e de agenda dos possíveis participantes. A Casa da Atriz foi o local que se mostrou mais adequado para a proposta que o grupo havia levantado. Todo o processo foi desenvolvido pelo grupo, tanto de redação, quanto de captura e edição. Nós, os ministrantes apenas mediamos as questões mais técnicas relacionadas à captura e também na edição”, conclui Pedro.

Para ver o vídeo, acesse: http://vimeo.com/64705294

Andrea Feijó fala de meio ambiente, arte e sociedade

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A palestra é no dia 7 de maio, no IAP, às 19h, com entrada franca.

Adote um urubu: uma experiência artística na comunidade de Algodoal-Maiandeua-Pará”, dissertação da artita, defendida em 2011, é o tema da palestra de Andrea Feijó, na próxima terça-feira, 07, no auditório do IAP, a partir das 19h. A partir de oficinas realizadas na ilha, junto à comunidade local, o projeto teve como resultado um vídeo, que também será mostrado ao público. A programação faz parte do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A entrada é franca.

O urubu é considerado um lixeiro natural do meio ambiente. Mas enquanto ele leva os restos, o homem continua espalhando, com as próprias mãos seu lixo e na maioria das vezes, sem recolhê-lo depois. Na bela ilha de Maiandeua, situada no litoral Atlântico do Pará, este tipo de atitude chamou atenção da artista plástica Andrea Feijó, que resolveu tratar o tema de forma artística e acadêmcia, mas o transformando em sua tese de Mestrado em Arte pela UFPA.

A ação artística “Adote um urubu” contou com a participação de crianças e adultos, que coletaram parte do lixo reciclável produzido na ilha e que tem, comumente, a queima como destino final.

“Ao intitular a ação artística com esse nome, busquei, pela via do estranhamento (afinal, quem adotaria um animal desses que nos remete ao que é feio e mal cheiroso: ao lixo?), abrir um espaço de reflexão crítica sobre a relação que estabelecemos com o lixo que produzimos e com a natureza de uma maneira geral”, explica.

Enquanto pesquisa acadêmica em arte, mais especificamente no campo da produção artística, o projeto articulou tanto referências artísticas quanto teóricas, buscando, ao final, resultados artísticos e estéticos compartilhados.

“A questão ambiental, dessa maneira, se constituiu como um dos temas abordados e não como objeto da pesquisa”, diz Andréa Feijó, que é também arte-educadora e técnica em gestão cultural da Fundação Curro Velho.

Graduada em Ed. Artística, especialista em Semiótica e Artes Visuais e Mestre em Artes Visuais pela UFPA, ela participa, desde 1992, de mostras individuais e coletivas, nacionais e internacionais.

A primeira proposição artística realizada no projeto foi a ação artística “Adote um urubu” aconteceu em 2008, ano considerado por ela como marco inicial de um trabalho que pretendia um tipo de arte relacional, problematizando, desde já, a participação e o contexto social.

“As proposições que se seguiram, efetivaram-se através da parceria com a escola local, a realização de oficinas de fotografia e atividades afins. Nesse momento, tais atividades funcionaram também como estratégia de diálogo com a comunidade e, ao mesmo tempo, ofereceram condições para que os participantes adentrassem na linguagem visual. Elas ocorreram durante os anos de 2009 e 2010”, revela.

Mais que uma vivencia, a experiência mexeu profundamente com a comunidade, que formou um coletivo de arte com jovens participantes das oficinas e, três outras proposições artísticas foram constituídas por esse grupo, junto com a artista. É tudo isso que ela quer compartilhas com as pessoas que forem à palestra.

“Pretendo viabilizar um espaço de troca de conhecimento no campo da relação arte-comunidade. Nesta palestra do Prêmio Diário do é de pessoas que compartilhem o interesse por arte e/ou por ações dessa natureza”, finaliza.

Serviço

A palestra Arte, natureza e contexto social – O projeto “Adote um urubu”, de Andrea Feijó, acontece nesta terça-feira, às 19h, no Instituto de Artes do Pará.  Realização Diário do Pará – 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Patrocínio Vale e Pátio Shopping Belém. Apoio Sol Informática e IAP. Mais informações: www.diariocontemporaneo.com.br

Natureza, arte e tecnologia de localização

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O 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia abre no próximo dia 1º de maio, as inscrições para o minicurso “Arte locativa: mobilidade e sentido”, que pretende apresentar conceitos iniciais do campo da arte e tecnologia e suas relações com as mídias locativa.  As inscrições poderão ser feitas pelo site do pelo (www.diariocontemporaneo.com.br), onde uma ficha de inscrição estará disponível.

