Paula Sampaio realiza último debate do 11º Diário Contemporâneo

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Diário Contemporâneo encerra 11ª edição

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Foi em um ano marcado pelo inesperado que o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia realizou a sua 11ª edição. Inauguradas em outubro, as mostras Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, com curadoria convidada de Rosely Nakagawa, e O Lago do Esquecimento, individual de Paula Sampaio, com curadoria de Mariano Klautau Filho, encerram as suas visitações às 14h deste domingo (20), no Museu do Estado do Pará.

Reinvenção e adaptação fizeram parte da dinâmica do projeto, assim como da vida de todos. “Conseguimos realizar o Prêmio com toda a infraestrutura que ele merece e sempre teve apesar de todas as dificuldades, o que já é uma grande vitória. Infelizmente fomos impedidos pela pandemia de realizar plenamente o trabalho de visitação das escolas, que é um dos pontos mais importantes do projeto, no qual nossa ação educativa tem feito um belo trabalho com os monitores em diálogo com os artistas para a preparação do trabalho no espaço expositivo. Quem teve a oportunidade de visitar presencialmente a exposição pôde ver o empenho e o envolvimento de nossos educadores. Os debates online e o tour virtual foram adaptações fundamentais frente à pandemia”, observou o curador do projeto, Mariano Klautau Filho.

Público observa a mostra montada no MEP com curadoria convidada de Rosely Nakagawa. Foto: Irene Almeida

As edições do Diário Contemporâneo são estruturadas com antecedência e ocorrem no primeiro semestre do ano. Com a pandemia, foi necessário um novo olhar para que ele pudesse persistir e ser realizado. “Os constantes adiamentos do cronograma do projeto nos causaram transtornos sim, mas foi necessário para que decidíssemos o momento certo de realizá-lo no contexto delicado da pandemia. A persistência é um índice de que o Diário Contemporâneo se consolida como um projeto importante de artes na pauta da cidade e do circuito nacional”, destacou.

Sobre isso, a artista convidada desta edição, Paula Sampaio, também tem um olhar atento que ressalta a importância da arte na vida das pessoas. “É interessante vivenciar uma crise, né? Um jogo de recuos e avanços, isso gera potências. Então, penso que a equipe do Prêmio, os realizadores e patrocinadores, ao assumirem o desafio que esse momento contém, demonstram uma inteligência sensível. A criação nos ajuda a manter o equilíbrio emocional, precisamos desse ‘abraço criativo’ agora, tenho certeza que está sendo muito bom para os artistas também. Num momento como esse, essa possibilidade de partilha é como voltar à tona e respirar depois de um longo mergulho no escuro”, disse.

Paula Sampaio, artista convidada desta edição, com sua publicação que saiu encartada no Jornal Diário do Pará. Foto: Irene Almeida

Medidas de segurança e saúde, mostra virtual, conversas e encontros realizados de forma online. Tudo isso nesta 11ª edição que representou o início de um novo ciclo do projeto, após uma década de atividades. Agora, o que levar de todo esse momento? “Mais importante ainda é que, apesar de tudo, iniciamos duas experiências fundamentais para a continuidade do projeto: o comitê que elaborou o programa de discussões, os convidados e as discussões que foram trazidas para dentro do debate curatorial do projeto e; também, a curadoria convidada que inauguramos a partir desta edição com outras abordagens que dinamizam a experiência conceitual do projeto. O que a gente vai levar é a continuidade das participações de outros curadores e a reflexão que nossos convidados nos debates trouxeram para processos de mudança necessários ao desenvolvimento do projeto iniciado neste 2020 tão conturbado”, finalizou Mariano.

360º da fotoinstalação de Suely Nascimento na Mostra Virtual. Foto: Divulgação.

