A beleza do caos

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Conheça o trabalho de Silas de Paula, vencedor na categoria “Crônicas Urbanas”

Seduzido pelo caos que é característica fundamental dos grandes centros, com toda a velocidade dos atos e toda a complexidade da vida que há nesses espaços, o fotógrafo capixaba Silas de Paula descobriu um novo sentido para a sua fotografia. Habituado ao preto e branco documental, clássico, e com vários trabalhos autorais na bagagem, ele se viu sufocado, entrou em crise.

Começou a achar suas imagens duras, angustiadas demais. O documental limitava, não dava conta do que ele queria fazer e mostrar. O ano era 1984. “Fechei o estúdio, vendi meu equipamento, fiz um concurso para a universidade e resolvi estudar”, relembra. Foi morar na Inglaterra, fez doutorado, tornou-se professor. E permaneceu 20 anos sem fotografar. Foi quando a vida acabou lhe surpreendendo: a filha havia se tornado fotógrafa.

Com ela, Silas aprendeu a pensar no que hoje chama de “ficcionalização do cotidiano”. E buscou na movimentação apressada do ambiente urbano a poética da dissolução do tempo, das formas, até onde já não seja possível distinguir realidade e ficção. “Andar no centro, durante alguns anos, perceber como é caótico e como a maioria das pessoas que não vivem aquele dia-a-dia reclamam da desorganização, me fez pensar em fazer algo”, relembra.

Dessa inquietude nasceu “Gente no Centro”, série vencedora do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia na categoria “Crônicas Urbanas”. São cinco imagens multicoloridas, quadradas, não-nítidas, mergulhadas em uma atmosfera de sonho, imaginação. Das cenas ordinárias, vemos irromper a figura humana, sem rosto, anônima – absorvida pela pressa da rotina. Não lhe basta a paisagem: “Eu fotografo gente”, acentua.

VIÉS SOCIAL

A experiência como professor na Universidade Federal do Ceará, na convivência com os alunos e seus questionamentos, também aguçou o olhar do artista. Em uma das várias manhãs de exercícios fotográficos no Mercado São Sebastião, em Fortaleza, Fotos: Silas de Paula/ Divulgação um personagem em especial lhe chamou a atenção: o vendedor ambulante. “A mídia pauta estes vendedores como uma praga. Mas eles, com suas cores, dão vida ao centro”, defende.

É claro que não é fácil fotografá- los. Camelôs não costumam simpatizar com fotógrafos. “Eles acham que vamos fazer uma denúncia nos jornais para expulsá-los do centro”, diz Silas. “Converso com eles e explico que quero mostrar um outro lado. Mesmo desconfiados, muitos me deixam fotografá-los mas, às vezes, eu os fotografo sem que saibam”, conta. O “outro lado” a que o artista se refere é a defesa desses personagens como elementos fundamentais para a vitalidade desses espaços.

“As maiores cidades do mundo têm vendedores pelas ruas e são aceitos e, muitas vezes, elogiados pelos turistas. Não acho que eles têm que ser expulsos e sim encontrar um jeito de uma convivência pacífica. É uma questão cultural e de sobrevivência”, define. “Com as fotos percebi, mais ainda, que o que queremos expulsar é algo que dá vida ao centro, que é bonito e muitas vezes divertido. Lógico que existe uma complexidade maior que precisa ser discutida, alguns problemas sérios. Mas pode ser um ponto de partida para uma discussão sobre o assunto”.

Árvores que pulsam

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Conheça o trabalho de Roberta Carvalho, vencedora na categoria “Diário do Pará”

Fugir de obviedades e de temas clichês para integrar arte e natureza é um desafio. A artista Roberta Carvalho tem isso em mente. O desejo de trabalhar instigada pela relação homem / natureza sempre foi um desejo antigo. Na verdade, ela busca essa integração para compreender algo primário: que o homem é natureza. É tudo orgânico, biológico. Não à toa o termo que define essa relação, “simbiose”, dá título a um de seus trabalhos em que a ideia primeira está imbricada com a construção de um discurso artístico em que homem e natureza são elementos centrais.