Para participar, é preciso ter notebook, câmera digital e celular com GPS.  O minicurso vai iniciar no dia 13 de maio e vai até 17, das 19 às 21h, no IAP – Instituto de Artes do Pará. A abertura, contará, ainda, com a palestra intitulada Arte, natureza e tecnologia – O projeto “Água”.

“Estou trazendo para esta ação, meu trabalho de Pós Doutorado, que fiz recentemente na USP, onde estabeleci a relação entre arte, vídeo e natureza. Na palestra falarei desse trabalho que tem mostra esta relação com a arte locativa e depois iniciaremos uma oficina. A proposta é que o grupo discuta a produção de sentido pela mobilidade”,  explica Val Sampaio.

Artista visual, produtora e curadora independente, Val vem atuando na área de produção, pesquisa e crítica em Artes, com ênfase em arte contemporânea, design e novas mídias, e principalmente foca a cultura visual, o processo de criação, semiótica, novas mídias, poéticas e performances digitais, video e arte contemporânea.

“Nesta palestra e mini curso que quero discutir como é que eu crio sentidos a partir da relação de me mover nas coisas e faço uma arte locativa. Quero trazer um pouco dessa imersão que fiz em São Paulo. Será a oportunidade de dividir isso. Vou falar sobre a tecnologia de localização, a vigilância, e o uso de controle dessa tecnologia de rastrear o percurso das pessoas pelo celular, e estabelecer a relação com a imagem”, diz.

Atualmente ela desenvolve a pesquisa intitulada “Territórios Híbridos” sobre as relações de hibridação nos processos criativos contemporâneos. Coordena Grupo de Estudo “Territórios Híbridos”, que reúne estudos sobre “Zonas de Resistência na arte contemporânea” e estudos e desenvolvimento de poéticas digitais no “Laboratório de Experimentação Eletrônico Digital – LEED”.

Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica (PUC/SP) e Pós-Doutorado em Poéticas Digitais (ECA/USP), é professora adjunto da Universidade Federal do Pará, na Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA) e do Mestrado em Artes do ICA, além de Membro do Conselho Acadêmico e Editorial da Revista Eletrônica Art& (http://www.revista.art.br) e da Revista Concinnitas (http://www.concinnitas.uerj.br/).

Leo Bitar flagra a efêmera paisagem do tempo

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Leo fotografou a instalação

Na instalação “Extremos”, o artista propõe, a partir de um vídeo e recortes sonoros, reflexões sobre o passagem do tempo, a vida, o amor e rende homenagens ao jornalista Claudio de La Rocque Leal. A oba pode ser vista e ouvida na sala Laboratório da Casa das Onze Janelas – Cidade Velha -, integrando a exposição Homem Cultura Natureza, do 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Até dia 26 de maio.

Por Luciana Medeiros*

Em uma sala escura temos, na parede do fundo, uma TV com um vídeo de 14 minutos, mostrando um final de tarde e suas mudanças de luz.  No horizonte, um navio passa. O som de sua passagem ali é ampliado na sala de exposição por 4 caixas acústicas, pequenas, distribuídas em um par em cada parede lateral.  Há também, nas mesmas caixas, um movimento sonoro eletrônico, da esquerda para a direita.

Pendurados na parede, acima das cabeças dos visitantes e instalados perto da parede dos fundos da sala, dois alto-falantes, revestidos com papelão preto, que vistos de fora, vê-se a forma de dois cilindros pretos e que, quando se passa por baixo, se ouve ruídos de grilos e cigarras, animais de vida curta, que habitam quintais e até mesmo as casas.

Em um lugar específico, iluminado por uma luz fraca, um cinzeiro é visto, com um cigarro. É um convite para que o espectador o acenda e depois o pendure de volta para que enquanto o vídeo passe, o cigarro queime. Aroma, cinza e fumaça. É assim descrita por Leo Bitar, a obra “Extremos”, exposta na Casa das Onze Janelas, como uma das obras selecionadas este ano no 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

O vídeo foi feito por acaso, na Ilha do Mosqueiro (Distrito Administrativo de Belém), fartamente banhada pelas baías do Guajará, Santo Antônio e do Marajó, possuindo mantendo ainda chalés centenários, vestígios do ciclo da borracha, e bastante frequentada por quem mora aqui na capital, pois é facilmente acessada, passando por uma ponte, a que chegamos após uns 45 minutos de estada, saindo de Belém.