EXPOSIÇÃO VIRTUAL

Fisicamente as exposições encerram a visitação hoje, mas a Mostra Virtual permanecerá acessível no site do projeto para todos que desejarem fazer um passeio sem sair de casa. Basta acessa o link: http://www.diariocontemporaneo.com.br/tour-virtual/

SERVIÇO: Diário Contemporâneo encerra 11ª edição. Data: 20 de dezembro de 2020. Horário: 09 às 14h. Local: Museu do Estado do Pará. Endereço: Praça Dom Pedro II, s/n – Cidade Velha. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE. Informações: (91) 98367-2400,  diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.

A Elegia Visual de Zé Barreta

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Elegia Visual, trabalho de Zé Barreta, não é exatamente um ensaio é, antes de mais nada, um lamento. Editado a partir de trabalhos documentais que perpassam a cidade, não pretende constituir um tema propriamente dito, nem um local específico. Sua geografia é outra e está inscrita na imagem apenas e no diálogo possível entre elas.

O artista foi selecionado para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.

Zé Barretta. Foto: Irene Almeida

Confira o seu depoimento:

A minha vivência é no fotojornalismo e no documentarismo. Eu venho fazendo trabalhos documentais há mais de 10 anos e todos com tema, lugar ou questão específica, especialmente em São Paulo, que é de onde eu sou. Para realizar esse trabalho foi feito, na verdade, um exercício de edição. Eu voltei para os arquivos, mas agora sem a preocupação de formar um tema definido e sim de ver como, ao longo desses 10 anos de documentarismo, as imagens dialogavam entre si.

Eu já venho fazendo isso desde o ano passado e quando eu veio o tema do Prêmio, achei de casava bem e fazia essa ligação. Por não ter um tema, esse meu trabalho vai para um lado, posso dizer assim, pessoal. As imagens vão falando e dando outros significados. Eu fiquei muito feliz que fui selecionado.

Essa pausa para olhar os arquivos ocorreu também agora, em 2020, mais intensamente, mas o começo do exercício veio do ano passado.

Nesse ano maluco, eu fotografei uma São Paulo vazia, algo que eu, como fotodocumentarista, nunca tinha visto na vida, mas também produzi em casa. Eu fotografei meu filho e fui mostrando um pouco dessa loucura que é ficar o tempo inteiro você e uma criança trancados dentro de casa.

Então, a questão dos arquivos só se aprofundou e tem muita coisa ainda para mergulhar.

Eu acho que, se tem um legado dessa pandemia, é entender que sim, as nossas tecnologias são muito úteis para conexão, mas nada substitui o encontro. As artes sofreram muito com esse recolhimento forçado porque as obras precisam desse encontro com o público.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

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Beto Skeff apresenta os campos de concentração do Ceará

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Nos anos de 1915 e 1932, duas secas extremas assolaram o sertão cearense provocando migrações em massa do interior em direção à abastada Fortaleza na busca pela sobrevivência. Temendo que grande contingente de famílias “invadisse” a Capital, o governo criou espaços chamados Currais do Governo, que se assemelhavam aos campos de concentração – no entanto, antes mesmo da Segunda Guerra Mundial. Beto Skeff em “Currais das Almas”, conta que lá amontoavam-se os cidadãos que as autoridades denominavam de “flagelados”. Prometendo-lhes trabalho e comida, os sertanejos eram conduzidos para os miseráveis Currais à espera do tempo melhor. Estima-se que 73.000 pessoas foram confinadas sob condições extremamente precárias, o que resultou em muitas de mortes.

O artista foi selecionado para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.

Currais das Almas, de Beto Skeff, artista selecionado

Confira o seu depoimento:

Eu nasci no sertão do Ceará, numa cidadezinha muito próxima da cidade onde ficavam dois campos de concentração. Durante a minha vida toda, não ouvi relatos, não tive nenhum professor de história que nos levasse lá ou trouxesse esse tema para a gente durante os 17 anos que eu morei lá. É sério isso de apagar a história.

Aí quando foi em 2017, o Fernando Jorge, que também foi selecionado nesse ano e que tem uma pesquisa muito forte sobre a questão do apagamento, me levou para conhecer o campo de concentração de Senador Pompeu. Esse é o único campo que tem uma edificação, ela foi construída antes da chegada dessas pessoas por uma companhia inglesa sem nada a ver o assunto. Aí essa estrutura foi reaproveitada.