“A idéia do ‘Symbiosis’ é restaurar essa identidade e fazer com que literalmente nos vejamos nessa natureza da qual nos separamos e vice-versa”, explica. Simbiose é a palavra usada para descrever a relação entre dois ou mais organismos de espécies diferentes, em que não há perdas para nenhum deles e acontece de forma mutuamente vantajosa.

Projeto Symbiosis – vencedor na categoria Diário do Pará, do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – foi sendo desenvolvido ao longo dos anos, por meio de experimentação artística com imagem e vídeo e pesquisas sobre linguagem audiovisual. E quase sempre com um desejo de aliar o projeto às questões da natureza, com uma proposta não usual., na tentativa de descobrir possíveis espaços de projeção, não óbvios.

EXPERIMENTAÇÃO

A artista foi convidada pela Associação Fotoativa para realizar projeções durante o Colóquio de Fotografia, há dois anos, quando teve o insight de que deveria integrar uma imagem à copa de um dos jambeiros da Casa das Onze Janelas. “Fui olhar o espaço para planejar a ação, que era no piso superior, e procurei, procurei… Pensei em várias coisas e fui pra casa. Dormi pensando na proposta e acordei com a imagem exata e o local a ser projetado: a árvore”, relembra a artista, acrescentando que o resultado foi a conjunção de diversas experiências precedentes.

Pronto. Estava feito o primeiro “Symbiosis”, que deu vida ao desejo íntimo de Roberta de falar de natureza por meioda da arte e também de levar a arte para um espaço mais acessível, de fácil entendimento. “Para mim, a arte deve apontar para a vida e não para arte”, explica-se. Agora consolidado como projeto de projeção de fotografia e vídeo, o “Symbiosis” tem uma metodologia própria e um dos processos de pesquisa é fazer um estudo formal das copas das árvores para selecionar a figura humana a ser projetada.

O critério básico da escolha do corpo a ser projetado relaciona-se bastante com sua questão formal. Já houve casos, no entanto, em que a relação conceitual falou mais alto na opção pela imagem. Em uma das exibições do projeto, por exemplo, o rosto de uma criança foi projetado em uma árvore “jovem”, no meio de diversas árvores muito maiores. As imagens em geral são de rostos de homens, crianças, e da própria artista, mas não há um rigor para a escolha de quem estará nas projeções. Segundo Roberta, a base do trabalho é a experimentação e a expressividade das formas. “A ‘symbiosi’ é realmente uma busca deste projeto e ela se dá quando há uma perfeita adequação do corpo (do ser humano ou da arte) com a natureza. E isso, só experimentando ver para sentir”.

Pela qualidade plástica, aliada ao forte apelo conceitual, Roberta Carvalho foi a grande vencedora da categoria Diário do Pará. Quem analisa é Alexandre Sequeira, que integrou a comissão de seleção do Prêmio. “O projeto apresenta projeções em suportes não convencionais, fazendo conexão curiosa com outras linguagens. E conceitualmente humaniza a obra. A poética não demanda conhecimento especifico na área. A pessoa é seduzida, é encantada facilmente, sem contar a elegância plástica”, diz o artista e professor.

Em imagens, o mistério da fé

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> Fotografia da série “Penitentes”, de Guy Veloso

Para compor a série “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, o fotógrafo Guy Veloso foi até comunidades distantes do interior do país e lá passou vários períodos, como Semana Santa e Dia de Finados, em busca de grupos que ainda hoje realizam rituais de penitência.

Foram oito anos para fotografar 118 grupos em todas as cinco regiões do Brasil. Mas até chegar à completude, Guy construiu uma rede de informações e contatos necessários para planejar suas viagens e obter permissão para fotografar. O percurso deste projeto será o cerne da oficina “Fotografia Documental”, o segundo curso oferecido pelo II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas presencialmente no Museu da UFPA, até 11/03.

Saber como elaborar um projeto de pesquisa e de realização de um ensaio deste gênero é o primeiro passo para a consolidação de um trabalho, segundo o próprio ministrante. Com o recorte do projeto “Penitentes”, densa pesquisa iniciada em 2002, Guy foi convidado pelos curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias para compor a mostra oficial da 29ª Bienal de São Paulo em 2010.