“Eu estava olhando a paisagem ali e de repente eu vi, no momento daquela luz de final de tarde, já caindo a noite, um navio passando. Daí disse a mim mesmo. Vou gravar isso. Botei o celular num quadro que eu achava interessante e deixei gravando. Quando eu cheguei em casa, e vi o vídeo, resolvi guardar e eternizar aquele momento”, conta Leo.

“Achei que ali estava algo interessante, só que o trabalho que eu queria fazer, não era de vídeo arte, mas sim um de som, uma instalação sonora, um som que conversasse com o vídeo e com a imagem e que fosse uma janela aberta para sentimentos”, me explicou Leo, detalhadamente, na abertura da exposição, no dia 26 de março, na Casa das Onze Janelas.

Para a montagem, Leo diz que primeiro filtrou em si mesmo, os sentimentos que aquela imagem lhe trazia. Depois trabalhou o som. “Peguei o som do navio que passava ao longe e trouxe pra muito próximo do espectador. As pessoas, então, assistem o vídeo de uma paisagem, com um navio que passa longe, mas cujo motor dele está presente e muito forte. E, ao mesmo tempo, tem outros sons vindos de cima”, segue contando a oba de sua perspectiva.

“É que no teto, eu coloquei uns cilindro sonoros com sons de grilos, que era o som que eu ouvia enquanto filmava na cena acontecendo. Então trago o som do barco para um primeiro plano sonoro. E o som dos grilos e das cigarras em outro plano, representando o som do imaginário.

As cigarras nascem e morrem rapidamente, tem um curto período de vida, e isso nos remete ao momento que, como o navio ali no vídeo, também passa. Assim é o cigarro que está aceso e tem seu tempo de queimar. Todos nós também temos o nosso tempo de viver, passar, desaparecer”, continua.

Para Leo, porém, ao contrário do que pode parecer, este trabalho não é uma metáfora de morte, e sim de vida, vida presente, que precisa ser mais observada e vivida no presente, sem tantas divagações, justamente porque passa e passa rápido.

“Tudo está de passagem, o som está de passagem. É como a vida que a gente passa e às vezes não percebe, mas que está ali, como o motor do navio, pulsante e forte. Na minha leitura, ‘Extremos’ também é paixão, amor, contemplação. A natureza do que está acontecendo no pôr do sol, um momento significativo, às vezes angustiante, triste, melancólico e de saudade”, (des)constrói Léo.

É um trabalho basicamente sonoro, com o suporte de vídeo, que assim, com o cinzeiro proposto no ambiente, conversa com a performance teatral, pedindo um quê de ator do espectador que pode assistir à projeção enquanto o cigarro queima sozinho, metaforizando a efemeridade da vida, não do tempo, que é eterno.

Coleções musicais e dedicação à arte sonora

Leo Bitar é designer de som e pesquisador na área da produção musical e sonora de nossa região. Tem um acervo pessoal invejável (no melhor sentido, claro) de vinil, que abrange a produção musical brasileira e internacional. Mas não é só. Certo dia, em sua casa, eu e mais alguns eleitos, tivemos o privilégio de ouvir pérolas em 78 rotações. Uma delas, era simplesmente Aracy de Almeida cantando Noel Rosa. Capa desenhada por Di Cavalcanti.

Isso sem falar da inesquecível audição, naquele mesmo dia, de uma Gal Costa, totalmente livre em ensaio, tipo de garagem, de “Clariô”, gravada em um compacto. Um som encorpado, cheio de naipes de metais e que, aliás (toda metida), ganhei de presente de Leo, que o digitalizou e me enviou por e-mail (delícia de tecnologia!).

O som, de maneira geral, é a paixão de Leo Bitar que, desde 1989, vem desenvolvendo trabalhos sonoros em parcerias artísticas na área do teatro e dança. A partir de 1990, ele também se dedica, em parcerias diversas, a trabalhos sonoros para cinema e vídeo.

Atualmente, o artista vem nutrindo/criando uma produção autoral/individual com paisagens sonoras e instalações. É o caso de “Extremos”, trabalho reconhecido e selecionado pelo júri criterioso e de competência indiscutível do Prêmio Diário, formado pelo fotógrafo Luiz Braga, pela professora e artista gaúcha Maria Helena Bernardes e pelo artista visual Armando Queiroz.