Hoje em dia já existe um resgate dessa história e, de uns anos para cá, essa história começou a ser recontada mais por iniciativas particulares do que por iniciativas governamentais e institucionais.

Tudo isso tem uma relação, por incrível que pareça, com o que a gente está vivendo agora. As questões do isolamento, da ‘história oficial’ e da existência de uma força governamental que esquece as pessoas estão presentes até hoje.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

Henrique Montagne e o bonde chamado desejo

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Em Um bonde chamado desejo, Henrique Montagne se apropria de fotografias de casais queer de épocas distintas e significativas do começo do século XX. 

As imagens foram achadas na internet e nelas ele cria, através do texto, uma possível narrativa ficcional, mas que poderia ser real em mundo onde as estruturas machistas e homofóbicas do patriarcado não tivessem sido instauradas. 

O artista foi selecionado para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.

Henrique Montagne e Rosely Nakagawa, curadora convidada da edição. Foto: Irene Almeida

Confira o seu depoimento:

Esse trabalho é uma pesquisa que eu já venho realizando, que faz parte da minha pós e que traz a questão dos relacionamentos afetivos, principalmente os relacionamentos queers.

Dentro dessa pesquisa, falar de relacionamento é também falar de história. Eu falo dessa construção dos corpos e dos amores que foram invisibilizados por essa história que a gente possui hoje, que é patriarcal e que escondeu essas narrativas.

A intenção desse trabalho é justamente focar de uma forma mais poética mas, ao mesmo tempo, crítica e política em como poderiam ser possíveis essas histórias, narrativas e imagens na nossa contemporaneidade. Por isso que brinco com essas referências da cultura pop e da literatura.

Eu fico muito feliz dele estar no Prêmio porque é um trabalho, não somente delicado, mas que também aguça essa outra perspectiva que é a de criticar.

Não é só um sonho, poderia ser realidade. É voltar ao passado para construir um novo futuro.

O texto junto das imagens é fundamental. A composição do texto com a imagem é o que constrói esse trabalho. Ele não é só a apropriação das imagens, é a composição dessa narrativa que é visual e textual. São pequenas histórias no paspatour que convidam a pessoa a olhar mais de perto

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

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O retrato do que o corpo fala nas imagens de Karina Motoda

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“3X4”, série de Karina Motoda, é uma alusão direta às tradicionais fotografias utilizadas em documentos oficiais. No entanto, enquanto tais fotos padronizam os retratados, colocando-os na mesma posição, mostrando apenas os seus rostos e determinando a expressão que devem passar, a série parte em outro caminho. 

Ela busca propor questões de como nossas identidade e emoções podem ser expressas e o quanto as deixamos transparecer sem que sequer nos demos conta.

A artista foi selecionada para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.

Karina Motoda e Rosely Nakagawa, curadora convidada desta edição, na abertura da exposição. Foto: Irene Almeida

Confira o seu depoimento:

O trabalho surgiu de uma proposta na faculdade. Eu fazia uma disciplina que tinha fotografia analógica. Aí resolvi trabalhar com formatos pequenos e retratos. 

Quando eu vi o resultado, percebi que lembrava muito as fotos 3×4, mas eu tentava não ficar presa naquela pose padrão. Então, fazia fotos do corpo inteiro, de movimentos diferentes para mostrar que o corpo todo pode comunicar a identidade e os sentimentos da pessoa.

Associamos muito o rosto com as emoções, mas o corpo inteiro diz algo.

Eu gostei muito do nome da exposição falar de “pensamentos imperfeitos” porque eu queria trazer isso no trabalho. Por exemplo, se a fotografia é 3×4, nós somos obrigados a ficar sérios enquanto nos outros retratos sempre buscamos mostrar o nosso melhor lado e a nossa felicidade.