Para a oficina, o fotógrafo vai mostrar como se desenvolveram as pesquisas prévia e de campo. “Vou falar sobre como elaborar um projeto prático de fotografia documental e das fases que envolvem o planejamento, desde a escolha do tema, até a pré-produção, os contatos, a exibição, pós-produção, etc”, explica. Além disso, a oficina também prevê elementos que envolvem, por exemplo, técnicas de abordagem pessoal.

PESQUISA

Para fotografar os grupos de alimentadores das almas, como também são conhecidos os penitentes, Guy precisou contatar antes historiadores, sociólogos, antropólogos, e entidades como secretarias de cultura municipais, além de representantes dos próprios grupos. Antes de fotografar, sempre procura conversar com os fotografados, entender como se dá o ritual, imaginar qual a melhor localização para fotografar, qual fonte de luz aproveitar.

“Meu equipamento é discreto e o primeiro contato é sem a câmera. Já fiquei quatro anos para obter autorização e quando consegui o pneu do carro que eu estava furou”, conta. Isso aconteceu em Juazeiro, na Bahia. O nordeste foi a região onde tudo começou e onde se tem maior registro de penitentes. Mas em 2009 Guy começou a supor poderiam existir penitentes nas cinco regiões brasileiras.

Jamais pesquisador algum divulgou essa informação. Guy Veloso testemunhou os grupos religiosos de norte a sul. A pesquisa foi o suporte essencial para a realização do projeto, que no início era intuitivo. “Agora é tudo mais sistematizado. O estudo é fundamental. É importante sempre querer saber mais sobre o assunto, tanto historicamente quanto emocionalmente. O ensaio sai sempre melhor”, destaca o fotógrafo.

Exemplos do envolvimento emocional foram algumas intempéries no meio do projeto, como acidente de carro em Sergipe, furto de uma câmera filmadora em Aracajú, dengue em Oriximiná, depressão no Ceará em decorrência do tema e brigas por telefone com a então namorada. “Nunca pensei em desistir, mas uma vez já `dei um tempo’, saí de Juazeiro com raiva, estava ficando tenso demais com os cânticos tristes e evocações à morte. Fui para Recife, para a praia e fiquei apenas dois dias. Voltei correndo para lá, para o sertão, para o meu tema”.

PARTICIPE

Oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. Inscrições gratuitas no Museu da UFPA (Av. José Malcher,1192, Nazaré). Período da oficina: 22 a 26/03. Informações: 3224-0871.

SAIBA MAIS

Guy Veloso
www.fotografiadocumental.com.br

(Texto: Assessoria de Comunicação)

Olhares sobre a cidade

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> Imagem da série Projeto Symbiosis, de Roberta Carvalho (PA)

> Imagem da série Gente no Centro, de Silas José de Paula (CE)

> Imagem da série Luzes Inimigas, de Leonardo Sette (PE)

O alargamento das relações possíveis com a fotografia é a principal marca dos trabalhos selecionados ao II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Silas José de Paula (CE), Leonardo Sette (PE) e Roberta Carvalho (PA) foram escolhidos nas categorias “Crônicas Urbanas”, “Diário Contemporâneo” e “Diário do Pará”, respectivamente. Três olhares particulares sobre o espaço e o tempo da cidade, proposto pelo tema “Crônicas Urbanas”.

> Confira aqui a lista completa de participantes

“Além da diversidade dos trabalhos, nos chamou atenção o potencial na representação da imagem fotográfica aliada a outras esferas da imagem na tecnologia”, destaca o curador geral do prêmio, Mariano Klautau Filho. A comissão julgadora – formada pelo curador, historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli; a curadora e professora Marisa Mokarzel; e o fotógrafo e professor Alexandre Sequeira – analisou 254 trabalhos vindos de todas as regiões do Brasil. Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz  (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP) e Manaus (AM).

Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados. Os trabalhos serão reunidos em uma mostra aberta no dia 15 de março no MUFPA.

DIVERSIDADE

“É um conjunto de trabalhos que desmonta um entendimento mais conservador. Mais do que escolher os melhores, reunimos um grupo que aponta questões muito relevantes para a discussão da linguagem fotográfica hoje, da sua amplitude”, diz Alexandre Sequeira. “Premiados e selecionados circunscrevem um campo de discussão extenso, reflexões maduras, que precisam ser observadas”.