Homenagem – “Extremos” é, ainda, uma homenagem do artista, a Cláudio de La Rocque Leal, jornalista e pensador artístico, curador de inúmeras exposições, falecido, em setembro de 2006. Leo revela que ele foi um dos que mais o incentivaram a percorrer profissionalmente as entrelinhas da arte sonora.

“Eu passava horas no telefone com ele conversando sobre sons para galeria de arte, falávamos em criar uma sonoridade específica. O La Rocque foi um dos que me instigaram muito para fazer arte sonora. Os primeiros trabalhos que fiz já têm uns dez anos.

Lembro bem do segundo, em uma exposição de vários artistas no Memorial dos Povos. Fui convidado pra fazer paisagem sonora para esta mostra e nunca mais parei de fazer coisas assim. Por isso dedico ‘Extremos’ a ele”, encerra o papo.

Serviço

A exposição “Homem Cultura Natureza” reúne 22 trabalhos selecionados e 3 premiados pelo 4º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. A Casa das Onze Janelas fica na Rua Sequeria Mendes, ao lado do Forte do Castelo (marco da fundação de Belém), compondo o Complexo Feliz Lusitânia, formado também pelo Museu de Arte Sacra/Igreja de Santo Alexandre e pela Catedral da Sé, que rodeiam a Praça Frei Caetano Brandão, na Cidade Velha. O telefone de lá, para mais informações: 91 4009.8821 (Recepção).

Luciana Medeiros*é jornalista, edita o blog Holofote Virtual (veja a postagem no blo: http://holofotevirtual.blogspot.com.br/2013/04/leo-bitar-flagra-efemera-paisagem-do.html)

Pesquisa e criação artístico-social em Maiandeua

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Em Algodoal...

A partir de ações compartilhadas, inseridas em um determinado contexto social, e tendo a fotografia como principal ferramenta de criação artística, a Dissertação de Mestrado em Arte intitulada “Projeto Adote um urubu: uma experiência artística na comunidade de Algodoal-Maiandeua-Pará” foi defendida pela artista visual Andrea Feijó na UFPA, em 2011, e agora chega ao Prêmio Diário, na palestra que acontecerá no dia 7 de maio, às 19h, no Instituto de Artes do Pará.

O projeto também teve como resultado um vídeo de 11 minutos, com direção da própria Andrea Feijó, com edição de Junior Braga, já exibido na FOTOATIVA em agosto/2008 e nas duas mostras Culturais do Projeto, em dez/2008 e em dez/2010, e que também será exibido na programação do Prêmio Diário de Fotografia, como parte do relato de experiência da artista.

Realizado na Ilha de Maiandeua, ou Algodoal, situada na região do salgado, noroeste do estado do Pará, a ação artística “Adote um urubu” foi realizada no dia 02 de janeiro de 2008, data em que a maioria das pessoas que visitava a ilha, por ocasião das festas de final de ano, estava indo embora. Essa proposição contou com uma logística que envolveu pessoas da comunidade – crianças e adultos – na coleta de um pouco do lixo reciclável produzido na ilha e que tem, comumente, a queima como destino final.

A coleta, feita em sacos pretos padronizados com a imagem de um urubu na cor cinza, foi agenciada previamente com alguns moradores e veranistas. Esse trabalho, cujo objetivo buscou provocar a reflexão sobre uma questão ambiental, constituiu-se na instalação do lixo reciclável coletado em locais de grande circulação de pessoas e, posteriormente, retirado da ilha pelos próprios visitantes a partir de uma intervenção da artista, que atuou como interlocutora.

A comunidade da ilha é formada por pessoas que vivem da pesca, da agricultura de subsistência e, mais recentemente, do turismo. A lei estadual 5.621 de 27 de novembro de 1990 criou a Área de Proteção Ambiental Algodoal/Maiandeua, visando proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Artista visual e arte-educadora, formada em Ed. Artística, Andrea Feijó também é especialista em Semiótica e, desde 1992 participa de salões de arte, mostras individuais e coletivas nacionais e internacionais, tendo em seu currículo várias premiações.