Nós temos sentimentos e colocamos valores neles, mas não existe certo e errado.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

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Paula Sampaio conversa com o público sobre O Lago do Esquecimento

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O 11º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia encerra o seu ciclo de debates com Paula Sampaio, artista convidada desta edição. A conversa “O Lago do Esquecimento e os esquecimentos” ocorre neste sábado (19), às 17:30h, e contará com a mediação de Mariano Klautau Filho e Alberto César Araújo, fotógrafo e pesquisador amazonense, mediador especialmente convidado para acompanhar o curador do projeto no debate. O encontro terá a transmissão ao vivo pelo canal do YouTube do Diário Contemporâneo.

Na ocasião, “a fotógrafa conversará sobre o conjunto de trabalhos que constituem a sua exposição individual “O Lago do Esquecimento”, realizada especialmente para a 11ª edição do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, assim como sobre seu trabalho fotográfico desenvolvido desde os anos 1980 sobre as grandes estradas que cortam a Amazônia e as populações e cidades que foram se formando no traçado dessas rodovias. Serão tratados também temas como a preservação e a difusão das imagens contemporâneas da região e seus acervos e arquivos”, explicou Mariano Klautau Filho, curador do projeto e da exposição da artista convidada.

Paula Sampaio. Foto: Miguel Chikaoka

FINITUDE E FRAGILIDADE

O Lago do Esquecimento é um projeto que traz a denúncia e a reflexão sobre os impactos que o “desenvolvimento” traz na vida das pessoas. Uma comunidade existia com suas histórias, vivências e sonhos onde hoje é o lago sem vida da hidrelétrica de Tucuruí. Lançado no formato de livro 2013, o Lago continua a reverberar até hoje.

“Estamos vivendo um momento único da humanidade, fomos todos profundamente afetados por essa pandemia que nos levou a rever nossas formas de vida. E esse trabalho fala da finitude e fragilidade dessa vida terrena para todos os seres e também dos novos começos que surgem diante das ‘mortes’ e esquecimentos que nos atravessam cotidianamente, questões que estão pairando sobre nós e também estão presentes nessa edição do Prêmio. Nesse sentido, no texto que apresenta esse trabalho escrito por Mariano Klautau Filho existe uma indagação muito instigante e pertinente, a partir de tudo que vemos e sentimos, ele lança a pergunta, afinal ‘o mundo ainda é bonito?”, refletiu a artista.

Sobre ter o ensaio de Paula Sampaio nesta edição, o curador observou que é de “toda a importância por no mínimo três razões: mostra a dimensão formal trágica que tem o trabalho da Paula, a contundência com que ela tratou o episódio do Lago de Tucuruí como uma floresta fossilizada e, em especial, a urgência do tema quando a Amazônia e as florestas brasileiras têm sido tratadas com um plano de destruição pelo atual governo federal”.

Mariano Klautau Filho e Paula Sampaio observam a publicação da artista que saiu encartada no Jornal Diário do Pará. Foto: Irene Almeida

Na exposição, as imagens estão presentes em mais de um formato. Além das fotografias também existem carta, mapa, projeção e um encarte especial preparado pela artista. Tudo isso gera novas ideias e reflexões. “Está sendo muito bom para mim ver essa edição das fotografias do Lago se relacionando com os outros trabalhos que são desdobramentos (Árvore) ou estão na origem desse projeto (Antônios e Cândidas). Fiquei especialmente feliz com a impressão e veiculação encartada no Jornal Diário do Pará do caderno ‘Antônios e Cândidas têm sonhos de sorte’. Ver as pessoas que fotografei e que me contaram suas histórias de vida ocupando esse espaço era um sonho da fotojornalista que sempre fui. Essa ideia materializada, por exemplo, já está gerando outros desdobramentos”, contou Paula.

A exposição que está montada no Museu do Estado do Pará é resultado de um processo de muito diálogo e colaboração. “É a primeira vez que a fotógrafa reúne um conjunto expressivo do material do lago de Tucuruí em uma exposição. Creio que o trabalho merecia ser exibido em um espaço como o MEP. Estou muito contente com o resultado”, disse o curador.

