A valorização do processo e das trocas na oficina de Dirceu Maués

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Por: Debb Cabral

A manhã do último sábado (09), marcou o início da oficina “Horizonte Reverso”, com Dirceu Maués, pelo VII Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, como um momento de trocas, sejam elas sobre a fotografia, seu processo e a vontade de fazê-la.

Dirceu falou sobre sua trajetória artística, destacando a fotografia pinhole, que o interessou muito por trabalhar com um processo mais artesanal. Ele, que estava fora da academia, se dedicando somente ao trabalho fotográfico, contou que “voltar a universidade foi muito importante, porque ajuda muito você ouvir o outro. Esse espaço de discussão está sendo fundamental”.

Foto: Joseh Leandro Miranda
Foto: Joseh Leandro Miranda

O artista desenvolve um trabalho autoral que mescla as áreas da fotografia, da instalação, do cinema e do vídeo. A base da sua pesquisa é a construção de câmeras artesanais e utilização de aparelhos precários.  “Meu trabalho está num momento em que eu não uso o dispositivo para fotografar, o dispositivo que vira o próprio trabalho por meio de instalações e da inserção delas nos espaços expositivos e na própria cidade”, disse.

A instalação “Horizonte Reverso”, que dá nome a oficina, foi vencedora, em 2015, do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. São várias câmeras escuras que formam um mosaico. Neste não há uma fragmentação, mas uma multiplicação da imagem. “O trabalho do Dirceu intervém na paisagem e mexe com o público”, observou Lucia Gomes, participante da oficina.

Essa obra, quando em contato com o público, o leva a olhar de uma forma completamente diferente e provoca reflexões, pois modifica o espaço e atinge de diferentes maneiras as pessoas. “É legal abrir o trabalho para quem está passando, não fazer a fotografia, mas abrir a imagem para as outras pessoas. A caixa acaba funcionando como um dispositivo para que as pessoas percebam aquela paisagem que ignoram todo o dia”, refletiu o fotógrafo.

O grande destaque da obra “Horizonte Reverso” é o processo, seja ele de pré ou pós-produção. As dificuldades de montagem das caixas resultaram na busca constante de alternativas, se na edição anterior a obra foi feita com caixas de papelão recicladas, este ano ela será montada com compensado, também reutilizando uma madeira que já tem uma história anterior.

>>Veja imagens dos dias seguintes. Fotos: Dirceu Maués.

Os dois dias seguintes da oficina (10 e 11) serão dedicados a essa montagem coletiva, na qual Dirceu compartilhará seu processo criativo. O resultado será visto durante as mostras desse ano, montado no arco de entrada do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas. Dessa maneira, quem até mesmo quem olhar de fora, da praça, poderá ver a parede de caixas e as imagens que se formam. A obra integra a Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia.

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