Serviço

A palestra Adote um Urubu será dia 7 de maio, às 19h, no Instituto de Artes do Pará – Praça Justo Chermont, próximo ao CAN, ao lado da Basílica de Nazaré. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do Jornal Diário do Pará, com patrocínio da Vale e do Pátio Shopping Belém, com apoio do MUFPA, Casa das Onze Janelas, IAP e Sol Informática. No dia 1º de maio, fiquem atentos, serão abertas as inscrições para o  Mini Curso: “Arte locativa: mobilidade e sentido”, que abre no dia 13 de maio com palestra da ministrante Val Sampaio, às 19h, também no IAP. Para mais detalhes acesse a área de palestras e oficinas no site www.diariocontemporaneo.com.br.

Arte na galeria e na sala de aula

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Visitas mediadas encantam jovens e crianças (foto: Irene Almeida)

A 4ª edição do Prêmio Diário oferece a alunos e professores, a arte contemporânea como ferramenta educativa, com dicas e instruções para levar para dentro da escola, as ações utilizadas pelos mediadores durante as visitas às exposições.

“Foi uma maneira que encontramos para melhor compartilhar e contribuir com o professor. Os materiais educativos relacionados à arte são muito raros e, na maioria das vezes, os professores não têm como reproduzir em sala de aula o que vivenciam na galeria, quando participam de visitações como as que estão sendo oferecidas pelo Prêmio Diário. Então resolvemos ser didáticos. Todo o conteúdo explicativo e as informações sobre as mostras, obras, artistas e programação, desta quarta edição, estão aqui. Estamos fornecendo ao educador a ferramenta completa”, explica Heldilene Reale, coordenadora da Ação Educativa do IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia.

Inovadora, com uma abordagem dinâmica e diferenciada, a visitação nos espaços da Casa das Onze Janelas e do Museu da UFPA, onde estão as exposições do Prêmio, serão entremeadas com de jogos e outras maneiras de instigações, conduzidas por jovens mediadores. A ideia é construir relações educativas entre o professor e a sala de aula; os alunos e o mediador; as obras e todos os pontos do processo de exposição.

Para que o professor possa dar retorno após a visitação, o evento também está disponibilizando no site – www.diariocontemporâneo – um formulário para ser preenchido. “Convidamos todos a participar disso. Acessando o site os professores vão encontrar uma ficha cadastral, onde pedimos os dados da escola, mas também há outro formulário, para que seja feito um relato de experiência. Este deverá ser preenchido pelo educador que esteve na galeria. Queremos saber de educador sua opinião, buscar sugestões, interagir mais. A partir dos relatos poderemos melhorar ainda mais nossas atividades”, diz Heldilene.

Estudantes de artes visuais na mediação

Este ano, no que depender da equipe de mediadores, a ação educativa dentro do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, será um marco. Eles trabalharam bastante para atender um público diverso. Os 12 jovens, alunos de cursos de graduação em artes visuais, que fazem parte da equipe de mediadores, serão responsáveis em conduzir as dinâmicas de visitação.

“Conhecemos com antecedência as obras, os artistas e todos os envolvidos. Este ano, isso fez toda a diferença para um melhor atendimento ao público. Esse preparo vem evoluindo e isso é muito bom para todos nós. Em 2010, fomos apenas selecionados e eu, que já trabalhava na mediação no Museu da UFPA, entrei pra equipe do Prêmio, mas desta vez houve uma qualificação”, diz Lucilainy Sampaio.

Ademilton Azevedo Júnior cursa o 3º semestre e participa pela primeira vez da programação. “Estou gostando muito de estar nesta mediação. O evento é muito rico em informação de arte. Agrega artistas de outros locais e assim podemos ter um panorama brasileiro da arte contemporânea em fotografia, que é o foco do prêmio”, diz.

Naiara Jinknss, também na equipe, confessa que já tinha participado de processos de mediação em outros processos, mas que acabou não se interessando. Cursando o último semestre do curso de artes visuais, ela diz que encontrou no processo de ação educativa do Prêmio Diário, um novo estímulo.

“Está havendo uma direção bem diferente aqui. É muito interessante desmistificar a ideia de que este tipo de trabalho só é encontrado dentro do museu. As experiências nesses espaços podem ser levadas pra dentro da tua vida e da escola, principalmente, onde está a formação. Nos espaços expositivos, através de jogos, você desperta interesse nas pessoas por fotografia”, diz Naiara.

Capacitação – Heldilene, que fez o treinamento dos jovens, diz que os monitores estão preparados para dar informações e dialogar com o público sobre arte contemporânea, mas principalmente discorrer sobre o conteúdo artístico encontrado nas obras em exposição.