Mariano ainda acrescentou que “o encarte era um sonho antigo da Paula. Fiquei muito contente em contribuir com a realização desta peça, porque o suporte do encarte jornalístico é um meio que ela conhece muito por ter trabalhado no fotojornalismo impresso. Além de reunir uma somatória de suas experiências com os relatos dos moradores das várias regiões que ela fotografou ao longo das décadas, se transformou em sua primeira publicação de artista que foi para as bancas encartada em um jornal diário. Isso tem uma força e coerência muito importantes do ponto de vista conceitual do trabalho da Paula. A projeção também se revela como abrangência do seu trabalho documental já que se trata de um dos vídeos que performam um ato político, uma espécie de ação artística na paisagem do lago. São processos que já fazem parte do trabalho e que ganharam destaque nesta exposição”, finalizou.

O Lago do Esquecimento, de Paula Sampaio, artista convidada nesta edição.

BIOGRAFIAS

Paula Sampaio nasceu em Belo Horizonte e migrou para a Amazônia ainda criança com a família. Formou-se em Jornalismo pela UFPA e atuou como fotojornalista por muitos anos. Ocupação, colonização da região, memórias orais e patrimônio imaterial são alguns dos temas recorrentes em seu trabalho. Suas séries são reflexões sobre a natureza e a fragilidade dos seres. Atualmente é responsável pelo Núcleo de Fotografia do Centro Cultural Sesc Ver-o-Peso e continua desenvolvendo seus projetos. No momento, dedica-se a organizar seu arquivo pessoal.

Alberto César Araújo é graduado em Comunicação Social pelo Centro Universitário do Norte, Uninorte-Laureate e mestre pelo Programa de Pós-graduação de Letras e Artes, Universidade do Estado do Amazonas, UEA. Repórter fotográfico desde 1991, atuando em veículos de imprensa nacional e internacional. É editor de Fotografia da agência de jornalismo independente Amazônia Real, é também um dos ”nominators” do Programa 6X6 Global Talent da Fundação World Press Photo.

ÚLTIMOS DIAS DE VISITAÇÃO

As mostras Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, com curadoria convidada de Rosely Nakagawa, e O Lago do Esquecimento, individual de Paula Sampaio, com curadoria de Mariano Klautau Filho, seguem abertas ao público até 20 de dezembro, no Museu do Estado do Pará. A visitação presencial que deve ser agendada pelo site www.diariocontemporaneo.com.br.

SERVIÇO: Paula Sampaio conversa com o público sobre O Lago do Esquecimento. Data: 19 de dezembro de 2020. Horário: 17:30h. Local: canal do YouTube do projeto. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE. Informações: (91) 98367-2400,  diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.

Os diálogos familiares de Melvin Quaresma

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Em Diálogos familiares, Melvin Quaresma fotografa a casa da avó materna em todas as viagens que faz até Belém, sua terra natal. Tornaram-se personagens da série suas primas e primos, que agora brincam, convivem e crescem num espaço que também foi pátio de sua própria infância.

O artista foi selecionado para a mostra Vastas Emoções e Pensamento Imperfeitos.

Melvin Quaresma. Foto: Irene Almeida

Confira o seu depoimento:

Quando comecei a fotografar, isso por volta de 2012, eu percebi que gostava muito de fotografar pessoas, mas, ao mesmo tempo, eu sou muito tímido. Eu experimentei muito, mas o que mais gostei de fotografar era exatamente aquilo que eu tinha mais dificuldade: gente. Foi aí que comecei a fotografar a minha própria família.

Eu sou paraense, mas quando iniciei na fotografia já morava no Sul. Então, quando eu vinha visitar a minha família aqui, via que era um lugar em que eu estava sempre muito à vontade, pois era na casa da minha avó, que é o lugar onde eu cresci, com todas as pessoas que conheço.