Marisa Mokarzel concorda. “O júri ficou atento para o fato de que não se trata de um salão, ou seja, a discussão vai muito além do caráter puramente competitivo. Temos, afinal, um grupo de 21 premiados, entre artistas iniciantes e experientes. São crônicas urbanas sob os mais variados pontos de vista, o exercício da fotografia em suas múltiplas possibilidades, sem distinções”, complementa.

Premiado na categoria “Crônicas Urbanas”, destinada a trabalhos de abordagem documental voltada ao cotidiano ou originados de um projeto autoral de documentação, o cearense Silas José de Paula conferiu uma atmosfera onírica a cenas aparentemente triviais na série “Gente no Centro”, em que registra o movimento diário no centro da cidade, com sua suas ruas movimentadas, seus camelôs e sua pressa característica.

O prêmio “Diário Contemporâneo”, destinado a trabalhos cujo conceito se relaciona com instalação, vídeo, objetos ou performances, foi conquistado pelo pernambucano Leonardo Sette, que impressionou o júri com a instalação “Luzes Inimigas”, em que articula o rigor da fotografia urbana em preto e branco e a fluidez do vídeo, em uma narrativa em tom confessional.

Roberta Carvalho venceu na categoria Diário do Pará, prêmio que abrange todas as poéticas e propostas conceituais, destinado somente a fotógrafos paraenses ou residentes atuantes no Pará. “Projeto Symbiosis”, desenvolvido pela artista desde 2009, constrói-se de projeções multimídia em copas de árvores, discutindo a interação entre homem e natureza.

Além da premiação e da mostra, a programação prevê ciclo de palestras, bate-papos, encontros com artistas, oficinas e atividades de arte-educação. Hoje o projeto abre inscrições para a oficina “Fotografia Documental”, que será ministrada por Guy Veloso, experiente foto-documentarista, que teve seu projeto mais recente, “Penitentes”, exposto na 29ª Bienal de São Paulo. Todas as atividades são gratuitas.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Abertas as inscrições para “Fotografia documental”

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> Imagem da série “Penitentes”, de Guy Veloso

Estão abertas as inscrições para a oficina “Fotografia Documental”, que será ministrada por Guy Veloso, experiente foto-documentarista.

O curso objetiva a realização de um projeto temático de média e longa duração, desde a sua concepção, passando por fases como a pesquisa, a realização, a exibição e a pós-produção. O autor terá como exemplo-base o projeto  “Penitentes: dos Ritos de Sangue à Fascinação do Fim do Mundo”, desenvolvido pelo fotógrafo entre 2002 e 2010.

No projeto, o artista documentou nada menos que 118 grupos religiosos de caráter secretos, nas cinco regiões do país. O ensaio foi exposto recentemente na 29ª Bienal Internacional de São Paulo/2010.

Também serão abordados temas como técnicas de abordagem, ética fotográfica, mercado de fotografia autoral e apresentação de projetos para galerias e museus.

Sobre o artista

Guy Veloso, é fotógrafo desde 1988. Seu trabalho enfoca a religiosidade brasileira. Possui obras nos acervos da University of Essex Collection of Latin American Art, Colchester-Inglaterra; Centro Português de Fotografia, Porto-Portugal; Coleção Joaquim Paiva, entre outros. Em 2005 integra o livro “História Visual – Fotografia no Brasil, Um olhar das Origens ao Contemporâneo”, de Ângela Magalhães e Nadja Peregrino. Entre 2005 e 2007 sua mais recente individual, “Entre a Fé e a Febre: Retratos”, itinerou pelo Brasil, Argentina, Chile e Alemanha.

PARTICIPE

Até o dia 11 de março, inscrições abertas para a oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. A atividade será realizada entre 22 e 26. Informações: 3224-0871 / 3242 – 8340. Todas as atividades são gratuitas.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Projeto divulga selecionados e premiados

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> A comissão de seleção do projeto avalia os trabalhos

Silas José de Paula (CE), Leonardo Sette (PE) e Roberta Carvalho (PA) são os grandes vencedores do II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Crônicas Urbanas. A comissão de seleção (foto), composta por Tadeu Chiarelli, Marisa Mokarzel e Alexandre Sequeira, analisou 254 trabalhos vindos de todas as regiões do Brasil.