“Eles receberam capacitação, fizemos um diálogo compartilhado, e até para a formatação do material que os professores estão recebendo, eles contribuíram. Além disso, de alguma forma, percebo que os jovens mediadores também estão entendendo que podem trabalhar mais desta forma, em diversas outras ações que podem vir no futuro deles. Isso aqui não deixa de ser também uma formação. Daqui pra frente, eles estarão muito mais seguros para trabalhar com isso dentro de outros espaços culturais”, finaliza Heldilene.

“Cenário e personagem” na fotografia paraense

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Obra convidada de Marcelo Lélis

No Museu da UFPA você confere a fotografia paraense que já saiu dos limites do Estado, levando nossos artistas a participações no Brasil e no exterior. Eles, que vêm participando de projetos e mostras importantes, mostram a força híbrida da atual produção local, que surge e se acentua na cena contemporânea. E o Prêmio Diário impulsiona tudo isso como um projeto que abrange a fotografia em suas mais diversas manifestações no campo da arte e da imagem.

Foi com a intenção de manter vivo o interesse do projeto na produção paraense e valorizar a imagem produzida na cena de Belém que, este ano, oito artistas foram convidados para expor em uma mostra coletiva no Museu da UFPA.  Eles possuem atuações diferentes entre si, pertencem a gerações diversas, mas que apontam para a imagem (vídeo ou fotografia) como um exercício poético e de ficção.

Na mostra estão obras de Ana Mokarzel, Marcelo Lelis, Rogério Uchôa, Danielle Fonseca, Bruno Leite, Mateus Moura, Luiza Cavalcante e Valério Silveira, artistas que representam a produção atual da cidade. Alguns deles em início, outros que atuam em campos diversos da imagem fotográfica.

Rogério Uchoa flagrou os típicos urubus convivendo também com a arquitetura no entorno do Ver o Peso.

Os trabalhos presentes na produção paraense mais atual remetem-se, quase em sua totalidade, à fotografia como espaço para ficção, desenvolvendo narrativas, seja na observação do cotidiano ou na criação de pequenas histórias, experimentos e personagens.

Três dos fotógrafos convidados para esta mostra também festão presentes na aberta na Casa das Onze Janelas “Homem Cultura Natureza”: Ana Mokarzel, Mateus Moura e Danielle Fonseca.

“Foi coincidência, pois quando fiz o convite a eles não impedi que eles se inscreverem no prêmio. Os trabalhos remetem quase que em sua totalidade à fotografia como espaço para ficção, desenvolvem narrativas na observação do cotidiano ou na criação de pequenas histórias, experimentos e personagens”, diz Mariano Klautau Filho, curador da mostra.

Em fase de amadurecimento da carreira, Ana Mokarzel e Valério Silveira têm mostrado seus trabalhos nos últimos anos. Na diversidade da mostra, Mateus revela linguagens do teatro, do vídeo e da performance. Já Danielle, que está em pleno desenvolvimento de seu trabalho e vem expondo pelo Brasil, além da imagem trabalha também texto e ações. Ambos mostram obras que misturam vídeo, cinema e documentário.

Universo de Lilith - Luiza Cavalcante

Luiza, Mateus e Bruno estão bem no início de carreira e vão conviver no espaço expositivo com fotojornalistas que já atuam há anos nesse campo, como Rogério e Marcelo.

O trabalho dos artistas na fotografia do Pará sempre foi muito diverso, misturado. Em “Cenário e Personagem” é o que se constata. É possível perceber na mostra, elementos e processos distintos, que fazem da fotografia produzida aqui, uma expressão visual que se expande e se afirma, sendo reconhecida nacionalmente justamente por não ter uma identidade fixa ou estagnada.

“A tradição cosmopolita de Belém vem de séculos passados que precisamos valorizar sempre. O país reconhece Belém como um importante campo de produção de imagem. Nossa produção artística não fica a dever para as questões que estão sendo discutidas em outras cidades. Precisamos ser mais críticos com nosso lugar, história e produção”, finaliza Mariano.

Serviço

A Mostra Cenário e Personagem está aberta ao público até dia 26 de maio, no segundo piso do Museu da Universidade do pará – MUFPA – Av. José Malcher, 1192 – Nazaré. Telefone: 32240871. Visitação das 9h às 17h, de terça a sexta e das 10h às 14h aos sábados, domingos e feriados.