Eu fui exercitando a minha fotografia assim e ela foi chegando em um ponto muito de saudade mesmo, de fotografar a infância dos meus primos como se estivesse fotografando a minha própria infância, fotografando lembranças muito fortes que eu tenho. Fui fazendo fotografia com esse sentimento de pertencimento em um lugar que também é muito meu, que é a casa 913, a casa da minha avó.

Nesse trabalho que está no Diário Contemporâneo, eu conversei com as minhas primas sobre várias fotos que eu tinha feito ao longo desses anos. Nós entramos em assuntos sensíveis, engraçados, tristes e em outros bem do tipo conversa de primo mesmo. 

Assim, se criou uma outra coisa que são as fotos junto das conversas. Eu deixei o gravador rodando, então ele gravou horas de papo.

Eu acho que as conversas transformaram tudo o que eu já tinha feito para caminhos que jamais poderia imaginar. Depois que as minhas primas me dizem algo sobre a foto, a imagem não é mais só uma foto, ela se transforma na mistura do que ela representa para cada um de nós.

Ressignificamos várias imagens juntos.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

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As flores da casa de Anna Ortega

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A casa, para Anna Ortega, artista que levou o Prêmio Residência Artística Belém, sempre foi um ambiente de acolhida. Não há casa sem flores é um projeto ainda em andamento no qual ela mergulha neste lugar simbólico. 

A artista fará a residência artística em Belém com a orientação de Alexandre Sequeira em 2021.

Anna Ortega. Foto: Divulgação.

Confira o seu depoimento:

Eu sou uma mulher criada por mulheres. Fui criada pela minha mãe, minha avó e pela minha tia. Quando eu nasci, a minha primeira noite no mundo foi com a minha avó, dormindo nos braços dela. A minha casa sempre foi uma casa de mulheres.

Aos poucos eu fui me interessando pela fotografia, pelo vídeo, pela imagem e pela expressão. Eu sempre me interessei pelo cotidiano e pelo que era ordinário, o que era miúdo.

Ano passado, em 2019, eu comecei esse trabalho que se chama “Não há casa sem flores”. O título vem de um hábito que nós temos, herdado da minha avó, que é o de sempre cultivar flores em casa e sempre ter um vaso com flores.

Desde o ano passado eu venho documentando essa minha casa e as mulheres dela a partir de retratos. A princípio, era um trabalho estritamente fotográfico documental da casa, do cotidiano, do nosso elo. 

Nós somos muito juntas e isso é uma coisa que vem atravessando o trabalho. Nós temos um corpo nosso comum que é de muito amor e muito afeto. Esse cuidado e esse carinho que me levaram a querer entender as imagens que isso podia trazer.

O que apareceu aos poucos no processo foi o interesse em trazer o vídeo também para o trabalho. O vídeo que está na exposição deste ano do Diário Contemporâneo é uma reunião de vários vídeos que fiz no ano passado, nos quais eu sento à mesa e começo a gravar da perspectiva das flores do vaso que fica sempre nela.

Eu observo e ouço essas conversas, além de estar presente conversando. 

Foi uma forma diferente que eu encontrei para além do retrato da fotografia, mas que não deixa de ser um retrato também. É uma forma diferente de retratar, fazendo isso ao compartilhar um momento. Meu interesse foi o de entender esse cotidiano, além de ouvir e ver os gestos dele.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE.

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Diário Contemporâneo aborda os totalitarismos em rede

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O 11º Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia entra na reta final da sua programação de debates. As professoras Lucia Santaella (PUC/SP) e Val Sampaio (UFPA) integram a mesa “Totalitarismos em rede: imagem e opressão”, com mediação de Heldilene Reale. O encontro será na quinta-feira (17), às 19:30h e terá a transmissão ao vivo pelo canal do YouTube do Diário Contemporâneo.

Lucia Santaella (Foto: Divulgação), Val Sampaio (Foto: Divulgação) e Heldilene Reale (Foto: Natan Garcia)

As imagens em rede colocam os diversos discursos ao alcance de todos, inclusive as ideologias extremistas que reforçam violências e opressões.