Participaram da seleção artistas de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Espírito Santo (ES), Olinda/ Recife  (PE), Curitiba (PR), Salvador (BA), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Luiz  (MA), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Aracajú (SE), Macapá, (AP)  e Manaus (AM).

Cada vencedor receberá um prêmio de R$ 10 mil, além uma ajuda de custo para a produção dos trabalhos, no valor de R$ 1.200 – que será conferida a todos os 21 artistas selecionados. Os trabalhos serão reunidos em uma mostra aberta no dia 15 de março no MUFPA. Confira a seguir a lista completa:

PREMIADOS:

1. Silas José de Paula (CE) – Prêmio Crônicas Urbanas

2. Leonardo Sette (PE) – Prêmio Diário Contemporâneo

3. Roberta Carvalho (PA) – Prêmio Diário do Pará

SELECIONADOS:

4. Anita de Abreu e Lima (PA)

5. Everaldo Pereira do Nascimento (PA)

6. Ionaldo Rodrigues da Silva Filho (PA)

7. José Ricardo Carvalho de Macêdo (PA)

8. Keyla Cristina Tikka Sobral (PA)

9. Carlos Alexandre Dadoorian (SP)

10. Fabio Okamoto (SP)

11. Felipe de Aquino Ramos (SP)

12. Coletivo Cia de Foto (SP)

13. Fernanda Grigolin (SP)

14. Francilins Castilho Leal (MG)

15. Pedro David de Oliveira Castello Branco (MG)

16. Viviane Gueller (RS)

17. Marina Rieck Borck (SC)

18. Fernanda de Oliveira Antoun (RJ)

19. José Eduardo Nogueira Diniz (RJ)

20. Haroldo Bezerra Sabóia Filho (CE)

21. Péricles Mendes da Silva (BA)

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Cianotipia encanta alunos

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> Imagem obtida por meio da Cianotipia: azul intenso

Depois de realizados os procedimentos necessários para a impressão da imagem por meio da técnica da cianotipia, a espera. Por vezes são necessários até dois dias para se obter o resultado desejado da sedutora imagem azul. Durante a oficina “Processos da Cianotipia”, ministrada por Eduardo Kalif, os alunos aprenderam a lidar com o tempo, e também a refletir sobre o tempo. A maneira de obtenção e reprodução de imagens tem pelo menos dois objetivos – se pensado qual o sentido de ensinar um método artesanal do século XIX, já que existe um sem-número de tecnologias digitais disponíveis: aprofundar a reflexão acerca da produção desenfreada de imagens e criar propostas contemporâneas para o uso da técnica secular de impressão negativo-positivo.

O ministrante destacou que “a tecnologia permite pouca reflexão, já que facilita a produção, já a artesania favorece o tempo de construção da imagem em várias etapas”. Kalif também realçou o caráter plástico da técnica  e o diálogo com a arte contemporânea. “Aprender todas as etapas é diferente de apertar um botão. O artesanal tem o encantamento, a magia. A imagem pode nem estar boa, mas o processo é prazeroso”, disse.

Para um público diversificado, Kalif achou prudente iniciar a oficina por meio de uma breve explanação sobre os primeiros processos fotográficos. Inventada por John Herschel, na Inglaterra, em 1840, a Cianotipia funciona com de sais de ferro como substâncias fotossensíveis. Afinal, o laboratório fotográfico é também um laboratório de química. Os produtos utilizados são: água destilada, citrato de ferro amoniacal verde, ferricianeto de potássio e gelatina sem sabor. Em duas soluções, as substâncias misturadas servem para sensibilizar as matrizes como papel e tecido, que ficam com uma cor amarelada. Logo após, a imagem do negativo é colada entre uma chapa de vidro e a o suporte escolhido para impressão.

O próximo passo é a exposição à luz do sol. Com as manhãs nubladas em Belém neste periodo, foi preciso esperar um pouco mais para a revelação das imagens em água corrente. Assim, remove-se os produtos químicos que não foram sensibilizados pela luz, gerando a imagem. Diante da expectativa dos alunos, Kalif minuciosamente avaliava tempo, cor, contraste.

Para a estudante Adriana Cardoso, a obtenção do cianótipo, por ser tão diferente de outras formas fotográficas, é uma maneira de exaltar a imagem. “Acho que a cianotipia valoriza a fotografia e achei isso interessante. Procurei a oficina para ampliar meus conhecimentos e já participei de outras como fotografia P&B, Fotojornalismo e Pin Hole”, disse a estudante.

Para Durval Soeiro, estudante do curso de Biblioteconomia, o interesse por processos artesanais foi o que o levou a inscrever-se na oficina. Ele destaca que a técnica do cianótipo ajuda a desvendar novas possibilidades fotográficas. “Você pode utilizar uma imagem já existente que vai se transformar em outra ou mesmo construir a imagem”, disse. Além disso, Durval destaca que diante das câmeras digitais é importante saber mais sobre a história da fotografia, sobre os processos que originaram tanta tecnologia de produção e reprodução de imagens. “A gente começa a entender como tudo evoluiu. Isso nos dá outro olhar em relação à imagem, nos faz trabalhar melhor com o tempo, que tem que que ser nosso aliado – e não ao contrário”, opina.

Hugo Gomes, estudante de artes visuais, não sabia muito bem o que a era Cianotipia. Tinha vagas informações sobre o processo que origina a imagem anil. Ele acredita que o conhecimento da técnica foi fundamental para a sua formação, já que trabalha também com design e arte gráfica. “Faz parte do desenvolvimento da linguagem. Me descolei um pouco do digital e agora estou fazendo essa  volta às origens, que proporciona praticar a experimentação”, disse.

Participe
II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia oferece ainda a oficina “Fotografia Documental”, com Guy Veloso. As inscrições podem ser feitas presencialmente, a partir do dia 15/02, no Museu da Ufpa (Av. José Malcher,1192, Nazaré). Período da oficina: 22 a 26/03. Inscrição gratuita. Informações: 3224-0871.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Entrevista: Tadeu Chiarelli

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> O crítico de arte, historiador e atual diretor do MAC-USP, Tadeu Chiarelli

“Ao sair de algumas exposições em museus, galerias e bienais, muitas pessoas experimentam certo amargor relacionado à sensação de que não são cultas. A razão desse sentimento reside no fato de que muito daquilo que observaram não possui conexão com aquilo que, durante anos, foram ensinadas a entender como arte”. Tadeu Chiarelli defende: talvez seja esta a grande razão para que muitos deixem de frequentar exposições de arte contemporânea. Apartada do grande público, portanto, a produção atual tende ao ininteligível, à falta de sentido, ao silêncio.

Crítico de arte, historiador e atual diretor do MAC-USP – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Chiarelli é considerado um dos mais atuantes curadores de arte brasileira contemporânea. Convidado do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, ele participa do bate-papo “A Fotografia e o Museu Contemporâneo: curadoria e pesquisa”, em que discutirá temas como a inserção cada vez mais forte da fotografia na arte contemporânea e o papel cultural que exerce o museu de arte hoje.

“Um museu de arte contemporânea pode ter um papel mais ativo do que aquele de simples armazém de obras e/ou de balcão para exposições que chegam de qualquer lugar”, apregoa. No encontro, conduzido pela curadora e professora Marisa Mokarzel, Chiarelli também apresentará obras que integram o acervo do MAC-SP e discutirá como este acervo está sendo repensado no novo projeto de mudança espacial do MAC – um dos maiores e mais ousados projetos de museu contemporâneo na América Latina. Confira a seguir o bate-papo.

1. Que papel cultural exerce o museu de arte na sociedade de hoje?

Penso que um museu de arte contemporânea pode ter uma papel mais ativo do que aquele de simples armazém de obras e/ou de balcão para exposições que chegam de qualquer lugar, sem conexão profunda com o acervo já existente e com a política própria do museu. Penso que o museu tem que ser um espaço não apenas de recepção e discussão da arte, mas também, no limite, pode ser também um espaço de produção artística.

2. Você defende que somente com base em um modelo museológico e museográfico atento será possível diminuir o abismo que há entre público e arte contemporânea. Como isso se dá, na prática?