“O tema em questão propõe refletirmos sobre a apropriação das imagens na cultura tecnológica no atual contexto, ressaltando os fenômenos de retorno às políticas extremistas conservadoras engendradas pelas dinâmicas em rede. Simbologias nas redes sociais são criadas para legitimar um discurso. Imagens e discursos intensamente compartilhados. A tecnologia nos apresenta infinitas possibilidades de produção, acesso e movimentação de imagens: memeshashtags, arrobas, gifs, filtros, temas em fotos de perfis,… ‘Viralizar’ a imagem agrega a instantaneidade  da assinatura de um discurso em rede, em ações democráticas ou totalitárias, em imagens que oprimem ou são oprimidas”, explicou Heldilene sobre questões que serão debatidas na programação que integra o eixo “Superfícies das imagens: estamos mergulhando?”, proposto por ela.

Val Sampaio fará a palestra “Sobre a existência das imagens e dos objetos técnicos” na qual irá refletir sobre a relação da humanidade com as imagens e os objetos digitais em um mundo saturado pela técnica/tecnologia, bem como o novo modelo de negócios das empresas baseadas na internet.

Já Lucia Santaella falará sobre o tema proposto pelo projeto a partir de suas pesquisas sobre comunicação tecnológica no contexto da rede como um grande conjunto de dados que pautam nossos comportamentos. Ela observa que, na transição da cultura de massa para a cultura digital, a convergência de mídias traz outras formas de consumo e produtos culturais.

BIOGRAFIAS

Lucia Santaella é pesquisadora 1 A do CNPq, professora titular na pós-graduação em Comunicação e Semiótica e coordenadora da pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (PUCSP). Doutora em Teoria Literária pela PUCSP e Livre-docente em Ciências da Comunicação pela USP. Fez repetidos estágios de pós-doutorado no exterior e foi professora e pesquisadora convidada em várias universidades europeias e latino-americanas. Já levou à defesa 248 mestres e doutores. Publicou 51 livros e organizou 24, além da publicação de quase 500 artigos no Brasil e no exterior. Recebeu os prêmios Jabuti (2002, 2009, 2011, 2014), o prêmio Sergio Motta (2005) e o prêmio Luiz Beltrão (2010).

Val Sampaio é artista visual, produtora e curadora independente. Tem experiência na área de produção, pesquisa em poéticas e crítica em Artes, com ênfase em arte contemporânea, design e novas mídias. Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica (PUC/SP) e Pós-Doutorado em Poéticas Digitais (ECA/USP). Atualmente é professora adjunto da Universidade Federal do Pará, na Faculdade de Artes Visuais do Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA). Professora, artista-pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Artes – do PPGARTES/UFPA.

Heldilene Reale é doutora em Artes (UFMG) e mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura (UNAMA). Sua trajetória artística desenvolvida desde 2005, vincula um processo que envolve aspectos da memória, patrimônio, narrativas orais, percursos de viagens e conflitos na Amazônia, utilizando multilinguagens. Atualmente atua como artista, pesquisadora e realiza curadoria na galeria do espaço cultural Candeeiro.

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As mostras Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, com curadoria convidada de Rosely Nakagawa, e O Lago do Esquecimento, individual de Paula Sampaio, com curadoria de Mariano Klautau Filho, seguem abertas ao público até 20 de dezembro, no Museu do Estado do Pará. Esta é a última semana para a visitação presencial que deve ser agendada pelo site www.diariocontemporaneo.com.br.

SERVIÇO: Diário Contemporâneo aborda os totalitarismos em rede. Data: 17 de dezembro de 2020. Horário: 19:30h. Local: canal do YouTube do projeto. O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia é uma realização do jornal Diário do Pará com apoio institucional do Museu do Estado do Pará, do Sistema Integrado de Museus, SECULT e do Museu da UFPA; colaboração da Sol Informática, patrocínio da ALUBAR e patrocínio master da VALE. Informações: (91) 98367-2400,  diariocontemporaneodfotografia@gmail.com e www.diariocontemporaneo.com.br.