Penso que o museu – e estou pensando em um museu de arte contemporânea – deve explicitar ao máximo sua estrutura, pois, assim, deixará claro os parâmetros que regem a produção contemporânea. Tornando essas estruturas mais cristalinas é possível tornar o museu e a arte que ele expõe em questões de interesse para a sociedade.

3. Não acha que a figura do curador também exerce um papel fundamental nessa conquista?

A figura do curador dentro do museu é fundamental para a sua política. Todo museu deve ter sua equipe de curadores, responsáveis por segmentos específicos da coleção. Repare que não me refiro a curadores independentes, mas a curadores de acervo. Será a equipe de curadores quem estabelecerá a política global da instituição e seus contatos com a sociedade.

4. A mudança no MAC-USP traz vários aspectos simbólicos. O que significa pra você essa fase? Olhando para o futuro, o que vê como seus desafios à frente do novo MAC?

O período que vivemos é muito importante para o MAC-USP: no final do ano passado foi votada a autonomia dos museus da USP e isso obrigará a todos os museus da Universidade a empreenderem mudanças significativas em seus respectivos regimentos. Tal necessidade de mudança estrutural coincide com o período de preparação de mudança física do MAC-USP que deverá em breve ocupar um espaço no Parque Ibirapuera. E o mais interessante é que todas essas mudanças vão ocorrer no início das comemorações dos 50 anos do MAC – que será em 2013. Dá para imaginar o que tudo isto significa e significará para a instituição.

5. Você é professor-doutor da USP há 27 anos, ajudou e ajuda a formar artistas. Que importância dá para a formação nessa área? Por que recomendaria a um aspirante a artista um curso formal?

Eu acredito que a universidade hoje em dia é um dos raros espaços em nossa sociedade em que o debate crítico continua fermentando. É neste sentido que recomendo aos aspirantes a artistas que frequentem a universidade porque ali, mais do que aprender técnicas e procedimentos (que poderiam ser aprendidos em outros estabelecimentos) ele complementará sua formação no diálogo franco e crítico com professores e colegas. Porque o artista hoje em dia – e já faz tempo! – deixou de ser um mero artesão. Ele é um intelectual fundamental para a sociedade e, portanto, sua formação deve conter não apenas as especialidades técnicas (se ele julgar necessário) mas, sobretudo, o estudo, o debate e a crítica.

6. Qual a sua opinião sobre a crítica fotográfica feita hoje no Brasil?

Penso que a crítica, de uma maneira geral, está em baixa. Nós, no Brasil estamos percebendo que, nos jornais, a crítica cedeu lugar para o release ou o “achismo” de repórteres nem sempre bem formados. A crítica migrou para a universidade e lá permanece em grande parte alijada de um contato mais produtivo com a sociedade. No campo específico da fotografia é interessante notar como grande parte do que se escreve parte de preconceitos e de opiniões meramente pessoais sem nenhuma densidade maior.

8. E qual o lugar da fotografia na arte contemporânea brasileira?

Eu não vejo um “lugar” para a fotografia na arte contemporânea. Creio que a arte contemporânea é fotográfica.

7. Você também integra a comissão de seleção do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Qual a importância de projetos dessa natureza – que não se encerram enquanto prêmio e envolvem atividades de formação – na cadeia (produtiva, acadêmica, profissional) da fotografia brasileira?

Penso que toda iniciativa que busca pensar na formação profissional de jovens de talento deve ser valorizada. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, a meu ver, redimensiona os aspectos meramente burocráticos que atividades como essas costumam ter, para buscar, de fato, intervir nos rumos profissionais da juventude ou daqueles que estão começando na carreira. Considero isso um valor positivo e que merece ser apoiado.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

Arte que nasce do azul

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> Imagens derivadas da Cianotipia ou “blueprint”

A cianotipia, um dos mais antigos processos de impressão fotográfica, seduz o olhar do fotógrafo Eduardo Kalif há mais de dez anos. A técnica exige paciência. Banhada na luz do sol por longos minutos, imersa em sais de ferro, a folha de papel é lavada com cuidado em água corrente. Ao secar, origina imagens marcadas por um azul saturado, intenso, vívido. “Os processos fotográficos artesanais do século XIX são excelentes provocadores estéticos contemporâneos, com enorme potencial de expressão plástica para o fotógrafo ou artista visual”, destaca Kalif.

Convidado do II Prêmio Diário Contemporâneo de fotografia – “Crônicas Ubanas”, ele ministra a partir de hoje a oficina “Processos da Cianotipia”, que apresentará a técnica também conhecida como “blueprint” a alunos de arte, fotógrafos profissionais e amadores, trabalhando o conceito de educação ambiental patrimonial.

PESQUISA

O interesse pela cianotipia – a “alquimia luminosa”, como o próprio fotógrafo define – não veio simplesmente como curiosidade histórica, mas a partir da possibilidade da sua utilização como recurso para discussão crítica da imagem. “Entendendo a produção da fotografia, compreendendo a tecnologia que a concebe, você se torna um pouco mais capaz de avaliar os processos ideológicos que a motivam e refletir historicamente seus usos sociais e midiáticos”, defende.

A pesquisa começou na Fundação Curro Velho – onde Eduardo trabalhou por 17 anos à frente da gerência de audiovisual – e foi aprofundada no Instituto de Artes do Pará, onde o artista foi bolsista por duas vezes. Para Kalif, foram oportunidades imprescindíveis na sua trajetória com a livre experimentação. Em 2006, ele desenvolveu o projeto “Identidades Refletidas”, que resultou em trabalhos em grande formato, compostos por imagens “fotografadas cianotipicamente” de pessoas do entorno do centro comercial de Belém. Imagens gigantes em silhueta, enigmas impressos em anil.

“Ali, discutia-se a fotografia como identidade e identificação. Discutia-se também os suportes fotográficos e seus limites, além do conceito mesmo de fotografia, como linguagem liberta dos equipamentos tecnológicos”, explicita.

Outro aspecto suscitado pelos processos artesanais, completa Kalif, é a questão do “momentum fotográfico”, o intervalo de tempo em que a fotografia é produzida ou o time em que é construída a imagem.

“Hoje tudo é tão instantâneo que não há tempo de avaliar e refletir sobre o que se faz. A produção de imagens chega aos zilhões por minuto, no mundo todo. São quase dez bilhões de olhos produzindo ou consumindo imagens.

Hoje quase todo mundo fotografa, no entanto, com pouco ou nenhum poder de proposição e transformação. Cabe agora ao educador visual redirecionar seu olhar para a possibilidade de provocar a reflexão: consumimos ou somos consumidos pelas imagens?”, questiona.

(Texto: Assessoria de  Comunicação)

A fotografia e o museu contemporâneo

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Na próxima quinta-feira, dia 10, o II Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inicia o ciclo de bate-papos com “A Fotografia e o Museu Contemporâneo: curadoria e pesquisa”, trazendo a Belém o curador, pesquisador e crítico de arte Tadeu Chiarelli (foto). Considerado um dos mais atuantes curadores de arte brasileira contemporânea, Tadeu discutirá assuntos como a inserção cada vez mais forte da fotografia na arte contemporânea e o papel cultural que exerce o museu de arte hoje.

A conversa com o público, que inicia às 19h no Museu da UFPA, será conduzida pela crítica e curadora paraense Marisa Mokarzel. Tadeu Chiarelli também é professor do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e esteve à frente do MAM-SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo entre 1996 e 2000. Tem se dedicado nos últimos anos à pesquisa sobre fotografia na história da arte.

No encontro com o público, Chiarelli irá apresentar obras que fazem parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-SP) e como este acervo está sendo repensado no novo projeto de mudança espacial do MAC – um dos maiores e mais recentes projetos de museu contemporâneo no Brasil.

PARTICIPE

Bate-papo “A Fotografia e o Museu Contemporâneo: curadoria e pesquisa”, com Tadeu Chiarelli. Mediação: Marisa Mokarzel. Nesta quinta-feira (10), às 19h, no Museu da UFPA. Entrada Franca. Informações: 3224-0871. www.diariocontemporaneo.com.br. Twitter: www.twitter.com/premiodiario

(Texto: Assessoria de  Comunicação)